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Níveis de cálcio no sangue abaixo de 8,5 mg/dL (na faixa normal de 8,5-10 mg/dL) ou cálcio iônico abaixo de 4,65 mg/dL ou 1,16 mmol/L (com valores normais situando-se entre 4,65-5,25 mg/dL ou 1,16-1,31 mmol/L).
Pode ser resultado de uma secreção insuficiente do hormônio da paratireoide (PTH), resistência ao PTH, deficiência ou resistência à vitamina D, metabolismo anormal do magnésio e deposição extravascular de cálcio, o que pode ocorrer em diversas situações clínicas.
Pacientes gravemente enfermos são frequentemente afetados pelo distúrbio, que pode estar presente em 55-88,5% desses pacientes, chegando à 97,3% em alguns relatórios.
Quadro clínico:
Depende da gravidade e da velocidade de instalação do distúrbio.
Se a hipocalcemia for leve, esperamos poucos ou nenhum sintoma. No entanto, em casos graves e/ou agudos, podemos esperar um quadro clínico grave e, por vezes, ameaçador da vida.
Figura 1.
Sinal de Trousseau
Figura 2.
Sinal de Chvostek
A suplementação de cálcio em pacientes críticos é um assunto controverso. Essa controvérsia surge porque há uma correlação direta entre os níveis de cálcio no sangue e a gravidade da condição do paciente, levando a um aumento espontâneo dos níveis de cálcio sérico, conforme ocorre a recuperação clínica do indivíduo, e o seu tratamento não comprovou diminuir mortalidade. Nos casos de sepse, principalmente, alguns estudos relatam piores desfechos após a reposição de cálcio e um suposto efeito protetor da hipocalcemia.
Nos casos de hipoparatireoidismo, a
reposição hormonal
tem sido defendida como uma forma potencialmente superior de tratamento, mas somente recentemente as preparações de hormônio humano recombinante (como a
Teriparatida
e Abaloparatida) se tornaram disponíveis. A indicação da FDA (
Food and Drug Administration
) foi para indivíduos com hipoparatireoidismo de qualquer etiologia, (exceto hipocalcemia autossômica dominante [HAD]), e com controle precário com a terapia suplementar padrão de cálcio e vitamina D ativa.
Os
calcilíticos
inibem a ativação do
CASR
(receptor de detecção de cálcio) tanto na paratireoide quanto no túbulo renal e, portanto, não apenas promovem a secreção de PTH, mas também aumentam a reabsorção renal de cálcio e são, portanto, de interesse potencial para o tratamento das HAD.
Nos casos de
hipocalcemia secundária à fome óssea pós-paratiroidectomia
(que ocorre com maior frequência nos casos de hiperparatiroidismo secundário à doença renal crônica), normalmente é necessária a reposição de cálcio, inicialmente venosa, seguida por reposição oral. A hipocalcemia nesse cenário ocorre já no período pós-operatório imediato e, se não tratada, pode ter manifestações clínicas graves.
Autoria principal:
Maikel Ramthun (Clínica Médica, Nefrologia e Medicina Intensiva).
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