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O bougie é um dispositivo que pode auxiliar o procedimento de intubação orotraqueal (IOT). O dispositivo é útil especialmente nos pacientes com Cormack-Lehane IIb-III, nos quais as pregas vocais são parcialmente visíveis ou apenas a epiglote é visualizada. Apesar disso, ele pode ser empregado mesmo em pacientes com Cormack-Lehane I-IIa, auxiliando na IOT, reduzindo complicações. No entanto, existe uma curva de aprendizado para o seu uso, a fim de reduzir o tempo necessário para IOT e evitar lesões iatrogênicas de traqueia causadas pelo dispositivo.
O bougie deve fazer parte do material disponível para auxílio na abordagem da via aérea em toda sala de emergência e UTI.
Cormack-Lehane IV.
1. Realize as etapas de preparação, pré-oxigenação, posicionamento, sedação e bloqueio neuromuscular habitualmente.
2. Realize laringoscopia com laringosgópio convencional ou vídeo-laringoscópio.
3. Visualize as pregas vocais (Cormack-Lehane I-II) ou a epiglote (Cormack-Lehane III).
4. Introduza o bougie através das pregas vocais, com a curvatura do dispositivo voltada para cima.
5. No paciente com visualização apenas da epiglote introduza o bougie imediatamente abaixo dela, também com a curvatura voltada para cima.
7. Jamais introduza o bougie contra resistência. Interrompa a progressão do dispositivo ao menor sinal de resistência à sua passagem.
8. Ainda mantendo visualização com laringoscopia, use o bougie como guia para passagem do tubo orotraqueal (TOT) até a via aérea. A lubrificação do interior do TOT com Lidocaína auxilia nesse procedimento.
9. Introduzir o TOT até a posição adequada.
10. Pode ser necessário realizar uma rotação de 90º do TOT no sentido anti-horário se sua ponta atingir a cartilagem aritenoide, impedindo sua entrada na via aérea.
11. Retire o bougie com cuidado para evitar tracionar o TOT, ainda mantendo laringoscopia direta.
12. Visualize se o TOT se mantém na posição desejada.
13. Insuflar o cuff do TOT e realizar os cuidados pós-intubação de forma habitual.
Autoria principal: Vinicius Zofoli (Terapia Intensiva).
Revisão:
Filipe Amado (Medicina Intensiva e Medicina de Emergência).
Brown CA. The Walls Manual of Emergency Airway Management. 6th ed. Alphen aan den Rijn: Wolters Kluwer, 2022.
Heidegger T. Management of the Difficult Airway. N Engl J Med. 2021; 384(19):1836-47.
Driver BE, Prekker ME, Klein LR, et al. Effect of Use of a Bougie vs Endotracheal Tube and Stylet on First-Attempt Intubation Success Among Patients With Difficult Airways Undergoing Emergency Intubation: A Randomized Clinical Trial. JAMA. 2018; 319(21):2179-89.
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