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Anestesia Local para Pequenos Procedimentos

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Definição: Anestesia local consiste em uma técnica que bloqueia temporariamente a sensação de dor em uma área específica do corpo, sem alterar o nível de consciência. É realizada através da aplicação local de um medicamento que interrompe a transmissão de impulsos nervosos na região, impedindo a sensação de dor e o nível de consciência. É realizada através da aplicação local de um medicamento que interrompe a transmissão de impulsos nervosos na região, impedindo a sensação de dor.

Sinônimos: anestesia regional superficial; anestesia por infiltração; anestesia locorregional.

Os anestésicos locais atuam bloqueando, de forma reversível, os canais de sódio dependentes de voltagem nas membranas neuronais. Com isso, a condução do impulso nervoso é impedida, ocorrendo perda temporária de sensibilidade na região infiltrada pela medicação.

É indicada para procedimentos simples que envolvam pequenas áreas do corpo ou como coadjuvantes a outras técnicas anestésicas, a fim de melhorar sua qualidade ou para analgesia pós-operatória.

  • Sutura de ferimentos cutâneos;
  • Pequenas incisões e drenagem de abscessos;
  • Biópsias cutâneas ou de tecidos superficiais;
  • Remoção de lesões cutâneas e subcutâneas;
  • Remoção de corpo estranho;
  • Procedimentos diagnósticos/terapêuticos como punção lombar , paracentese , toracocentese , entre outros; [cms-watermark]
  • Procedimentos minimamente invasivos em consultório ou pronto atendimento.
  • Hipersensibilidade conhecida ao anestésico local (Pacientes com anafilaxia relacionada a anestésicos locais não devem receber nenhum outro fármaco dessa categoria. No caso de alergias de outro tipo (não-anafilaxia) a um anestésico local, podem ser usados, com cuidado, medicações de outra classe de anestésico);
  • Grandes lacerações (chance de superar a dose máxima permitida do anestésico. Nessa situação, devemos usar bloqueios regionais ou anestesia geral);
  • Presença de infecção importante local;
  • Solução de lidocaína com vasoconstritor, não deve ser utilizada nas seguintes situações:
    • Anestesia de dedos;
    • Infiltração periorbital no glaucoma de ângulo fechado;
    • Pacientes em uso de lurasidona ou ergotamina;
    • Presença de comorbidade que pode ser exacerbada com epinefrina (hipertensão grave, hipertireoidismo, DAC, feocromocitoma).
    Uso com maior cuidado:
  • Doenças cardiovasculares graves (se houver necessidade de vasoconstritores);
  • Uso concomitante de anticoagulantes (aumenta risco de hematoma);
  • Alterações da coagulação;
  • Insuficiência hepática ou renal grave (podem alterar metabolismo e excreção de anestésicos).
    Agentes mais utilizados:
  • Lidocaína (xilocaína): início rápido (3-15 minutos), duração intermediária (60-120 minutos - sem e com vasoconstritor, respectivamente);
  • Bupivacaína: início mais lento (10-20 minutos), porém com maior duração (2-6 horas - sem e com vasoconstritor, respectivamente);
  • Ropivacaína: latência longa (15-30 minutos), duração longa (até 24 horas, dependendo da concentração) e maior relação bloqueio sensitivo/bloqueio motor quando comparada com a bupivacaína.
    Associação com vasoconstritor:
  • Adrenalina (epinefrina) em baixas concentrações (1:100.000 a 1:200.000) pode ser adicionada para reduzir a absorção sistêmica, prolongar a duração e reduzir sangramento local;
  • Contraindicado em áreas com circulação terminal (dedos, nariz, orelhas e pênis), devido ao risco de necrose por isquemia.
  • EPI: touca + máscara + luvas de procedimento ou estéreis, conforme o caso;
  • Clorexidina degermante + clorexidina alcoólica;
  • Gazes estéreis;
  • Pinça (auxílio da antissepsia);
  • Campo estéril;
  • Anestésico local (lidocaína 2% , por exemplo). Observação: Lidocaína com vasoconstritor: 7 mg/kg (máx. 500 mg) e Lidocaína 2% sem vasoconstritor: 4 mg/kg (máx. 300 mg) ;
  • Soro fisiológico 0,9% 10 ml;
  • 1 seringa 1 ml + 1 seringa 10 ml;
  • 1 agulha hipodérmica + 1 agulha de ponta romba.
  1. Identificação e preparo do paciente: explicar o procedimento, verificar alergias, contraindicações e obter o consentimento.
  2. Colocação de touca e máscara cirúrgica.
  3. Higienização das mãos e colocação das luvas.
  4. Antissepsia da pele na região do procedimento com auxílio da pinça.
  5. Aspiração do anestésico para a seringa em condições assépticas, retirando eventuais bolhas de ar.
  6. Inserção da agulha em ângulo baixo em relação à pele.
  7. Aspiração prévia antes da injeção, confirmando que não houve punção vascular inadvertida.
  8. Infiltração lenta do anestésico em pequenas quantidades, formando discreto abaulamento da pele.
  9. Distribuição em leque ou em torno da lesão (quando necessário), respeitando os limites anatômicos e a área a ser anestesiada.
  10. Aguardar o tempo de latência, geralmente 1 a 3 minutos para lidocaína, antes de iniciar o procedimento.
  11. Testar a sensibilidade local antes de iniciar o procedimento.
  12. Em feridas abertas, limpar a laceração após a anestesia tópica, com soro fisiológico em temperatura ambiente.

Procedimento em Vídeo

  • Sempre aspirar antes de injetar qualquer anestésico local;
  • Utilizar a menor dose efetiva possível;
  • Não utilizar vasoconstritor em áreas com risco de necrose;
  • Ter material de emergência disponível (oxigênio, acesso venoso e fármacos para suporte hemodinâmico, por exemplo);
  • Avaliar se existe necessidade de sedação leve para auxiliar no procedimento, em pacientes não cooperativos.
    Locais:
  • Dor à infiltração da medicação;
  • Hematoma;
  • Infecção;
  • Necrose (se houver uso inadequado de vasoconstritor);
  • Injeção intraneural;
  • Lesão nervosa;
  • Reações alérgicas locais.
    Sistêmicas (por injeção intravascular inadvertida ou excesso de dose):
  • Neurológicas: parestesias, zumbido, gosto metálico e dormência na boca, tinido, confusão mental, crise convulsiva e rebaixamento do nível de consciência;
  • Cardiovasculares: bradicardia, bloqueio atrioventricular, arritmias ventriculares e PCR;
  • Sintomas adrenérgicos (se usada solução com vasoconstritor);
  • Síndrome vasovagal;
  • Reação alérgica.

Autoria principal: Vanessa Nascimento (Cirurgia Pediátrica Geral e Cirurgia Pediátrica Oncológica).

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