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Anticoagulação_ Heparinas e Anticoagulantes Orais

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Definição: Anticoagulação é a estratégia terapêutica que visa inibir a formação de trombos pelo processo de coagulação sanguínea anormal. As medicações anticoagulantes têm seu uso bastante difundido na prática clínica, em diversas situações do cotidiano (ex.: prevenção e tratamento de trombose venosa profunda e embolia pulmonar, prevenção de formação/embolia de trombos intracardíacos em pacientes com arritmias).

Mecanismo de ação: Inibe indiretamente a trombina ao atuar como cofator da antitrombina, aumentando sua atividade.

    Vantagens:
  • Rápido início de ação e depuração, permitindo um ajuste fino da posologia, assim como sua rápida interrupção quando necessário (ex.: sangramento);
  • Possibilidade de monitoramento do efeito terapêutico;
  • Não necessita de ajustes nos pacientes renais;
  • Tem antídoto.
    Limitações:
  • Curta janela terapêutica;
  • Relação dose-resposta altamente oscilante em razão de sua variável biodisponibilidade decorrente da ligação a proteínas plasmáticas, o que requer monitoramento laboratorial;
  • Menor eficácia em pacientes com doenças agudas, pois muitos dos reagentes inflamatórios de fase aguda são proteínas de ligação à Heparina, diminuindo sua biodisponibilidade;
  • Não pode ser usada pela via oral.

Monitoramento: A resposta anticoagulante de uma dose padrão de HNF varia amplamente entre os pacientes, sendo necessário monitorar a resposta de cada paciente, utilizando-se o tempo de tromboplastina parcial ativada (PTTa).

As medições devem ser realizadas inicialmente a cada 6 horas, inclusive após qualquer alteração de dose. O valor geralmente aceito como alvo de manutenção da terapia com Heparina é de 1,5-2,5x a média do valor de controle ou do limite superior do intervalo normal de PTTa. [cms-watermark]

    PTTa basal alargado: A presença de um PTTa basal alargado torna o teste pouco confiável no monitoramento da terapia com HNF, sendo necessária a utilização de testes alternativos de monitorização:
  • Dosagem sérica de antifator Xa ou de Heparina (não são afetados pela presença do anticoagulante lúpico ou por deficiência de fator de coagulação);
  • Se a razão do PTTa alargado for, de fato, o anticoagulante lúpico, podem ser usados testes de PTTa não sensíveis ao anticoagulante lúpico;
  • Alternativamente, em situações específicas, é possível utilizar uma Heparina de baixo peso molecular (HBPM), que não exige monitoramento pelo PTTa.

Monitorar contagem de plaquetas: Pelo risco de trombocitopenia induzida por Heparina, deve-se monitorar a contagem de plaquetas.

Resistência à Heparina: Corresponde a pacientes que necessitam de altas doses de Heparina para atingir um PTTa no intervalo terapêutico. As causas desse fenômeno incluem aumento da liberação de Heparina, aumento dos níveis de Heparina ligada a proteínas plasmáticas, elevações de fibrinogênio e dos níveis de fator VIII, uso de certos medicamentos e deficiência de antitrombina.

Preconiza-se que o ajuste da dosagem de Heparina em pacientes com resistência deva se basear nos níveis de anti-Xa, em vez do PTTa. Nos casos de deficiência de antitrombina, para a ação da Heparina, deve-se administrar concentrado de antitrombina e monitorar seu nível sérico. [cms-watermark]

Administração e eficácia: A administração de Heparina intravenosa é repleta de dificuldades, e a prática clínica do uso de uma abordagem de titulação da dose de Heparina frequentemente resulta em terapia inadequada (60% dos pacientes tratados falham em alcançar um PTTa adequado em 24 horas). Mesmo com a criação de protocolos de administração, subdosagem, junto com a impossibilidade de obtenção de um PTTa adequado durante as 24 horas iniciais, é ainda um problema, especialmente nos pacientes obesos.

Administração

    Apresentação:
  • Ampola: 5.000 unidades/0,25 mL;
  • Frasco-ampola: 25.000 unidades/5 mL;
  • Diluição: 25.000 unidades (1 frasco-ampola de 5 mL) + 245 mL de SG 5% ou SF 0,9% (100 unidades/mL).
    Posologia terapêutica – trombose venosa profunda/tromboembolismo pulmonar:
  • HNF EV (por peso): bólus 80 unidades/kg + 18 unidades/kg/hora em BI.
    Posologia profilática – prevenção de trombose venosa profunda:
  • HNF SC: 5.000 unidades 2-3 vezes/dia.
    Complicações:
  • Sangramento: O manejo da hemorragia em um paciente submetido à Heparina depende de localização e gravidade da hemorragia, risco de tromboembolismo venoso recorrente (TEV) e nível do PTTa. Em sangramentos vultuosos, a pronta reversão do efeito da Heparina com Protamina pode ser necessária;
  • Trombocitopenia induzida por Heparina: Complicação bem reconhecida e potencialmente fatal da terapia com Heparina, normalmente ocorrendo dentro de 5-10 dias após o início da terapia com Heparina;
  • Necrose cutânea: Pacientes afetados desenvolvem anticorpos Heparina-dependentes, mas a maioria não experimenta trombocitopenia;
  • Osteoporose: Tem sido relatada em pacientes que receberam HNF por mais de 6 meses.

Protamina

    Antídoto de Heparina. Sua dose deve levar em consideração a dose de Heparina e o tempo decorrido desde sua última dose:
  • Dose de neutralização: 1 mg de Protamina/100 unidades de Heparina;
  • Estimar dose de Heparina: Meia-vida de 30-60 minutos para Heparina EV (ou seja, 30-60 minutos após a administração, a Heparina circulante corresponde a 50% da dose administrada);
  • Uma estratégia mais prática é administrar 0,5-1,0 ampola de Protamina (25-50 mg) EV e reavaliar o PTTa, para avaliar a necessidade de doses adicionais.

Mecanismo de ação: Assim como a HNF, as HBPMs inativam o fator Xa. No entanto, diferentemente daquelas, estas apresentam menor efeito sobre a trombina, por serem moléculas pequenas e incapazes de formar os complexos inativadores da trombina. As HBPMs (e o Fondaparinux), portanto, não causam alargamento do PTTa. São, no mínimo, tão eficazes quanto a HNF na prevenção e no tratamento do tromboembolismo venoso.

    Vantagens:
  • Maior biodisponibilidade por via subcutânea;
  • Duração de efeito anticoagulante prolongado, permitindo uma a duas administrações diárias;
  • Efeito dose-resposta (atividade anti-Xa) mais previsível e com boa relação ao peso corporal, sendo necessário seu ajuste de acordo com peso, com certa limitação em obesos e portadores de insuficiência renal;
  • O monitoramento laboratorial não é necessário, mas pode ser realizado com dosagem do anti-Xa em situações específicas (ex.: extremos de peso);
  • Menor risco de complicações hemorrágicas e imunomediadas (trombocitopenia e necrose cutânea) em relação à HNF.

Sangramento e reversão com Protamina: Ao contrário de sua eficácia com HNF, a Protamina não neutraliza completamente a atividade anti-Xa das HBPMs. Ainda assim, pacientes que sofrem de hemorragia por superdosagem de HBPM podem receber Protamina (1 mg/100 unidades de atividade anti-Xa), o que pode reduzir parcialmente o sangramento clínico. Doses menores podem ser suficientes, caso a última dose de HBPM tenha sido administrada há 8 horas ou mais.

Administração

    Apresentação:
  • Enoxaparina: Seringas de 20, 40, 60, 80 e 100 mg (10 mg/0,1 mL).
    Posologia terapêutica – trombose venosa profunda/tromboembolismo pulmonar:
  • Enoxaparina 1 mg/kg SC de 12/12 horas;
  • Enoxaparina 1,5 mg/kg SC de 24/24 horas.
    Posologia profilática – prevenção de trombose venosa profunda:
  • Enoxaparina 40 mg SC de 24/24 horas;
  • Enoxaparina 20 mg SC de 24/24 horas em pacientes com baixo peso.

Ajustes de Dose

Certos pacientes podem necessitar de dosagem especial, como aqueles com extremos de peso. Não há consenso quanto ao fator de ajuste, tornando-se razoável o monitoramento por testes de atividade antifator Xa e ajuste da dose com base no resultado desses.

O alvo para cada HBPM depende do laboratório de referência, devendo ser conferido caso a caso.

A HBPM deve ser evitada em pacientes com doença renal e clearance de creatinina < 30 mL/minuto. No entanto, não há consenso sobre essa recomendação.

A Varfarina é o anticoagulante oral mais usado na prática clínica ambulatorial do Sistema Único de Saúde (SUS). Embora amplamente utilizado, seu manejo clínico não é dos mais simples, apresentando estreita janela terapêutica, grande variabilidade na relação dose-resposta e grande interação com outras drogas e alimentação.

Mecanismo de ação: O efeito anticoagulante da Varfarina é mediado pela inibição dos fatores de coagulação vitamina K dependentes (II, VII, IX e X). Esse efeito resulta na síntese de formas imunologicamente detectáveis, porém biologicamente inativas dessas proteínas de coagulação. Também inibe as proteínas C e S, que têm propriedades anticoagulantes.

Durante os primeiros dias de tratamento com Varfarina, ainda existe substrato para produção de fatores da coagulação. Por esse motivo, os anticoagulantes parenterais devem ser utilizados, em pacientes com doença trombótica aguda, até que seja alcançado um nível terapêutico de INR (2-3), por 2 dias consecutivos.

Administração

Apresentação: Comprimidos de 2,5 mg, 5 mg e 7,5 mg.

Dose inicial: 5 mg VO de 24/24 horas, em horário fixo diariamente.

    Manejo terapêutico:
  • Início de tratamento: Iniciar tratamento com 5 mg/dia (35 mg/semana), por, pelo menos, 3-5 dias. Dosar INR para ajuste de dose;
  • Em idosos, desnutridos, hepatopatas, doentes crônicos: Iniciar tratamento com doses menores (2,5 mg/dia);
  • Monitoramento: Começar 2x/semana até estabilização do INR dentro da faixa-alvo e, em seguida, semanal ou quinzenalmente. Após INR mantido e dose estabilizada, monitorar mensalmente o valor do INR;
  • INR-alvo: Na maioria das situações, estabelece-se INR-alvo como entre 2-3. Em situações específicas, alvos mais altos podem ser almejados;
  • Ajuste de dose: A dose da Varfarina deve ser ajustada (aumentada ou diminuída) em 10-20% da dose semanal na dependência do valor de INR.
Valor de INR Conduta
< 1,5 Aumentar em 20% a dose semanal
1,5-1,9 Aumentar em 10% a dose semanal
2,0-3,0 Sem ajustes necessários
> 3,0 Suspender temporariamente até INR < 3,0 e reduzir a dose semanal em 10-20%
Se risco aumentado de sangramento: repor vitamina K 2,5 mg - 10 mg/dia
Em caso de sangramento, consultar seção específica

Cuidados

Interações genéticas: Vários polimorfismos genéticos, principalmente relacionados com o citocromo P450, alteram a biodisponibilidade da Varfarina.

    Interações medicamentosas:
  • Aumentam o efeito da Varfarina: Anti-inflamatório não esteroide (AINE), álcool, Amiodarona, Ciprofloxacino, Eritromicina, Fenitoína, Fluconazol, Isoniazida, Metronidazol, Norfloxacino, Omeprazol, Paracetamol, Propafenona, Propranolol, Levotiroxina, Sulfametoxazol + Trimetoprima;
  • Diminuem o efeito da Varfarina: Barbitúricos, Carbamazepina, Colestiramina, Rifampicina, Sucralfato.
    Interações alimentícias:
  • Aumentam o efeito da Varfarina: Vitamina E, ginkgo biloba, alho;
  • Diminuem o efeito da Varfarina: Abacate, alface, brócolis, chá verde, espinafre, ginseng.

Interações com tabagismo: Fumantes exigem doses 12% maiores que não fumantes, revelando o aumento da depuração da Varfarina em pacientes fumantes.

Interrupção da Anticoagulação Antes de Procedimentos Invasivos

Pacientes de baixo risco de evento tromboembólico: Suspender a Varfarina 5 dias antes e realizar o procedimento quando INR ≤ 1,5.

Pacientes de risco moderado a alto de evento tromboembólico: Suspender a Varfarina 5 dias antes do procedimento e iniciar HNF em BIC ou HBPM, de modo a garantir a cobertura de anticoagulação pelo maior período possível. A HNF deve ser suspensa 6 horas antes do procedimento. A HBPM deve ser suspensa 12 horas antes do procedimento. Nos pacientes em uso de Varfarina, deve-se checar o INR antes do procedimento: o INR deve estar abaixo de 1,5 (ou 1,2 para procedimentos neurocirúrgicos).

Reinício da anticoagulação pós-procedimento: O retorno da anticoagulação profilática ou terapêutica após o procedimento depende de diversos fatores, como tipo de cirurgia realizada, presença de intercorrências, estado clínico do paciente, entre outros. Essa decisão deve ser compartilhada entre o intensivista e o cirurgião.

Necessidade de cirurgia de emergência: Utilizar plasma fresco ou complexo protrombínico e encaminhar o paciente para o procedimento.

Nas últimas décadas, muito se tem investido em pesquisa visando ao desenvolvimento de novas drogas anticoagulantes que possibilitem administração oral, com menor perfil de efeitos adversos e interações medicamentosas, quando comparados aos cumarínicos.

    Dabigatrana: É um inibidor direto da trombina de uso oral:
  • Posologia: 150 mg VO de 12/12 horas. Nos casos de tromboembolismo venoso, lembre-se de que é necessário um período de anticoagulação parenteral por 5 dias antes do seu início;
  • Importante! Os pacientes devem ser orientados quanto a não retirar o medicamento da embalagem original a não ser na hora da administração, com risco de perda de potência do efeito anticoagulante;
  • Interações medicamentosas: Não interage com o citocromo P450. No entanto, algumas drogas como Rifampicina, Quinidina, Cetoconazol, Verapamil e Amiodarona alteram a biodisponibilidade da droga. Deve-se evitar o uso concomitante com essas;
  • Indicações: Prevenção e tratamento do tromboembolismo venoso, fibrilação atrial não valvar;
  • Monitoramento: Por apresentar farmacocinética previsível, monitoramento de rotina de coagulação não é necessário;
  • Reversão da atividade anticoagulante: Recentemente, foi aprovado um anticorpo monoclonal capaz de reverter os efeitos da Dabigatrana de forma rápida e eficaz. O Idarucizumabe foi aprovado para uso pela agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (dose única de 5 g EV em bólus ou duas doses consecutivas 2,5 g EV, por 5-10 minutos). Na indisponibilidade de Idarucizumabe, pode ser utilizado concentrado de complexo protrombínico ou hemodiálise para reversão da droga.
    Rivaroxabana: É um inibidor direto do fator Xa de uso oral:
  • Posologia terapêutica (plena): 15 mg VO de 12/12 horas, por 21 dias (dose de ataque no tromboembolismo venoso), seguido de 20 mg VO de 24/24 horas;
  • Posologia profilática: 10 mg VO de 24/24 horas;
  • Prevenção de acidente vascular encefálico na fibrilação atrial: 20 mg VO de 24/24 horas;
  • Doença arterial coronariana estável com alto risco de eventos cardiovasculares (em associação com Ácido acetilsalicílico): 2,5 mg VO de 12/12 horas;
  • Interações medicamentosas: Algumas drogas como Cetoconazol, Itraconazol, Voriconazol, Rifamicina e Carbamazepina alteram a biodisponibilidade da droga, e, dada sua interação pouco previsível, deve-se evitar o uso concomitante com essas drogas;
  • Indicações: Prevenção e tratamento do tromboembolismo venoso, fibrilação atrial não valvar;
  • Monitoramento: Por apresentar farmacocinética previsível, monitoramento de rotina de coagulação não é necessário;
  • Reversão da atividade anticoagulante: Recentemente, foi aprovado pela FDA um antídoto para os inibidores do fator Xa, o Andexanet alfa. Na indisponibilidade do Andexanet alfa, pode ser utilizado concentrado de complexo protrombínico para reversão da droga;
  • Eventos hemorrágicos: Nos casos de eventos hemorrágicos, a descontinuação da droga deve ser imediata.
    Apixabana: É um inibidor direto do fator Xa de uso oral:
  • Posologia terapêutica (plena): 10 mg VO de 12/12 horas, por 7 dias (dose de ataque no tromboembolismo venoso), seguido de 5 mg VO de 12/12 horas;
  • Posologia profilática: 2,5 mg VO de 12/12 horas;
  • Prevenção de acidente vascular encefálico na fibrilação atrial: 5 mg VO de 12/12 horas. Utilizar dose reduzida em pacientes que apresentem duas das seguintes condições: idade ≥ 80 anos, creatinina ≥ 1,5 mg/dL ou peso ≤ 60 kg (2,5 mg VO de 12/12 horas);
  • Indicações: Prevenção e tratamento de tromboembolismo venoso, fibrilação atrial não valvar;
  • Monitoramento: Por apresentar farmacocinética previsível, o monitoramento de rotina de coagulação não é necessário;
  • Reversão da atividade anticoagulante: Recentemente, foi aprovado pela FDA um antídoto para os inibidores do fator Xa, o Andexanet alfa. Na indisponibilidade do Andexanet alfa, pode ser utilizado concentrado de complexo protrombínico para reversão da droga;
  • Eventos hemorrágicos: Nos casos de eventos hemorrágicos, a descontinuação da droga deve ser imediata.
    Edoxabana: É um inibidor direto do fator Xa de uso oral:
  • Posologia terapêutica (plena): 60 mg VO de 24/24 horas;
  • Prevenção de acidente vascular encefálico na fibrilação atrial: 60 mg VO de 24/24 horas;
  • Ajuste de dose: Em caso de insuficiência renal com ClCr < 50 mL/minuto ou peso ≤ 60 kg, reduzir a dose para 30 mg/dia;
  • Indicações: Prevenção e tratamento do tromboembolismo venoso, fibrilação atrial permanente não valvar. Não usar a medicação se ClCr > 95 mL/minuto, pois nessa situação a eficácia da droga é reduzida;
  • Monitoramento: Por apresentar farmacocinética previsível, o monitoramento de rotina de coagulação não é necessário;
  • Reversão da atividade anticoagulante: Recentemente, foi aprovado pela FDA um antídoto para os inibidores do fator Xa, o Andexanet alfa. Na indisponibilidade do Andexanet alfa, pode ser utilizado concentrado de complexo protrombínico para reversão da droga;
  • Eventos hemorrágicos: Nos casos de eventos hemorrágicos, a descontinuação da droga deve ser imediata.

Oclusão arterial aguda: Dá-se preferência por anticoagulação plena com Heparina venosa, visto que essa promove uma terapia mais facilmente monitorada e com um antídoto conhecido. Uma dica prática eficaz é iniciar com um bólus de 5.000 unidades de HNF (1 mL) e, em seguida, iniciar dripping com solução de 245 mL de SF 0,9% + 5 mL de HNF (25.000 unidades), começando com infusão contínua a 10 mL/hora (1.000 unidades/hora) e, após 4-6 horas, dosar o PTTa.

    Trombose venosa profunda aguda ou subaguda: Em geral, opta-se por iniciar o tratamento com HBPM em dose plena (1 mg/kg de 12/12 horas). Após 24-48 horas, pode-se iniciar o anticoagulante oral, visando à alta hospitalar (em casos não complicados). Se a opção for por um cumarínico, pode-se administrar por 3 dias (10 mg + 10 mg + 5 mg) e, então, dosar o INR. Se for usado um anticoagulante oral de ação direta, pode-se fazer a troca direta, ou seja, no que seria a próxima dose de HBPM, administrar o anticoagulante oral. Nesse caso, não há necessidade de dosar o INR e o paciente pode receber alta hospitalar logo após a primeira dose:
  • Enoxaparina: 1 mg/kg SC de 12/12 horas;
  • Varfarina: 10 mg VO de 24/24 horas nos primeiros 2 dias, seguido de 5 mg VO no terceiro dia. Dosar o INR e ajustar dose;
  • Rivaroxabana: 15 mg VO de 12/12 horas, por 21 dias, seguido de 20 mg VO de 24/24 horas até completar 6 meses;
  • HNF: EV (por peso): 80 unidades/kg em bólus + 18 unidades/kg/hora em BI;
  • HNF: EV: 5.000 unidades em bólus + 1.000 unidades/hora em BI. Ajustar conforme PPTa.
    Prevenção de acidente vascular encefálico e embolia sistêmica em portadores de fibrilação atrial não valvar:
  • Apixabana: 5 mg VO de 12/12 horas;
  • Rivaroxabana: 20 mg VO de 24/24 horas;
  • Edoxabana: 60 mg VO de 24/24 horas;
  • Dabigatrana: 150 mg VO de 12/12 horas (ou 110 mg de 12/12 horas, se risco aumentado de sangramento).
    Prevenção de tromboembolismo venoso em pacientes submetidos à cirurgia ortopédica de grande porte:
  • HNF : 5.000 unidades SC, 2 horas antes do procedimento cirúrgico + 5.000 unidades SC de 12/12 horas (se risco moderado) ou de 8/8 horas (se alto risco) no pós-operatório;
  • Enoxaparina: 20 mg SC de 24/24 horas (se risco moderado) ou 40 mg SC de 24/24 horas (se alto risco);
  • Fondaparinux: 2,5 mg SC de 24/24 horas;
  • Rivaroxabana : 10 mg VO de 24/24 horas. Iniciar 6-8 horas após a cirurgia;
  • Dabigatrana: 220 mg VO de 24/24 horas. Iniciar 1-4 horas após a cirurgia com a primeira dose de 110 mg VO, seguida de 220 mg de 24/24 horas no pós-operatório;
  • Apixabana: 2,5 mg VO de 12/12 horas. Iniciar de 12-24 horas após a cirurgia.

Próteses valvares mecânicas: Inicia-se a anticoagulação com HNF ou HBPM e, após 24-48 horas, a Varfarina é introduzida. A anticoagulação parenteral é mantida até alcançar a faixa de INR-alvo. Os novos anticoagulantes orais ainda não têm liberação para esse uso.

Em que situações não devemos usar os novos anticoagulantes? Assista:

Autoria principal: Daniel Falcão Pereira da Fonseca (Cirurgia Vascular).

    Revisão:
  • Gustavo Guimarães Moreira Balbi (Clínica Médica e Reumatologia);
  • Vinicius Zofoli (Terapia Intensiva). [cms-watermark]

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