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Definição: A curetagem uterina pós-abortamento pode ser realizada em gestações entre 5-13 semanas, devendo previamente ser realizado o preparo do colo uterino em caso de não estar aberto.
A curetagem uterina pós-abortamento é realizada quando a paciente apresenta grande sangramento ou quando não houve eliminação espontânea dos restos ovulares durante
a conduta expectante.
Em algumas situações, como abortos com mais de 12 semanas, casos de estenose cervical,
entre outros, é necessário realizar o preparo do colo uterino com prostaglandinas antes do procedimento.
Para mais informações, acesse Abortamento.
1. Anestesia e posicionamento: A paciente é colocada na posição de litotomia e a anestesia pode ser geral, local ou bloqueio local com sedação intravenosa e antibioticoprofilaxia. Realizam-se esvaziamento vesical e toque vaginal bimanual para avaliar o tamanho do útero.
2. Histerometria: Após a assepsia e antissepsia, insere-se o espéculo de Graves, realizando o pinçamento do lábio anterior do colo uterino com pinça Pozzi para tração e estabilização do eixo uterino durante a dilatação e a curetagem. Feito isso, introduz-se uma sonda de Sims (histerômetro) delicadamente no orifício externo do colo (OEC), evoluindo a sonda pelo orifício interno do útero (OIC) até o fundo da cavidade uterina para realizar a medida do tamanho do útero. É importante não forçar os instrumentos ao se deparar com resistências devido ao risco de perfuração uterina.
3. Dilatação uterina: Após realizar a etapa 2, inicia-se a inserção dos dilatadores (ex.: Hegar, Hank ou Pratt) cervicais de calibres progressivamente maiores, visando abrir o OIC. O dilatador deve ser segurado entre o polegar e os dedos indicador e médio, e introduzido gradual e lentamente pelo OIC, sendo realizada a progressão do calibre do dilatador até que a cureta selecionada possa ser inserida.
Figura da dilatação uterina.
Adaptada de:
Hoffman BL, et al., 2014
4. Curetagem uterina: Após a realização da etapa 3, a cureta uterina é introduzida acompanhando o eixo longitudinal do corpo uterino até alcançar o fundo. Nesse momento, a superfície cortante da cureta deve ser posta em contato com o endométrio adjacente e realizados movimentos circunferenciais suaves por toda a superfície uterina; o material é coletado e enviado para estudo histopatológico. Realiza-se, então, nova histerometria para comparar o tamanho do útero final com o inicial.
5. Retirada de instrumental: Deve ser realizada na ordem inversa de colocação, procedendo-se à revisão da hemostasia vaginal previamente à retirada do espéculo de Graves.
Autoria principal: Camilla Luna (Ginecologista e Obstetra pela UERJ e FEBRASGO, especialista em Reprodução Humana pela AMB).
Revisão: João Marcelo Coluna (Ginecologia e Obstetrícia, com mestrado em Fisiopatologia).
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