' Síndrome de Realimentação - Prescrição
Conteúdo copiado com sucesso!

Síndrome de Realimentação

Voltar

Definição: C aracteriza-se por um conjunto de alterações clínicas e eletrolíticas que ocorrem em resposta à reintrodução calórica após um período de jejum e/ou desnutrição.

  • A síndrome de realimentação foi descrita pela primeira vez durante a Segunda Guerra Mundial. Prisioneiros de guerra, sobreviventes de campos de concentração e vítimas de fome sofreram morbidade e mortalidade inesperadas durante a reintrodução de regime nutricional;
  • A fisiopatologia da síndrome envolve a secreção de insulina em reposta à elevação da glicemia relacionada com a reintrodução calórica, resultando em shift intracelular de fósforo e potássio. Além disso, a insulina aumenta a necessidade celular de produzir trifosfato de adenosina (ATP), reduzindo o estoque corporal de fósforo;
  • A hipofosfatemia é considerada a marca registrada e o distúrbio eletrolítico mais comum dessa síndrome por muitos autores. Além disso, essa baixa concentração de fosfato está relacionada com a disfunção da musculatura respiratória e a redução da contratilidade miocárdica;
  • Complicação potencialmente fatal da terapia nutricional. O seu diagnóstico e tratamento devem ser realizados precocemente.
  • Desnutrição ou jejum prologado anterior à reintrodução alimentar;
  • Ofertar valor energético total (VET) de modo precoce (< 48 a 72 horas) por via enteral ou parenteral;
  • Não contabilizar calorias não nutricionais (propofol, soro glicosado, citrato) na oferta calórico-proteica;
  • Hipofosfatemia, hipocalemia e/ou hipomagnesemia prévias;
  • Anorexia nervosa e/ou distúrbios alimentares;
  • Etilismo crônico;
  • Pacientes oncológicos;
  • Idosos frágeis.
    Critérios diagnósticos:
  • Desenvolvimento de hipofosfatemia, e/ou hipocalemia, e/ou hipomagnesemia, e/ou disfunção orgânica relacionada com alteração eletrolítica, em até 5 dias após introdução da dieta enteral e/ou parenteral;
  • Recomendam-se dosar fósforo, potássio e magnésio regularmente (1x/dia) após introdução da dieta enteral e/ou parenteral para confirmar o diagnóstico e realizar o tratamento precoce da síndrome de realimentação. [cms-watermark]
    Classificação (redução de fósforo e/ou potássio e/ou magnésio):
  • Leve: R edução de 10-20%;
  • Moderada: R edução de 20-30%;
  • Grave: Redução > 30% e/ou disfunção orgânica pela alteração eletrolítica ou deficiência de tiamina.
  • Insuficiência cardíaca congestiva;
  • Arritmias;
  • Edema periférico;
  • Rabdomiólise;
  • Hemólise;
  • Insuficiência respiratória;
  • Convulsão.
    Prevenção:
  • Introdução lenta e gradual da oferta calórico-proteica em pacientes com fatores de risco, além de monitoramento diário de eletrólitos e disfunções orgânicas relacionadas;
  • Suplementar Tiamina 100-200 mg EV/dia.
    Tratamento:
  • Reposição eletrolítica e dosagem de eletrólitos 2-3x/dia;
  • Reduzir oferta cálorica (25-50%) por 48 horas e realizar reintrodução gradual;
  • Tiamina 500 g a cada 8 horas EV, se encefalopatia de Wernicke.

Autoria principal: Yuri Albuquerque (Medicina Intensiva).

Revisão: Vinicius Zofoli (Terapia Intensiva).

    Equipe adjunta:
  • Rafael Arruda Alves (Emergencista com especialidade em Emergência Pediátrica e Medicina Intensiva).

Singer P, Blaser AR, Berger MM, et al. ESPEN guideline on clinical nutrition in the intensive care unit. Clin Nutr. 2019; 38(1):48-79.

Compher C, Bingham AL, McCall M, et al. Guidelines for the provision of nutrition support therapy in the adult critically ill patient: The American Society for Parenteral and Enteral Nutrition. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2022; 46(1):12-41.

Doig GS, Simpson F, Heighes PT, et al. Restricted versus continued standard caloric intake during the management of refeeding syndrome in critically ill adults: a randomised, parallel-group, multicentre, single-blind controlled trial. Lancet Respir Med. 2015; 3(12):943-952.

Adika E, Jia R, Li J, et al. Evaluation of the ASPEN guidelines for refeeding syndrome among hospitalized patients receiving enteral nutrition: a retrospective cohort study. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2022; 46(8):1859-1866.

Silva JSV, Seres DS, Sabino K, et al. ASPEN consensus recommendations for refeeding syndrome. Nutr Clin Pract. 2020; 35(2):178‐195.

Mehanna HM, Moledina J, Travis J. Refeeding syndrome: what it is, and how to prevent and treat it. BMJ. 2008; 336(7659):1495-1498.