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Culdocentese

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Definição: Consiste na aspiração do líquido peritoneal através do fundo de saco de Douglas pelo fórnice vaginal posterior. Atualmente, é um procedimento pouco realizado, sendo praticado, basicamente, em locais onde a ultrassonografia não se encontra disponível.

A culdocentese foi inicialmente descrita para casos de suspeita de hemoperitôneo secundário a gestação ectópica , cisto ovariano roto ou doença inflamatória pélvica.

Todavia, com o avanço das técnicas diagnósticas, foi amplamente substituída pela avaliação radiológica da pelve (ex.: ultrassonografia), punção de líquido guiada por imagem e cirurgia minimamente invasiva, fazendo com que o procedimento caísse em desuso na prática atual.

  • Gestação ectópica rota;
  • Doença inflamatória pélvica;
  • Cisto ovariano roto;
  • Mensuração de marcadores tumorais no líquido peritoneal.
  • Cisto, nódulo ou outras estruturas com potencial de contaminar a cavidade peritoneal em caso de perfuração;
  • Estrutura que impeça o acesso à cavidade peritoneal (ex.: útero retrovertido fixo) e, consequentemente, ao líquido peritoneal.
  • 1 espéculo de Graves;
  • 1 par de luva estéril;
  • 1 pinça Allis;
  • 1 seringa de 20 mL;
  • 1 agulha calibre 16 ou 18;
  • Antisséptico (ex.: Iodopovidona);
  • Gaze;
  • Anestésico tópico (ex.: Lidocaína 2%).
  1. Paciente em posição litotômica com cabeceira elevada a 60º, para promover acumulo do líquido peritoneal no fundo de saco.
  2. Introduzir o espéculo de Graves.
  3. Realizar assepsia vaginal e do colo uterino.
  4. Aplicar anestésico tópico em fórnix vaginal posterior.
  5. Pinçar lábio superior do colo uterino com pinça Allis, realizando tração superior para promover exposição do fórnix vaginal posterior.
  6. Inserir a agulha acoplada a seringa (contendo 5 mL de ar ou solução salina a 0.9%) pelo fórnix vaginal posterior, sentido levemente caudal, distando 1-2 cm da inserção dos ligamentos uterossacros. A agulha não deve ultrapassar mais que 3-4 cm da mucosa vaginal e deve, então, ser realizada injeção do ar ou líquido da seringa.
  7. Aspirar o líquido peritoneal e remover a agulha lentamente. Em caso de resistência, reposicionar a agulha; todavia, o procedimento deve ser interrompido caso não haja sucesso após 2 ou 3 tentativas (figura abaixo).
  8. Revisar a hemostasia e retirar o material na ordem inversa de colocação.
Texto alternativo para a imagem Figura adaptada de: Hoffman BL, et al., 2014

O retorno das atividades pode ser realizado após o procedimento, caso não haja intercorrência. Em caso de dor, recomenda-se o uso de Acetaminofeno ou Ibuprofeno, se necessário. Retomar as atividades normais após o procedimento.

  • Perfuração intestinal;
  • Punção dos vasos ilíacos internos;
  • Punção do nervo obturador ou pudendo.

Todavia, quando realizada por mãos experientes, é raro haver intercorrências durante o procedimento.

Autoria principal: Camilla Luna (Ginecologista e Obstetra pela UERJ e FEBRASGO, especialista em Reprodução Humana pela AMB).

Revisão: João Marcelo Coluna (Ginecologia e Obstetrícia, com mestrado em Fisiopatologia).

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Hoffman BL, Schorge JO, Schaffer JI. Ginecologia de Williams. 2a ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

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