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Neurorreabilitação

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A abordagem ao paciente com sequela de doença neurológica, em especial cerebrovascular, deve se basear na compreensão de que o prejuízo para o indivíduo foi imediato, porém a recuperação tende a ser lenta e gradual. [cms-watermark]

A atuação precoce de uma equipe multidisciplinar é fundamental para o sucesso terapêutico desse grupo de pacientes. Cabe ao médico assistente realizar a avaliação quanto à viabilidade clínica do paciente a fim de que ele comece a receber os cuidados tão logo seja possível.

A avaliação da deglutição abrange a avaliação morfofuncional da capacidade de deglutir saliva e alimentos e a caracterização do grau de disfagia, se presente. Nos CTIs, principalmente em casos de AVCs extensos, bilaterais, de tronco cerebral ou de tálamo, há prejuízo da capacidade dessas funções.

No caso de pacientes traqueostomizados, enfatiza-se a necessidade de desinsuflação periódica do balão da cânula, uso de válvula de fala, quando disponível, além do acompanhamento fisioterápico e fonoaudiológico regulares.

Conforme a intensidade de comprometimento, será feito um plano terapêutico que considere: dieta sob supervisão, restrição de consistência alimentar (dieta pastosa, substância espessante), manobras específicas, suplementação dietética por via parenteral. [cms-watermark]

    Principais aspectos:
  • Simetria, força e mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios; [cms-watermark]
  • Capacidade de deglutir saliva e alimentos, sincronia, coordenação com a respiração, presença de resíduos alimentares ou perda pela rima labial, sinais clínicos sugestivos de aspiração – tosse ou engasgo, alteração vocal, dispneia, aumento da secreção após a deglutição; [cms-watermark]
  • Ausculta cervical; [cms-watermark]
  • Qualidade vocal.

Idealmente, o paciente deve ter acompanhamento fonoaudiológico regular, especialmente durante sua primeira refeição.

    O envolvimento e o treinamento dos familiares é, também, fundamental para o sucesso desses cuidados:
  • Os pacientes com déficits de motricidade e/ou sensibilidade devem receber assistência fisioterápica para reabilitação e recuperação, ainda que parcial, das funções alteradas;
  • Os doentes com longo tempo de internação tendem a adquirir deformidades osteomusculares – anquiloses, atrofias –, que resultam em perda de autonomia e piora da qualidade de vida. Também, nesses casos, a colaboração de familiares e/ou acompanhantes é fundamental para que se consiga reabilitação;
  • No caso de disfunção respiratória, a presença do fisioterapeuta é ainda mais importante, com plano de cuidados sistemáticos – a cada 6 horas, por exemplo – para auxiliar na mobilização, no recrutamento alveolar e na eliminação de secreções respiratórias. [cms-watermark]
    Principais aspectos:
  • Cinesioterapia motora e respiratória; [cms-watermark]
  • Prancha ortostática; [cms-watermark]
  • Andadores e equipamentos para auxílio; [cms-watermark]
  • Órteses. [cms-watermark]

A fisioterapia deve ser iniciada o mais rápido possível (ou seja, enquanto um paciente agudo esteja internado), incluindo a mobilização precoce na unidade de terapia intensiva, conforme tolerado, e as necessidades de reabilitação devem ser avaliadas antes da alta. [cms-watermark]

O cuidado nutricional é fundamental na evolução do paciente neurocrítico, principalmente em razão da desnutrição, que está associada com pior evolução clínica e risco de infecção, além do risco de aspiração. Nesse grupo de pacientes, é comum a necessidade temporária de terapia nutricional, enteral ou parenteral até que haja condições de se iniciar a alimentação via oral de maneira segura. [cms-watermark]

Conforme haja melhora clínica (metabólica, hemodinâmica, ventilatória e infecciosa), procede-se o desmame da nutrição para via oral, com o cuidado de evitar prejudicar a oferta de nutrientes ao paciente, caso ele apresente baixa aceitação da dieta. [cms-watermark]

No caso de pacientes de CTI dependentes de terapia nutricional enteral por período superior a 4-8 semanas, sem perspectivas de evolução precoce, há preferência pela gastrostomia ou pela jejunostomia endoscópica percutânea para minimizar os riscos de infecção e/ou complicações. [cms-watermark]

    Principais aspectos: Manter ou recuperar o estado nutricional:
  • Prevenir complicações comuns do paciente crítico: aspiração de dieta, diarreia, constipação intestinal, náuseas, vômitos e refluxo; [cms-watermark]
  • Monitorar evolução: peso, progressão da dieta, aceitação alimentar e hábito intestinal, estado nutricional e metabólico; [cms-watermark]
  • Registrar dados objetivos: mudança de peso e parâmetros bioquímicos de rotina; [cms-watermark]
  • Manter sob vigilância nutricional até que haja ingesta (via oral ou sonda) adequada, com estado nutricional apropriado e com controle de eventuais complicações. [cms-watermark]

A reabilitação também deve ser prestada pela equipe da enfermagem , com reeducação do paciente e de seus cuidadores. A reeducação das funções intestinais e vesicais, os cuidados com higiene e o tratamento das úlceras de decúbito são essenciais para que ocorra condições de alta hospitalar. [cms-watermark]

Um plano de gerenciamento, desenvolvido com o paciente e a família, identifica estratégias para melhorar as habilidades funcionais e diminuir as demandas funcionais. [cms-watermark]

A maximização da capacidade (funcional) pode incluir o início ou a interrupção da medicação, intervenção nutricional e de exercícios e fornecimento de próteses (por exemplo, aparelho auditivo). A diminuição da demanda pode envolver dispositivos auxiliares (por exemplo, andadores), modificação ambiental (p. ex., iluminação melhorada), aumento da ajuda de terceiros e treinamento adaptativo. [cms-watermark]

A implementação de um plano para reduzir a incapacidade no paciente neurológico requer coordenação entre vários profissionais, o paciente e os cuidadores. [cms-watermark]

    Autoria principal: Felipe Nobrega (Neurologia).
    Revisão:
  • Guilherme Tafuri Marcondes (Nefrologia e Medicina Intensiva);
  • Filipe Amado (Medicina Intensiva e Medicina de Emergência).

Equipe adjunta: Ester Martins Ribeiro (Clínica Médica e Nefrologia).

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