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Se a causa não for identificada durante a PCR, a avaliação inicial do paciente no pós-PCR deve tentar identificá-la, com busca de informações com base na história e no exame físico.
As principais causas de PCR extra-hospitalar são: síndrome coronariana aguda, cardiomiopatias e arritmias. O foco deve ser direcionado à história e ao exame físico na busca de informações que possam corroborar ou afastar esses diagnósticos.
Outras causas a serem procuradas são as reversíveis (5H e 5T): hipóxia, hipovolemia, acidose (H+), hiper ou hipocalemia, hipotermia, trombose coronária (SCA), trombose pulmonar (TEP), pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco, intoxicações.
Eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações deve ser realizado em todo paciente assim que houver RCE. Caso haja evidência de supra de ST, o paciente deve ser encaminhado para cineangiocoronariografia precoce, independentemente de estar comatoso ou não.
Manter jejum e, assim que paciente estiver estável, com trânsito intestinal e ausência de contraindicações, iniciar dieta oral, se extubado, ou enteral contínua por sonda enteral.
A sedação está indicada, caso o paciente apresente má adaptação a ventilação, agitação ou tremores.
Não há evidência favorável ao uso de drogas antiarrítmicas profiláticas na PCR.
A angiografia coronária deve ser realizada de modo precoce em pacientes com supradesnivelamento de ST (SST) no eletrocardiograma.
Também deve ser considerada em pacientes com suspeita de SCAs instáveis hemodinâmica ou eletricamente, mesmo sem SST, independentemente de estarem comatosos.
Pacientes com suspeita de PCR por SCAs, estáveis, sem alterações isquêmicas no ECG, podem ser considerados para coronariografia precoce, porém estudos recentes não têm mostrado benefício com esta estratégia.
O controle direcionado de temperatura (CDT), com temperatura central-alvo entre 32-36 °C, está indicado para todos os pacientes com RCE que estejam comatosos.
Pacientes com instabilidade hemodinâmica talvez se beneficiem de um alvo maior, como 35-36 °C, enquanto pacientes com crises convulsivas podem se beneficiar de alvos menores. O importante é definir o alvo e manter por 24 horas, sem variações importantes do valor.
O paciente deve ser resfriado e a temperatura mantida constante por, pelo menos, 24 horas. Após, o paciente deve ser reaquecido a uma velocidade de 0,25 °C/hora até 36 °C (geralmente em torno de 8-12 horas).
É importante que o serviço tenha um protocolo estabelecido para uso do CDT, com normatização da temperatura-alvo, exames de controle e parâmetros de segurança.
Métodos de resfriamento não invasivos incluem cobertores de resfriamento e circulação de água gelada.
Com a intenção de evitar tremores ( shivering ) e o aumento da temperatura, pode-se utilizar Dipirona, Petidina (atenção aos pacientes renais crônicos) e, quando necessário, bloqueadores neuromusculares, como o Cisatracúrio.
Associar o monitoramento por eletroencefalograma (risco de convulsão mascarada com uso de bloqueadores neuromusculares).
As principais complicações do controle direcionado de temperatura são infecções, coagulopatia (sangramento), diurese exacerbada levando a hipovolemia e distúrbios de eletrólitos.
Não é recomendado a utilização de anticonvulsivantes de maneira profilática, porém nos casos em que crises forem presenciadas clínica ou eletroencefalograficamente, recomenda-se o uso de Levetiracetam ou Ácido valproico como primeira escolha de fármacos antiepilépticos por via endovenosa.
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