Definição:
Técnica para coleta do exame citopatológico de colo de útero, também conhecido como Papanicolau.
O exame citopatológico de colo de útero é realizado com o objetivo de rastrear o câncer de colo de útero. Ele identifica alterações celulares e lesões que podem preceder ou já indicar neoplasia.
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A qualidade do exame citopatológico e de sua coleta é fundamental para o sucesso das ações de rastreamento.
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Veja mais informações sobre a rotina de rastreio e as condutas para cada resultado do exame em Rastreamento de Câncer de Colo de Útero.
Veja mais informações também em Câncer de Colo de Útero.
Mulheres com indicação de rastreio ou acompanhamento para câncer de colo de útero.
Mulheres sem história de atividade sexual não possuem indicação para rastreamento do câncer do colo do útero.
Equipamento do consultório:
Mesa ginecológica;
Escada de dois degraus;
Mesa auxiliar;
Foco de luz com cabo flexível;
Biombo ou local reservado para troca de roupa;
Cesto de lixo.
Material:
Espéculo de tamanhos variados, preferencialmente descartáveis;
Lâminas de vidro com extremidade fosca;
Espátula de Ayre;
Escova endocervical;
Par de luvas descartáveis;
Pinça de Cherron;
Solução fixadora, álcool a 96% ou
spray
de polietilenoglicol;
Gaze;
Recipiente para acondicionamento das lâminas mais adequado para o tipo de solução fixadora adotada pela unidade, tais como: frasco porta-lâmina, tipo tubete, ou caixa de madeira ou plástica para transporte de lâminas;
Formulários de requisição do exame citopatológico;
Fita adesiva de papel para a identificação dos frascos;
Lápis grafite ou preto nº 2;
Avental ou camisola, preferencialmente descartáveis;
Lençol, preferencialmente descartável.
Orientar a paciente a evitar lubrificantes, espermicidas ou medicamentos vaginais por 48 horas antes da coleta.
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Exames intravaginais, como a ultrassonografia, também devem ser evitados nas 48 horas anteriores à coleta.
O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode prejudicar o diagnóstico citopatológico. Deve-se aguardar o quinto dia após o término da menstruação.
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Lavar as mãos com água e sabão e secá-las com papel-toalha, antes e após o atendimento.
A mulher deve ser colocada na posição ginecológica adequada, o mais confortável possível.
Cubra-a com o lençol.
Posicionar o foco de luz.
Colocar as luvas descartáveis.
Sob boa iluminação, observar atentamente os órgãos genitais externos, prestando atenção à distribuição dos pelos, à integralidade do clitóris, do meato uretral, dos grandes e pequenos lábios, à presença de secreções vaginais, de sinais de inflamação, de veias varicosas e outras lesões como úlceras, fissuras, verrugas e tumorações.
Colocar o espéculo, que deve ter o tamanho escolhido de acordo com as características perineais e vaginais da mulher a ser examinada. Não deve ser usado lubrificante, mas, em casos selecionados, principalmente em mulheres idosas com vaginas extremamente atróficas, recomenda-se molhar o espéculo com soro fisiológico.
O espéculo deve ser introduzido suavemente, em posição vertical e ligeiramente inclinado de maneira que o colo do útero fique exposto completamente, o que é imprescindível para a realização de uma boa coleta.
Iniciada a introdução, fazer uma rotação deixando-o em posição transversa, de modo que a fenda da abertura do espéculo fique na posição horizontal. Uma vez introduzido totalmente na vagina, abrir lentamente e com delicadeza.
Na dificuldade de visualização do colo, sugira que a mulher tussa, não surtindo efeito, solicite ajuda de outro profissional mais experiente.
Nessa fase do exame, também é importante a observação das características do conteúdo e das paredes vaginais, bem como as do colo do útero. Os dados da inspeção do colo do útero são muito importantes para o diagnóstico citopatológico e devem ser relatados na requisição do exame citopatológico.
A coleta do material deve ser realizada na ectocérvice e na endocérvice em lâmina única. A amostra de fundo de saco vaginal não é recomendada, pois o material coletado é de baixa qualidade para o diagnóstico oncótico.
Para coleta na ectocérvice, utiliza-se espátula de Ayre, do lado que apresenta reentrância. Encaixar a ponta mais longa da espátula no orifício externo do colo, apoiando-a firmemente, fazendo uma raspagem em movimento rotativo de 360° em torno de todo o orifício cervical, para que toda superfície do colo seja raspada e representada na lâmina, procurando exercer uma pressão firme, mas delicada, sem agredir o colo, para não prejudicar a qualidade da amostra.
Reserve a espátula para colocação do material na lâmina apenas após a coleta endocervical.
Para coleta na endocérvice, utilizar a escova endocervical. Recolher o material introduzindo a escova endocervical e fazer um movimento giratório de 360°, percorrendo todo o contorno do orifício cervical.
Estender o material sobre a lâmina de maneira delicada para a obtenção de um esfregaço uniformemente distribuído, fino e sem destruição celular. A amostra ectocervical deve ser disposta no sentido transversal, na metade superior da lâmina, próximo da região fosca, previamente identificada com as iniciais da mulher e o número do registro. O material retirado da endocérvice deve ser colocado na metade inferior da lâmina, no sentido longitudinal.
O esfregaço obtido deve ser imediatamente fixado para evitar o dessecamento do material. É importante observar a validade do fixador. Na fixação com álcool a 96%, considerada mundialmente como a melhor para os esfregaços citológicos, a lâmina deve ser colocada dentro do frasco com álcool em quantidade suficiente para que todo o esfregaço seja coberto, fechar o recipiente cuidadosamente e envolvê-lo com a requisição. Na fixação com
spray
de polietilenoglicol, borrifa-se a lâmina, que deve estar em posição horizontal, imediatamente após a coleta, com o spray fixador, a uma distância de 20 cm. Acondiciona-se cuidadosamente a lâmina em uma caixa de lâminas revestida com espuma de náilon e papel, a fim de evitar a quebra, para o transporte ao laboratório, lacrando-se a tampa da caixa com fita gomada.
Fechar o espéculo não totalmente, evitando beliscar a mulher.
Retirar o espéculo delicadamente, inclinando levemente para cima, observando as paredes vaginais.
Retirar as luvas.
Auxiliar a mulher a descer da mesa.
Solicitar que ela troque de roupa.
Enfatizar a importância do retorno para o resultado e, se possível, agendar conforme rotina da unidade básica de saúde.
As lâminas devem ser enviadas para o laboratório devidamente acondicionadas e acompanhadas dos formulários de requisição. O formulário deve estar devidamente preenchido e a identificação coincidente com a do frasco ou da caixa de porta-lâmina e as iniciais da lâmina.
Existe a possibilidade de ocorrer um pequeno sangramento depois da coleta, que cessa sozinho. Também existe a possibilidade de a mulher referir cólicas durante a coleta. Não há maiores complicações associadas ao procedimento.
Autoria principal:
Renato Bergallo (Medicina de Família e Comunidade).
Duncan BB, Schmidt MI, Giuliani ERJ. Medicina Ambulatorial: Condutas de Atenção Primária Baseadas em Evidências. 4 ed. Porto Alegre: Artmed; 2022.
Protocolo Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Lesões pré-invasivas da vulva, da vagina e do colo uterino. Protocolos Febrasgo Ginecologia nº 7 [Internet]. Rio de Janeiro: Febrasgo; 2021. (Accessed on August 15, 2024).
Gusso G, Lopes JMC. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. 2 ed. Porto Alegre: Artmed; 2019.
Ministério da Saúde (BR). Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres/ Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Brasília: Ministério da Saúde;
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2016.
Public Health England. NHS cervical screening programme: colposcopy and programme management. 3rd ed. London: PHE; 2016.
World Health Organization. Comprehensive cervical cancer control: a guide to essential practice. 2nd ed. Geneva: WHO; 2014.