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Definição: A ocorrência de coagulopatias é comum no ambiente de terapia intensiva. Seja como consequência de uma doença de base, seja como motivo da internação, os distúrbios da coagulação influenciam o prognóstico do paciente em estado crítico, aumentando sua morbi/mortalidade.
Etapas da hemostasia.
Ilustração:
Leandro Zamonel Rocha.
Observação!
CIVD
pode prolongar PTTa, TAP e TT devido ao consumo de fatores de coagulação e fibrinogênio.
Definição:
Plaquetas < 150.000/mm³.
A trombocitopenia
é comum em pacientes em estado crítico. A maior parte dos casos está relacionada com infecções, quimioterapia, toxicidade de medicamento(s) e CIVD. Está diretamente associada a um pior prognóstico, além de ser considerada um marcador de tempo de internação.
A maioria dos pacientes só apresenta sintomas quando os níveis de plaquetas estão abaixo de 50.000/mm³. O risco de sangramento espontâneo aumenta muito quando plaquetometria abaixo de 20.000/mm³.
Atenção!
Púrpura trombocitopênica imune
é um diagnóstico de exclusão e predominantemente clínico.
Para mais informações sobre trombocitopenia, acesse: Abordagem ao paciente com trombocitopenia.
Fenômeno decorrente do desequilíbrio entre fibrinólise e coagulação. Manifesta-se por súbita queda da quantidade de plaquetas, alargamento de todos os tempos de coagulação e consumo de fibrinogênio, associado ao aumento dos produtos de degradação da fibrina (D-dímero
). O paciente pode evoluir com sangramentos e/ou eventos tromboembólicos.
| Diagnóstico de CIVD – Escore ISTH | ||
|
Exames Laboratoriais
|
Valor
|
Ponto(s) |
|
TAP
|
< 3 segundos
3-6 segundos ≥ 6 segundos |
0
1 2 |
|
D-dímero
|
Normal
Aumento discreto Aumento intenso |
0
2 3 |
|
Contagem de plaquetas
|
≥ 100.000/mm³
50.000-100.000/mm³ < 50.000/mm³ |
0
1 2 |
|
Dosagem de fibrinogênio
|
≥ 1 g/L
< 1 g/L |
0
1 |
Para mais informações sobre CIVD, acesse:
Coagulação intravascular disseminada
.
Pacientes com hepatopatia, aguda
ou crônica
, podem apresentar alteração da coagulação multifatorial (redução da produção de fatores da coagulação produzidos pelo fígado + hiperesplenismo com diminuição da quantidade de plaquetas circulantes).
Apesar disso, esses pacientes também apresentam redução dos fatores anticoagulantes, podendo apresentar-se com maior tendência pró-trombótica. Essa deficiência, no entanto, é subdiagnosticada, pois não se dosam os fatores anticoagulantes habitualmente. Assim, nesses pacientes, TAP/INR alargado não significa proteção contra eventos trombóticos ou maior risco de sangramento.
Deve ser direcionado para a causa de base. A indicação de transfusão de hemocomponentes
deve ser avaliada individualmente, tendo em vista o risco de Reações imediatas e tardias
.
Posologia:
1
pool
de plaquetas. Cada transfusão implica, em média, aumento de 10.000 plaquetas/mm³.
Posologia:
1-1,5 unidade para cada 10 kg de peso corporal – cada unidade aumenta o fibrinogênio em 5 a 10 mg/dL, em média, sendo o alvo terapêutico > 100 a 150 mg/dL.
Posologia:
10-20 mL/kg – cada unidade contém 200 a 250 mL.
Para mais informações sobre uso clínico do CP, crioprecipitado e PFC, acesse: Hemotransfusão.
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