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Princípios da Prescrição

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Conceitos

A prescrição médica deve ser individualizada e revista diariamente ou com mais frequência, conforme a avaliação clínica.

No intuito de facilitar sua elaboração, este aplicativo conta com diversos modelos de prescrição, que devem ser adaptados às situações clínicas reais, considerando as individualidades de cada paciente (idade, sexo, comorbidades, peso e condição socioeconômica).

Prescrição de Admissão

    Listar com clareza:
  • Hipóteses diagnósticas;
  • Número de dias de internação e de cateteres implantados que necessitam de trocas periódicas (arteriais, venosos e urinários);
  • Determine a dieta:
    • Todo médico precisa ter conhecimento sobre dieta oral ou por CNE (cateter nasoenteral). Várias opções são disponíveis, de acordo com o caso: dieta oral livre, dieta oral para HAS ou DM, dieta oral hiperproteica, dieta oral líquida de prova (até 300 mL de líquido “ralo”), dieta oral líquida restrita (todos os tipos de alimentos líquidos), dieta oral líquido pastosa (inclui sopa rala), dieta oral pastosa (alimentos batidos no liquidificador), dieta oral branda;
    • Quando por CNE, especificar a quantidade; iniciar com pouco e evoluir diariamente (ex.: 300 mL - 600 mL - 900 mL - 1200 mL - 1500 mL - 1800 mL). A dieta por CNE deve ser infundida em BIC (bomba de infusão continua) em 24 horas. Oferecer água livre pelo CNE para completar a hidratação diária necessária para o paciente (ex.: 200 mL de água filtrada pelo CNE de 6/6 horas);
    • O esclarecimento sobre formulações de nutrição parenteral total está disponível em literatura especializada;
    • Todo paciente em dieta zero deve receber o mínimo de calorias diárias para não entrar em cetose de jejum (~400 kcal). O soro glicosado 5% extravasa para o terceiro espaço quando administrado puro, principalmente em pacientes desidratados. Além disso, existe a necessidade diária básica de eletrólitos;
    • As duas formas mais usadas de hidratação venosa (HV) são SG 5% com acréscimo de sais ou soluções cristaloides com acréscimo de glicose. Lembre-se sempre de não “encharcar” o doente (hipervolemia - cuidado com cardiopatas, hepatopatas) e também de não desidratar o doente (paciente com vômitos, diarreia ou em preparo de cólon usando manitol, por exemplo);
    • Em pacientes com hipertensão intracraniana, preferir soluções concentradas (ex.: 200 mL de glicose 50%/dia fornecem 400 kcal);
  • Hidratação, quando necessária;
  • Número de dias de uso de certas drogas (ex.: antibióticos, quimioterápicos);
  • O antibiótico (ATB) deve ser sempre bem-indicado, para evitar a pressão seletiva e a consequente resistência bacteriana, procurando-se a melhor escolha para o foco mais provável de infecção. Sempre que indicado, “culturar” o paciente antes de introduzir um ATB (urinocultura, duas ou três amostras de hemocultura, trocar e culturar ponta de cateter profundo, cateter vesical, fazer radiografia de tórax, colher SWAB de secreção, escarro) e depois descalonar o ATB de acordo com o resultado do antibiograma;
  • Sempre registrar na prescrição o tempo previsto de uso para o ATB de escolha (D1/7, ou seja, o primeiro dia de uso para um total de sete dias de tratamento, evoluindo diariamente, desta forma: D2/7, D3/7 até D7/7). Atentar para nefropatas e idosos, que possuem o clearance de creatinina abaixo do normal e, por isso, não conseguem excretar o ATB no intervalo habitual, necessitando de doses corrigidas, calculadas pelo clearance atual.
    Medicações:
  • Destacar medicamentos antigos a serem suspensos (ex.: AAS em pacientes com sangramentos);
  • Drogas que devem ser iniciadas (diuréticos, antiarrítmicos);
  • Drogas profiláticas (doença tromboembólica, doença péptica, sedativos, medicação sintomática – antiemética, antitérmica e analgésica);
  • É útil solicitar uma cópia da receita do paciente ou as caixas dos remédios que usa em casa. Os mais comuns são os anti-hipertensivos, antidiabéticos orais ou parenterais, hipolipemiantes, antiagregantes plaquetários, anticoagulantes, anticonvulsivantes e anti-inflamatórios. A prescrição deve ser feita da seguinte forma:
    • Nome do medicamento – dose – via de administração (VO, IV, SC, VR, por CNE) – intervalo entre as doses (ou hora certa, se dose única);
    • Lembre que, conforme cada caso, alguns medicamentos devem ser temporariamente suspensos para não agravar o quadro clínico atual. Se o paciente usa qualquer remédio que possa ter causado ou que possa complicar os sintomas em curso, eles ficarão suspensos até segunda ordem.
    Cuidados adicionais:
  • Sinais vitais (intervalo necessário – ex.: 4/4 horas, 6/6 horas);
  • Curva térmica, quando indicado;
  • Mudar decúbito intervalo necessário (ex.: 2/2 horas);
  • Passar cateter nasogástrico, cateter nasoentérico, cateter vesical;
  • Aspirar VAS (vias aéreas superiores) de 4/4 horas;
  • Cabeceira elevada (45º);
  • Banho (no leito);
  • Monitorar diurese ou débito de drenos de 12/12 horas;
  • Balanço hídrico;
  • Anotar evacuações (frequência e aspecto);
  • Troca de curativo diário;
  • Cuidados gerais.

Escreva a prescrição com o máximo de atenção, porque é um documento com valor legal, que pode, inclusive, servir como uma prova contra você. Nunca rasurar nenhum item; se mudar qualquer coisa, escrever “digo”, e mudar o item.

Prescrevendo seu Paciente

Determine a dieta, considerando a capacidade de aceitação e as demandas metabólicas.

Determine o volume da hidratação venosa, quando necessário.

Prescreva as drogas em uso regular, depois as que devem ser iniciadas ou modificadas, seguidas das medicações profiláticas.

Checar toda a medicação quanto aos seus efeitos colaterais.

Evite prescrever medicações para serem usadas em caso de necessidade ("SOS"), como antieméticos, antitérmicos, analgésicos e sedativos, exceto se houver indicação. O ideal é que qualquer queixa do paciente seja avaliada pelo médico assistente, que, então, define a necessidade de prescrever ou não.

    Cuidados gerais:
  • Fisioterapia;
  • Mobilização fora do leito ou alternância de decúbito nos paciente acamados;
  • Proteção da região sujeita a formação de úlceras (ex.: dorso, quadril, calcanhar);
  • O intervalo necessário para aferição dos sinais vitais (TPR e PA);
  • Balanço hídrico e peso, em jejum, sempre que necessário.

Considerações Finais

  • Solicite novos exames e pareceres, quando indicados;
  • Avaliar diariamente os diagnósticos diferenciais e atualizar a lista de problemas.

Autoria principal: Gustavo Guimarães Moreira Balbi (Clínica Médica e Reumatologia).

    Equipe adjunta:
  • Gabriel Quintino Lopes (Clí­nica Médica e Cardiologia);
  • Lívia Pessôa de Sant'Anna Coelho (Clínica Médica e Hematologia).

Santi LQ. Prescrição: o que levar em conta? [Internet]. (Acesso em 29 de agosto de 2018).

Capucho HC. Uso racional de medicamentos: fundamentação em condutas terapêuticas e nos macroprocessos da assistência farmacêutica. Monitoramento e avaliação farmacoterapêutica: o medicamento fez efeito? Qual? [Internet]. (Acesso em 29 de agosto de 2018).