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Orientações para Profissionais de Saúde (Covid-19)

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Definição: Mesmo já tendo passado pelo auge da pandemia de Covid-19 no Brasil, permanecemos com um número ainda substancial de casos suspeitos e confirmados. Assim, é importante que os profissionais de saúde estejam orientados sobre como proceder tanto nas rotinas de atendimento quanto na presença de sintomas suspeitos, já que estão na linha de frente do enfrentamento da epidemia. A seguir, algumas medidas práticas que podem orientar as condutas dos que estão envolvidos no atendimento.

Estabelecer uma boa triagem para identificação precoce de casos suspeitos de covid-19 é essencial para reduzir a possibilidade de disseminação do vírus. Idealmente, pacientes com sintomas respiratórios agudos e febre devem ser identificados logo na chegada à unidade de saúde, receber máscara cirúrgica e serem direcionados para áreas com menor circulação possível de pessoas.

O uso correto de equipamento de proteção individual (EPI) é uma das estratégias para proteção dos profissionais de saúde. Pacientes com covid-19 devem ser colocados em medidas de precaução respiratória por aerossol e por contato.

Atenção especial deve ser dada no momento da retirada dos EPIs para evitar a contaminação das mãos e mucosas.

Para mais informações sobre o uso de EPI, acesse EPI no Contexto do Covid-19.

Lesão por Uso de EPI

O uso prolongado de EPI, como máscaras, óculos de proteção e gorro/touca, pode levar ao surgimento de lesão por pressão (LP), que pode evoluir para ulceração cutânea.

Os locais mais acometidos por esse tipo de lesão serão a fronte (pelo uso de gorro/touca, óculos/ face shield ), ponte nasal (pelo uso de máscaras, óculos), região malar, bochechas e mento (também pelo uso de máscaras).

As tentativas de alternar os pontos de pressão dos EPIs podem reduzir a eficácia protetora dos mesmos, não sendo indicada.

Sendo assim, escolher o tamanho do dispositivo de acordo com as características de cada profissional, assim como medidas de prevenção, são essenciais para o profissional em uso prolongado de EPI.

    Não há consenso na literatura quanto aos melhores métodos para prevenir LP relacionada com o uso de dispositivos médicos. De acordo com alguns relatos de caso e nossa experiência, seguem algumas recomendações:
  • < 4 horas/dia de contato com os EPIs : Aplicar emolientes à base de ácidos graxos ou protetores de barreira nas regiões de contato antes e após. A aplicação deve ser realizada pelo menos 1 hora antes do uso do EPI correspondente, para não interferir na aderência necessária do equipamento. Opções de emolientes com essas características: Dersani hidrogel®; Saniskin® loção hidratante; Bepantol derma®; Cicaplast baume®;
  • > 4 horas/dia de contato com os EPIs : Além dos emolientes, é indicado o uso de filmes de barreira adesiva, preferencialmente à base de silicone ou hidrogel, antes da colocação do EPI correspondente. Nesses casos, é importante fazer o teste de vedação da máscara para que a fita adesiva não interfira no correto posicionamento do equipamento. Opções de barreiras adesivas à base de silicone ou hidrogel: curativo de silicone Mepitac®; curativo de silicone Leukomed®; placa de hidrogel Hydrosorb®. Entretanto, na falta desses, uma opção é a colocação de esparadrapo comum , sendo removido posteriormente durante o banho com o auxílio de creme hidratante.

Intensificar a higienização das mãos é uma das medidas mais efetivas para a prevenção de disseminação das doenças. Além dos clássicos cinco momentos, o profissional deve higienizar as mãos durante a retirada dos EPIs e após tocar superfícies que possam estar contaminadas. Pacientes também devem ser orientados a lavar as mãos com frequência.

Casos de síndrome gripal, de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) hospitalizados e óbito por SRAG, independentemente de hospitalização, que atendam à definição de caso devem ser notificados. Além disso, indivíduos assintomáticos com confirmação laboratorial por biologia molecular ou imunológico de infecção recente por covid-19.

Para mais informações sobre a notificação de covid-19, acesse Coronavírus (Covid-19).

Os indivíduos com quadro de síndrome gripal leve com confirmação para covid-19, seja laboratorial, seja clínico-epidemiológica, ou que ainda não coletaram amostra biológica para investigação etiológica devem iniciar o isolamento respiratório domiciliar imediatamente e este poderá ser suspenso no 7º dia completo do início dos sintomas se estiver afebril sem o uso de medicamentos antitérmicos há pelo menos 24 horas e com remissão dos sintomas respiratórios, sem a necessidade de realizar novo teste de biologia molecular ou antígeno. Nesse caso, deve ser mantido o uso de máscaras até́ o 10º dia completo do início dos sintomas.

Caso seja possível a testagem em serviço de saúde, o isolamento respiratório domiciliar pode ser suspenso no 5º dia completo do início dos sintomas se um novo teste realizado no 5º dia completo do início dos sintomas for negativo, desde que permaneça afebril, sem o uso de medicamentos antitérmicos há́, pelo menos, 24 horas e com remissão dos sintomas respiratórios. Nesse caso, também deve ser mantido o uso de máscaras até́ o 10º dia completo.

Se não houver melhora dos sintomas respiratórios ou tiver febre no 7º dia completo após o início dos sintomas, ou se apresentar novo exame positivo para SARS-CoV-2 realizado a partir do 5º dia completo do início dos sintomas, deve ser mantido o isolamento respiratório domiciliar até́ o 10º dia completo.

Os casos assintomáticos confirmados laboratorialmente para covid-19 devem ser isolados imediatamente e poderão retornar ao trabalho no 7º dia completo após a data da coleta da amostra, sem a necessidade de realizar novo teste, desde que permaneçam assintomáticos durante todo o período.

Caso o indivíduo assintomático tenha acesso a testagem, o isolamento respiratório domiciliar pode ser reduzido e suspenso no 5º dia completo a contar da data da primeira coleta, desde que permaneça assintomático

A notificação de casos suspeitos segue os mesmos critérios que as notificações para a população geral.

    Profissional da saúde:
  • Caso suspeito: Indivíduo com quadro respiratório agudo, caracterizado por pelo menos dois dos seguintes sinais e sintomas: febre, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou distúrbios gustativos.
    Observações:
  • A principal medida preventiva é a vacinação;
  • As áreas consideradas de transmissão local variam a depender do cenário epidemiológico. Assim, as autoridades locais devem definir se é necessária a recomendação de medidas como distanciamento físico e uso de máscaras;
  • Os respiradores de proteção respiratória padrão N95, PFF2 ou equivalente têm maior eficácia em proteger contra a transmissão do SARS-CoV-2, seguido pelas máscaras cirúrgicas e KN95. Na ausência das máscaras citadas anteriormente, máscaras de tecido com dupla ou tripla camada podem ser consideradas;
  • Não há recomendação para interromper amamentação; lactantes com casos confirmados ou suspeitos devem usar máscara cirúrgica durante os cuidados com o recém-nascido;
  • Pacientes e profissionais assintomáticos devem ser vacinados contra Influenza, principalmente se parte de grupos prioritários.
    Checklist sugerido para evitar contaminações em casa e de contactantes por fômites dos profissionais de saúde:
  1. Levar somente o essencial para o hospital (crachá, telefone, carregador exclusivo, chave sem chaveiro, álcool em gel).
  2. Usar ecobag ou qualquer sacola de tecido lavável (que resista à lavagem em máquina).
  3. Usar sapatos fechados (sugestão: uso de Crocs®, pois são passíveis de lavagem, inclusive no hospital).
  4. Usar roupa privativa no hospital.
  5. Sair de casa com roupa que possa ser lavada e seca em máquina.
  6. Não usar cinto de couro.
  7. Não usar adereços (jóias, alianças etc.).
  8. Usar toucas descartáveis.
  9. Tomar banho no hospital antes de colocar a roupa de vir para casa.
  10. Deixar tudo que for possível dentro do hospital.
  11. Deixar sapatos fora de casa.
  12. Usar álcool em gel nas mãos antes e depois de qualquer atividade que envolva as mãos.
  13. Retirar toda a roupa ao entrar em casa e colocar para lavar em máquina.
  14. Colocar objetos manuseados em ecobag e organizar a limpeza com álcool 70% em área específica.
  15. Limpar telefones celulares com álcool isopropílico 70% logo após colocar as roupas para lavar e após lavar as mãos.
  16. Tomar novo banho com lavagem de cabelo.
  17. Usar toalha exclusiva.
  18. Deixar sempre visível e disponível álcool gel na entrada e casa e em pontos de circulação.
    Autorias principais:
  • Isabel Cristina Melo Mendes (Infectologia);
  • Henrique Cal (Neurologia).

Revisão: Rafael Silva Duarte (Medicina e Microbiologia).

    Equipe adjunta:
  • Isabel Cristina Melo Mendes (Infectologia);
  • Raíssa M. Perlingeiro (Infectologia e mestrado em Pesquisa Clínica em Doenças Infectoparasitárias pelo INI/FIOCRUZ);
  • Felipe Nobrega (Neurologia).

Ministério da Saúde (BR). Nota Técnica nº 14/2022-CGGRIPE/DEIDT/SVS/MS. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.

Ministério da Saúde (BR). Protocolo de Tratamento do Novo Coronavírus (2019-nCoV). Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Ministério da Saúde (BR). Notificações de casos serão feitas automaticamente pelos estados. [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Elston DM. Occupational skin disease among healthcare workers during the Coronavirus (COVID-19) epidemic. Journal of the American Academy of Dermatology. 2020.

Cartilha de Lesão por Máscara de Proteção Respiratória. NePeDE. Natal: Departamento de Enfermagem/UFRN, 2020.