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Extração a Vácuo

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Definição: Parto operatório vaginal no qual uma bomba a vácuo é utilizada como instrumento para tração do feto durante as contrações para abreviar o parto.

Apesar dos altos índices de cesárea em nosso país, a assistência ao parto normal pode ser beneficiada com o uso do vácuo extrator para abreviamento do período expulsivo, com indicações maternas e fetais para seu uso.

Sua utilização, em geral, é mais simples que o uso do fórceps, apesar de não ser desprovido de possíveis complicações maternas ou fetais. Nos EUA, 80% dos partos operatórios vaginais são procedidos com uso de vácuo extrator. [cms-watermark]

  • Suspeita de sofrimento fetal imediato ou em potencial;
  • Abreviação do segundo estágio do parto para benefício materno (ex.: exaustão materna);
  • Segundo período parto prolongado:
    • A falta de progressão contínua por 2 horas sem anestesia regional, ou 3 horas com anestesia regional em mulheres nulíparas;
    • A falta de progressão contínua por 1 hora sem anestesia regional, ou 2 horas com anestésico regional em mulheres multíparas.
  • Desproporção cefalopélvica;
  • Cabeça fetal não insinuada;
  • Idade gestacional menor que 34 semanas;
  • Condições fetais conhecidas de desmineralização óssea ou doença hemorrágica;
  • Apresentação não cefálica ou de face.
  • Todas as condições para evolução do parto normal devem ser satisfeitas;
  • Vácuo extrator.
Texto alternativo para a imagem Kit Kiwi Omni Vacuoextrator Manual
  1. Condições para aplicação vácuo extrator:
A A visar à paciente e explicar procedimento; chamar A juda; A nestesia;
B Esvaziar B exiga;
C C olo completamente dilatado com bolsa rota (amniotomia pode ser necessária);
D D eterminar variedade posição fetal; pensar em D istocia de ombro ( D esproporção fetopélvica) ;
E E quipamento ( Vácuo E xtrator) pronto e testado; E quipamento de reanimação pronto;
F Aplicação no ponto de F lexão cefálico fetal;
G G entil tração no eixo próprio do vácuo extrator
H H armonizar a tração com a contração; Abandonar o procedimento se não H ouver progressão do parto esperada;
I I ncisão da episiotomia (bastante em desuso, mas pode ser necessária);
J Remoção do vácuo extrator quando polo cefálico está J unto ao períneo

    Tempos operatórios:
  1. Localize o ponto de flexão e calcule a distância:
    • O ponto de flexão fica localizado sobre a sutura sagital a 3 cm da fontanela posterior;
    • O posicionamento correto facilita a flexão, a descida e a rotação da apresentação, pois maximiza a tração e minimiza o desprendimento da campânula. Além disso, reduz os riscos de lesão no feto e nos tecidos moles do canal de parto por oferecer o menor diâmetro da cabeça através da saída pélvica.
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    Texto alternativo para a imagem Adaptada de: Bloom SL, et al., 2021
  2. Segure e insira o vácuo:
    • Com sua mão dominante, insira a ventosa até a distância medida na etapa 1. Com a mão não dominante, afaste os pequenos lábios da vulva. [cms-watermark]
  3. Fixar a ventosa sobre o ponto de flexão:
    • A campânula estará corretamente posicionada quando uma distância de pelo menos 3 cm pode ser palpada entre o bordo anterior da campânula e a fontanela anterior e a sutura sagital passa no centro da mesma. [cms-watermark]
    Texto alternativo para a imagem
  4. Criar o vácuo e excluir tecido materno:
    • Depois de aplicar a ventosa, faça uma rigorosa inspeção (com o indicador) ao redor dos limites da campânula para verificar se não há tecido materno interposto entre a campânula e o escalpe fetal. Se presente, retire a ventosa e aplique novamente;
    • Após a certificação de que a campânula se encontra sobre o ponto de flexão e excluindo tecido materno, deve-se utilizar a bomba de vácuo até obter a pressão recomendada (450-600 mmHg). [cms-watermark]
    Texto alternativo para a imagem Criação do vácuo. Adaptada de: Clinical Innovations
  5. Iniciar tração:
    • A tração deve ser iniciada no momento da contração uterina em conjunto com a manobra de Valsava por parte da gestante;
    • O operador deve utilizar as duas mãos para efetuar a tração. Uma para fazer a tração (mão que puxa) e a outra que monitora a progressão (a mão que não puxa). A mão dominante deve ser utilizada para tracionar, tendo como função direcionar a força no eixo pélvico (oferecendo os menores diâmetros para a descida da apresentação). A mão não dominante faz uma pequena contratração (com o polegar), ao mesmo tempo que monitora a descida da apresentação e confirma se a grávida tem esforços expulsivos adequados (indicador sobre o escalpe fetal à frente da campânula);

Texto alternativo para a imagem Início da tração. Adaptada de: Clinical Innovations
    • A tração não deve ser continuada entre contrações ou quando a mãe cessar os esforços expulsivos;
    • É importante relembrar anatomia da pelve e o canal de parto que são curvos, sendo que a parte superior faz um eixo de 90 graus com a parte inferior, e que esta curvatura deve ser seguida quando se instrumenta um parto;
    • Quando a ventosa é visível na vulva, significa que já passou pelos maiores diâmetros da apresentação fetal (diâmetro biparietal). O operador deve manter a tração horizontal (ou levemente para baixo) e iniciar a proteção perineal (com a mão não dominante);
    • Quando a cabeça fetal estiver coroando, a sucção deve ser desfeita, e a campânula, removida.
Texto alternativo para a imagem
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  • Revisão de colo e das paredes vaginais: Sutura de eventuais lacerações;
  • Episiorrafia;
  • Toque retal: Realizar antes e depois da episiorrafia. Não esquecer de trocar as luvas;
  • Examinar recém-nascido: D ão indícios da precisão de aplicação;
  • Conversar com a mãe no primeiro dia: Suas impressões, suas dúvidas;
  • Fazer Paracetamol ou AINE como analgesia (se não tiver contraindicação), se necessário;
  • Tromboprofilaxia apenas se houver risco de trombose venosa profunda;
  • Monitorar diurese até 12 horas pós-parto, principalmente se a analgesia regional for realizada. Em casos de retenção urinária, avaliar volume residual;
  • Seguimento pós-parto deve ser feito nesta unidade. Fisioterapia pélvica deve ser oferecida com intuito de prevenir incontinência urinária.
    • Fetais:
    • Céfalo-hematomas; [cms-watermark]
    • Hemorragia intracraniana;
    • Hemorragia retiniana;
    • HIperbilirrubinemia;
    • Lesão neurológica;
    • Maternas:
    • Distocias de ombro;
    • Lacerações de colo uterino;
    • Lacerações vaginais;
    • Lacerações perineais de terceiro ou quarto graus.
    • Incontinência urinária ou retenção urinária;
    • Incontinência anal.

Autoria principal: João Marcelo Coluna (Ginecologia e Obstetrícia, com mestrado em Fisiopatologia).

Revisão: Camilla Luna (Ginecologista e Obstetra pela UERJ e FEBRASGO, especialista em Reprodução Humana pela AMB).

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