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Cuidados com Dreno de Tórax

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Neste conteúdo será discutido os cuidados acerca dos drenos torácicos. A colocação e manobra de toracostomia é discutida em conteúdos próprios: Trauma Torácico , Pneumotórax e Abordagem Diagnóstica do Derrame Pleural.

Definição: Dispositivos tubulares estéreis inseridos na cavidade pleural com intuito de drenagem de conteúdo líquido (líquido pleural, empiema, sangue, quilotórax) ou ar. A ponta de inserção é fenestrada, enquanto a ponta distal é inserida em um sistema fechado, evitando a entrada de ar na cavidade pleural, permitindo apenas a saída de conteúdo.

Existem diversos tipos de dreno de tórax, os quais podem ser classificados de acordo com tamanho e funcionalidade.

    Classificação por tamanho:
  • Dreno pequeno: Drenos com diâmetro menor que 20F, geralmente de 10 a 14F. Indicado na abordagem inicial de pneumotórax e de derrame pleural não complicado. Pelo menor calibre, tende a gerar menos dor e desconforto.
  • Dreno grande: Drenos com diâmetro maior que 20F, geralmente de 24 a 36F. Indicado na abordagem de hemotórax ou empiema, em que o risco de obstrução do dreno é maior, sendo necessário um calibre maior para reduzir a probabilidade de obstrução.

Essa classificação varia na literatura. Contudo, de forma geral, dreno de 14F ou menor é pequeno, enquanto que dreno maior que 20F é grande.

    Classificação por tipo:
  • Pigtail: Dreno de tórax pequeno com a ponta encurvada e fenestrada semelhante ao rabo de porco;
  • Cateter de longa permanência: Cateter tunelizado e fenestrado de aproximadamente 15F e 66 cm que permite a manutenção por maior tempo com menor risco de infecção associado ao cateter.
    Classificação por tipo de drenagem:
  • Sistema de drenagem em selo d'água: A ponta do cateter é inserido em um sistema fechado com água. O coletor de água deve ser sempre preenchido com o volume indicado pelo fabricante, geralmente, ao redor de 300-500 mL de SF 0,9%;
  • Sistema de drenagem a seco: A ponta do cateter apresenta uma válvula unidirecional (Válvula de Heimlich) que impede a entrada de ar ou líquido para a cavidade pleural;
  • Sistema de três compartimentos: O cateter é conectado a uma câmara coletora, ao selo d'água e ao sistema de controle de sucção, o qual pode ser de água ou vácuo. Sistema de drenagem com sucção: conexão com sistema de vácuo para realizar aspiração do conteúdo e impedir a entrada de ar ou líquido.

Quando se utiliza um sistema de sucção, esse pode ser seco (a vácuo) ou molhado (com coluna d'água). No sistema seco, a pressão é determinada pelo sistema vácuo, geralmente variando entre 10-20 cm H2O. No sistema molhado, a altura da coluna d'água determina a pressão.

Existe o sistema digitalizado, o qual mensura quanto de ar ou líquido está sendo eliminado, evitando uma subjetividade na avaliação do débito do dreno.

Indicações

    Dreno de curta permanência:
  • Pneumotórax;
  • Hemotórax;
  • Quilotórax;
  • Hidrotórax;
  • Empiema.
    Dreno de longa permanência:
  • Derrame pleural neoplásico;
  • Derrame pleural benigno persistente.

Drenos de tórax requerem avaliação diária para determinar: débito do dreno, possibilidade de retirada, presença de vazamento de ar (fístula aérea). Além disso, deve-se avaliar a necessidade de aspiração em pressão negativa (ou não) e monitorar possíveis problemas, como obstrução, mau posicionamento ou desconexão.

Sempre que houver necessidade de manipulação do dreno, é necessário higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel. A depender do tipo de manipulação, é importante "clampear" o dreno, para que não ocorra entrada de ar dentro do tórax. Sempre lembre-se, também, de soltar o clamp ao término da manipulação. Nunca eleve o dreno aberto acima do tórax do paciente. Além disso, em casos de fístula aérea, é proibitivo o clampeamento do dreno pelo risco de pneumotórax hipertensivo.

A presença de enfisema subcutâneo, significa que existe algum orifício do dreno fora da cavidade pleural (ex.: no subcutâneo), servido de alerta para avaliação do posicionamento.

Cuidados Gerais

  • Débito do dreno: É importante a monitorização do volume e aspecto do líquido que é eliminado. A mensuração deve ser a cada 6 horas, ou menor intervalo se houver drenagem superior a 100 mL/hora. Colocar uma fita adesiva ao lado da graduação do frasco para facilitar a identificação do nível onde foi feita a última aferição do débito. Sempre registrar o aspecto do líquido (ex.: seroso, serohemático, hemático, purulento);
  • Borbulhamento: O borbulhamento do sistema de selo d'água indica saída de ar da cavidade pleural (fuga aérea). É importante solicitar para o paciente respirar fundo e Sorrir para uma avaliação mais precisa. Anote se a fuga aérea ocorre durante a expiração, inspiração, ou se é contínua. Se fuga aérea persistente por mais de 5-7 dias, deve-se considerar a presença de fístula aérea;
  • Posicionamento: Diariamente verificar a posição e fixação na pele, assim como pela radiografia de tórax, para evitar deslocamento do dreno;
  • Oscilação: A patência do dreno é avaliada pela oscilação do conteúdo líquido no seu interior, a qual deve subir na inspiração e descer na expiração. Se esse movimento espontâneo estiver ausente, o dreno pode estar obstruído. [cms-watermark]

É fundamental haver cuidado com o curativo e limpeza do óstio do dreno.

Cuidado na passagem entre macas, pois o dreno pode ficar preso e/ou ser tracionado.

Atenção! Certificar-se de que a extremidade do sistema de drenagem não fique fora d'água.

Não ocluir o dreno durante o transporte se houver fístula aérea.

  • Drenagem < 100-200 mL/24 horas (adulto);
  • Líquido seroso;
  • Ausência de escape aéreo;
  • Melhora do padrão respiratório e da expansibilidade pulmonar;
  • Radiografia de tórax com pulmão expandido.

Complicações

A principal complicação é dor, devendo ser tratada para evitar complicações maiores decorrentes da ausência de expansibilidade pulmonar completa. Acesse o conteúdo de anestesiologia para melhor manejo da dor relacionado ao dreno de tórax.

O acúmulo de líquido e atelectasia pode levar à pneumonia e à formação de empiema.

Autoria principal: Gustavo Guimarães Moreira Balbi (Clínica Médica e Reumatologia).

    Revisão:
  • Yuri Albuquerque (Medicina Intensiva);
  • Bruna C. Provenzano (Clínica Médica, Terapia Intensiva e Pneumologia).

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