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Definição:
O cateter de artéria pulmonar geralmente é utilizado em pacientes críticos para diagnóstico etiológico do choque e manejo clínico adequado, porém também pode ser utilizado em pacientes estáveis no diagnóstico de hipertensão arterial pulmonar ou dispneia inexplicada. Para mais informações de indicações, contraindicações e interpretação de parâmetros, acesse Cateter de Swan-Ganz.
Figura 1.
Cateter de Swan-Ganz
O cateter de Swan-Ganz é inserido através de um introdutor ou bainha via punção venosa profunda. Os acessos de preferência são a
veia jugular interna direita
e a
veia subclávia esquerda
, pela facilidade de se posicionar o cateter na artéria pulmonar através destes sítios. Quando necessário, as veias braquial ou femoral podem ser utilizadas; para tais prefere-se a inserção com auxílio da fluoroscopia.
O ultrassom para punção deve ser utilizado sempre que possível, para segurança do paciente.
Para mais informações, acesse Punção Venosa Profunda.
O cateter será inserido pela bainha após a punção profunda, sempre protegido pela capa de proteção (camisinha). O intuito é permitir o reposicionamento do cateter em caso de deslocamento do mesmo.
O cateter de Swan-Ganz é longo, portanto, campos largos devem ser providenciados para evitar a contaminação e facilitar o manuseio do cateter. Uma enfermeira ou um médico treinados devem atentar-se à monitorização para auxiliar o médico que faz o procedimento durante o posicionamento do cateter.
O carrinho de parada cardíaca deve estar posicionado ao lado do paciente, pois complicações advindas do procedimento, como perfuração de vasos e arritmias, podem ocorrer.
Antes da inserção do cateter, cabe ao médico testar a patência do mesmo, injetando fluidos estéreis (ex.: Cloreto de sódio 0,9%) e observando sua saída na parte distal do cateter. Além disso, o balão deve ser inflado para teste e o transdutor de pressão deve ser testado. Para isso, posiciona-se o cateter na altura do coração após o zeramento e ergue-se até uma altura de 30 cm. O cateter, então, deve mostrar uma pressão de 22 mmHg, correspondente a 30 cmH
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O.
O transdutor deve ser zerado antes da inserção. Deve-se posicionar o transdutor na altura do coração com o paciente em posição supinada a 0°, abrir o circuito para o ar com o intuito de equalizar a pressão atmosférica e estabelecê-la como zero, então, zerar o sistema no monitor. Para isso, deve-se ter o auxílio da enfermagem que não está paramentada.
Após a garantia do acesso venoso e a inserção do introdutor ou bainha, deve-se inserir o cateter de artéria pulmonar que, neste momento, já está conectado ao monitor, mostrando as curvas e valores de pressões.
Após a inserção, deve-se acompanhar as curvas de pressão, a fim de determinar a localização do cateter. As principais curvas compreendem as do átrio direito, do ventrículo direito e da artéria pulmonar.
O cateter já possui uma curvatura natural que permite o direcionamento até a artéria pulmonar, entretanto, caso haja dificuldade, orienta-se girar o cateter em sentido anti-horário.
O cateter é demarcado a cada 10 cm, atinge-se o átrio direito após 20 cm de inserção, o ventrículo direito após 30 cm, a artéria pulmonar após 40 cm e a parte distal para medir a pressão encunhada da artéria pulmonar em 50 cm. Esses valores são aproximados e podem não corresponder à anatomia real dos pacientes a depender de seu biotipo.
O balão deve ser inflado com no máximo 1,5 mL de ar após atingir o átrio direito e desinflado após o posicionamento final do cateter. Isso minimiza as chances de perfuração de estruturas e a flutuação do cateter.
O avanço do cateter deve ser feito de maneira paulatina, observando-se as curvas de pressão arterial e pressões demonstradas no monitor do Swan. A transição de uma câmara para outra é guiada por esses parâmetros. As imagens das curvas de pressão e a tabela contendo os diferentes valores de pressão estarão dispostos a seguir.
A posição final é obtida quando a curva da pressão encunhada da artéria pulmonar (PCAP) é obtida com 75-100% do balão inflado. O balão deve ser desinflado a partir do posicionamento e, só ser inflado novamente quando deseja-se medir a PCAP, sendo desinflado logo em seguida. A checagem do posicionamento deve ser feita mediante radiografia de tórax ou fluoroscopia, que deve estar na zona 3 pulmonar e não deve cruzar a linha média por mais de 3-5 cm.
| Local | Pressão sistólica | Pressão diastólica | Pressão média |
| Átrio direito | - | - | 0 - 7 mmHg |
| Ventrículo direito | 15 - 25 mmHg | 3 - 12 mmHg | - |
| Artéria pulmonar | 15 - 28 mmHg | 5 -16 mmHg | 10 - 22 mmHg |
| Artéria pulmonar encunhada | - | - | 4 - 12 mmHg |
Figura 2.
Curvas de Pressão
Débito cardíaco (DC):
Existem duas maneiras de se obter o débito cardíaco através do cateter de artéria pulmonar: a primeira é pelo método da termodiluição e a segunda pelo método de Fick. À partir do DC, calcula-se o Índice Cardíaco (DC/superfície corpórea = 2,8-4,2 L/min/m²)
Para mais informações sobre as pressões medidas, resistências vasculares pulmonar e periférica e interpretação dos valores e curvas, acesse Cateter de Swan-Ganz.
Autoria principal: Gabriel Quintino Lopes (Clínica Médica e Cardiologia).
Revisão: Sara Del Vecchio Ziotti (Clínica Médica e Cardiologia).
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