'
Dispositivo de assistência circulatória indicado para suporte hemodinâmico em casos de choque cardiogênico e isquemia miocárdica.
O balão intra-aórtico (BIA) é composto por um cateter com dois lúmens, um para monitorização de pressão arterial, infusão de líquidos e retirada de sangue, e outro para insuflação do balão com gás hélio.
Possui um console externo programado para comandar o balão de acordo com determinados parâmetros e monitorização hemodinâmica.
O cateter é geralmente inserido na artéria femoral e deve ser posicionado na aorta descendente, 1 cm após a emergência da artéria subclávia esquerda.
Para isso, o método mais correto é a utilização da fluoroscopia. Entretanto, quando esta não está disponível, pode-se utilizar o próprio cateter para uma medida proporcional e realizar a passagem à beira do leito.
Acima do campo estéril, deve-se medir a distância entre o local de inserção (artéria femoral) até o centro da região pubiana em linha reta diagonal e, a partir daí, levar o cateter em linha reta vertical até a fúrcula esternal.
Essa distância marca, de forma indireta, o quanto o cateter deve ser introduzido.
Recomenda-se campos estéreis de grande tamanho e a verificação da posição do cateter através da radiografia de tórax quando este for inserido “às cegas”.
No raio X de tórax, sua ponta radiopaca fica posicionada ao nível da carina e ao menos 2 cm abaixo do botão aórtico.
Se posicionado baixo, na insuflação, pode ocluir a artéria renal e acarretar injúria renal aguda.
Após a inserção do BIA, ele deve ser conectado ao domo para a obtenção da curva de pressão arterial invasiva e ao console para o controle da insuflação de gás hélio deste.
O balão se enche de gás no início da diástole, logo após o fechamento da válvula aórtica, e esvazia no início da sístole.
O controle da insuflação e desinsuflação do balão é realizado através da curva de pressão ou do eletrocardiograma (também presente no console).
Os consoles mais modernos ajustam o funcionamento automaticamente.
É possível controlar a intensidade e momento (no ciclo cardíaco) da insuflação do balão, pausar o funcionamento do dispositivo, definir alarmes, entre outras funções.
O suporte geralmente é feito 1:1 (uma assistência para cada batimento cardíaco), podendo-se realizar desmame deixando o suporte 1:2 e até 1:3, a depender da clínica do paciente.
A insuflação do BIA leva ao deslocamento do sangue para a aorta proximal durante a diástole.
Na sístole, o efeito de vácuo gerado pela rápida desinsuflação do BIA, reduz o volume aórtico e, consequentemente, a pós-carga.
As alterações hemodinâmicas dependerão de vários fatores, tais como: Tamanho do balão, posição do balão na aorta, frequência cardíaca, ritmo cardíaco, complacência da parede da aorta, resistência arterial periférica.
Desinsuflação precoce:
Reduz o aumento do fluxo retrógrado aórtico na diástole e a queda da pós-carga, podendo piorar a isquemia coronariana, congestão pulmonar e a hipotensão.
Insuflação precoce:
S
eria o BIA indo contra a contração miocárdica na sístole, o que aumenta a pós-carga e piora o débito cardíaco.
Desinsuflação tardia:
A
umenta a pós-carga no início da sístole e aumenta a demanda do miocárdio por oxigênio e piora o débito cardíaco.
Insuflação tardia:
Reduz o tempo de assistência diastólica, reduzindo o aumento de perfusão coronariana e a PAD.
O tempo de permanência do balão deve seguir a clínica, e o dispositivo deve ser usado enquanto os benefícios superarem os riscos.
Assim que o paciente obtiver estabilidade do quadro ou for corrigido o fator que desencadeou a indicação do implante do balão, o mesmo deve ser retirado.
Geralmente, o dispositivo não deve ficar mais de 1 mês no mesmo sítio devido às infecções locais e de corrente sanguínea associadas ao cateter.
Autoria principal: Gabriel Quintino Lopes (Clínica Médica e Cardiologia).
Revisão:
Sara Del Vecchio Ziotti (Clínica Médica e Cardiologia).
Weber KT, Janicki JS. Intraaortic balloon counterpulsation. A review of physiological principles, clinical results, and device safety. Ann Thorac Surg. 1974; 17(6):602-636.
Marchionni N, Fumagalli S, Baldereschi G, et al. Effective arterial elastance and the hemodynamic effects of intraaortic balloon counterpulsation in patients with coronary heart disease. Am Heart J. 1998; 135(5 Pt 1):855-861.
Port SC, Patel S, Schmidt DH. Effects of intraaortic balloon counterpulsation on myocardial blood flow in patients with severe coronary artery disease. J Am Coll Cardiol. 1984; 3(6):1367-1374.
Williams DO, Korr KS, Gewirtz H, et al. The effect of intraaortic balloon counterpulsation on regional myocardial blood flow and oxygen consumption in the presence of coronary artery stenosis in patients with unstable angina. Circulation. 1982; 66(3):593-597.
Mueller H, Ayres SM, Conklin EF, et al. The effects of intra-aortic counterpulsation on cardiac performance and metabolism in shock associated with acute myocardial infarction. J Clin Invest. 1971; 50(9):1885-1900.
Ferguson JJ 3rd, Cohen M, Freedman RJ Jr, et al. The current practice of intra-aortic balloon counterpulsation: results from the Benchmark Registry. J Am Coll Cardiol. 2001; 38(5):1456-1462.
Lincoff AM, Popma JJ, Ellis SG, et al. Percutaneous support devices for high risk or complicated coronary angioplasty. J Am Coll Cardiol. 1991; 17(3):770-780.
Perera D, Stables R, Clayton T, et al. Long-term mortality data from the balloon pump-assisted coronary intervention study (BCIS-1): a randomized, controlled trial of elective balloon counterpulsation during high-risk percutaneous coronary intervention. Circulation. 2013; 127(2):207-212.
Kushner FG, Hand M, Smith SC Jr, et al. 2009 focused updates: ACC/AHA guidelines for the management of patients with ST-elevation myocardial infarction (updating the 2004 guideline and 2007 focused update) and ACC/AHA/SCAI guidelines on percutaneous coronary intervention (updating the 2005 guideline and 2007 focused update) a report of the American College of Cardiology Foundation/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines [published correction appears in J Am Coll Cardiol. 2009; 54(25):2464] [published correction appears in J Am Coll Cardiol. 2010; 55(6):612. Dosage error in article text]. J Am Coll Cardiol. 2009; 54(23):2205-2241.
Patel MR, Smalling RW, Thiele H, et al. Intra-aortic balloon counterpulsation and infarct size in patients with acute anterior myocardial infarction without shock: the CRISP AMI randomized trial. JAMA. 2011; 306(12):1329-1337.
Ponikowski P, Voors AA, Anker SD, et al. 2016 ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure: The Task Force for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure of the European Society of Cardiology (ESC) Developed with the special contribution of the Heart Failure Association (HFA) of the ESC [published correction appears in Eur Heart J. 2016]. Eur Heart J. 2016; 37(27):2129-2200.
Ibanez B, James S, Agewall S, et al. 2017 ESC Guidelines for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation: The Task Force for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J. 2018; 39(2):119-177.
Thiele H, Zeymer U, Thelemann N, et al. Intraaortic Balloon Pump in Cardiogenic Shock Complicating Acute Myocardial Infarction: Long-Term 6-Year Outcome of the Randomized IABP-SHOCK II Trial. Circulation. 2019; 139(3):395-403.