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uporte nutricional realizado por meio de fórmula alimentar completa, administrada por uma sonda inserida no trato gastrintestinal (TGI) que fornece calorias, proteínas, eletrólitos, vitaminas, minerais, oligoelementos e fluidos pela via intestinal, para pacientes que não conseguem suprir suas necessidades de nutrientes pela via oral, mas ainda apresentam um TGI funcionante.
A TNE é indicada para pacientes com o TGI funcionante, com comprimento e capacidade absortiva suficientes, quando a ingestão por via oral, parcial ou total , não for suficiente para suprir 60% das necessidades nutricionais diárias; e/ou quando o paciente estiver desnutrido ou em risco nutricional, com disfagia ou risco iminente de broncoaspiração .
Uma vez estabelecido que um paciente em estado grave deverá receber suporte nutricional, suas necessidades nutricionais devem ser avaliadas e identificadas, para selecionar a formulação e a taxa de administração apropriadas.
A avaliação de resíduo gástrico para monitorar tolerância da dieta enteral
não deve
ser realizada;
Pode-se fornecer a mesma densidade calórica com diferentes proporções de carboidratos e gorduras;
A nutrição enteral (NE) padrão fornece de 40 a 60% de calorias de carboidrato e 30 a 40% de calorias de gordura. A NE de baixo teor de carboidratos/alto teor de gorduras, normalmente, provê de 28 a 40% de calorias de carboidratos e de 40 a 55% de calorias de gordura.
A dieta com alto teor lipídico e baixo teor de carboidratos foi desenvolvida com a intenção de manipular coeficiente respiratório e reduzir produção de dióxido de carbono. Apesar dessa estratégia, a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN) recomenda não utilizar fórmulas em pacientes em estado crítico com disfunção pulmonar.
Existem fórmulas com diferentes densidades calóricas, como: 1 kcal/mL, 1,25 kcal/mL ou 1,5 kcal/mL. Fórmulas com mais densidade calórica podem alcançar a meta de calorias com infusão de menor volume de dieta, sendo mais apropriadas quando existe necessidade de restrição hídrica.
O alvo de proteínas na dieta enteral é de 1,2 a 2 g/kg/dia. Podem ser necessários módulos de proteína para suplementar a dieta enteral objetivando o alcance dessa meta.
A NE com baixo teor proteico não é recomendada como regime de rotina para pacientes com doença renal aguda ou crônica.
A NE padrão fornece um conteúdo proteico não hidrolisado de cerca de 35 a 55 g/1.000 mL.
Para os pacientes em estado crítico, os dados publicados até o momento são insuficientes para recomendar o uso rotineiro de fibras (solúvel ou insolúvel) em fórmulas enterais.
As fibras podem ser prejudiciais em condições de instabilidade hemodinâmica, pelo risco de isquemia intestinal, devido à motilidade intestinal significativamente reduzida nessa situação. Assim, qualquer tipo de fibra (solúvel e insolúvel) deve ser evitado em pacientes com risco de isquemia intestinal ou dismotilidade importante.
Não se recomenda o uso rotineiro de suplementação de glutamina enteral em pacientes em estado crítico.
Autoria principal:
Luiza Ruschel Siffert (Clínica Médica, Endocrinologia e Nutrologia).
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