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Cânula Nasal de Alto Fluxo

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Definição: A cânula nasal de alto fluxo (CNAF) é um tipo de suporte ventilatório não invasivo. Trata-se de técnica respiratória que fornece oxigênio a alto fluxo, umidificado e aquecido, via cânula nasal.

  1. A CNAF pode ser administrada tanto a partir de ventiladores mecânicos convencionais com o modo CNAF instalado quanto a partir de consoles próprios para CNAF.
  2. A característica principal da CNAF é permitir maiores fluxos de oxigênio (até 60L/minuto), de forma umidificada e aquecida, promovendo um efeito PEEP-like (de até 7 cmH 2 O, no paciente com a boca fechada).
  3. Outra característica importante é garantir uma FiO 2 precisa, uma vez setada, diferente dos dispositivos de baixo fluxo (cateter nasal tipo óculos, máscara concentradora), através dos quais podemos estimar a FiO 2 utilizada.
  4. Atenção! Importante prestar atenção na termoumidificação associada ao dispositivo, geralmente otimizada em 37°C. Alguns pacientes podem demandar uma menor temperatura.
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  • Insuficiência respiratória aguda hipoxêmica: Considerada como primeira linha para tal indicação;
  • Insuficiência respiratória aguda pós-extubação: Sugere-se o uso da CNAF em comparação ao uso convencional de oxigênio após extubação para pacientes intubados por mais de 24 horas e que tenham alguma condição de alto risco para reintubação;
  • Fatores de risco para reintubação: Pelo menos um fator, dos seguintes:
    • Idade > 65 anos;
    • Insuficiência cardíaca congestiva;
    • DPOC moderado a grave;
    • APACHE II > 12;
    • IMC > 30;
    • Desmame ventilatório difícil;
    • Duas ou mais comorbidades ou duração de ventilação mecânica > 7 dias.
  • Período peri-intubação: Para pacientes que já estão recebendo CNAF, sugere-se manter a CNAF durante o processo peri-intubação;
  • Período pós-operatório: Em pacientes de alto risco e/ou obesos, submetidos à cirurgia cardíaca ou torácica, sugere-se o uso da CNAF em comparação ao uso convencional de oxigênio para prevenir falência respiratória no período pós-operatório imediato;
  • Atenção! Sugere-se contra o uso profilático da CNAF para prevenção de falência respiratória em outros perfis de pacientes no período pós-operatório.

O benefício em pacientes com insuficiência respiratória aguda hipercápnica não está estabelecido.

  • Indicação de intubação endotraqueal;
  • Parada cardiorrespiratória iminente.

Requisitos básicos para uso: Pronta disponibilidade na unidade para uso imediato, equipe treinada na técnica. Em caso de Covid-19, deve-se providenciar a utilização adequada de EPIs para aerossolização.

A cânula deve ter tamanho adequado para as narinas . O paciente deve ser orientado a tentar manter a boca fechada a maior parte do tempo.

Guia Prático

Iniciar com fluxo de 40 L/minuto. Titular ao maior valor tolerado para manter FR < 25 ipm, considerando também conforto e alívio da dispneia.

Titular FiO 2 (iniciar com 60%) para SpO 2 entre 94 e 96%.

Avaliar resposta em 30 a 60 minutos. Em caso de melhora (vide parâmetros de melhora), reduzir gradativamente FiO 2 .

Se melhora após 24 horas da terapia, desmame o fluxo, reduzindo 5 L/minuto a cada 6 horas. [cms-watermark]

Descontinuar a terapia se fluxo < 15 L/minuto. Modificar para cateter nasal conforme SpO 2 (entre 94 e 96%).

Atenção! Se você optou pela ventilação não invasiva ou CNAF e não é possível reunir todas as condições acima, respectivamente para cada item, associadas à ausência de equipe treinada nos dispositivos de VNI ou CNAF, evite o uso desses dispositivos. Nesses casos, intube o paciente.

São dois momentos: Reavaliação inicial imediata e reavaliação seriada pelo índice ROX.

Reavaliação Inicial Imediata

Avaliar a resposta do paciente em 30 a 60 minutos do início do suporte ventilatório com CNAF:

    Critérios para intubação endotraqueal (falência de terapia):
  • Dispneia progressiva ou sem melhora;
  • Ausência de melhora da oxigenação e/ou SpO 2 < 90% por mais de 5 minutos;
  • Ausência de melhora nos sinais de fadiga respiratória;
  • Secreções traqueais abundantes;
  • Acidose respiratória com pH < 7,3 a despeito do uso da máscara facial para VNI;
  • Intolerância à utilização do dispositivo.

Reavaliação Seriada pelo Índice ROX

Para os pacientes que tiveram boa resposta à avaliação inicial imediata (melhora da frequência respiratória, alívio da dispneia e melhora da oxigenação).

Realizar no mínimo três avaliações do ROX Index nas primeiras 12 horas, conforme fluxograma abaixo.

Texto alternativo para a imagem

Autoria principal: Filipe Amado (Medicina Intensiva e Medicina de Emergência).

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