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Laqueadura

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Definição: A laqueadura ou ligadura tubária consiste em um método contraceptivo que impede o encontro do óvulo com o espermatozoide, através do corte/amarração ou colocação de um anel nas tubas uterinas, impedindo a comunicação entre o ovário e o útero e, consequentemente, a fecundação. Pode ser realizada por videolaparoscopia ou via convencional.

  • Mulheres > 21 anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação do desejo do procedimento e o ato cirúrgico, período no qual será realizado o planejamento familiar;
  • Quando há risco à vida ou à saúde da mulher caso engravide novamente, testemunhado em relatório e assinado por dois médicos.
  • Gravidez.
  • 1 pinça Babcok;
  • 1 pinça hemostática;
  • Afastador pequeno de Richardson ou Army-Navy;
  • 1 tesoura Metzembaum;
  • 4 fios categute cromado ou simples 2-0.

Deve-se excluir a possibilidade de gravidez através da dosagem sérica ou urinária do BhCG e informar a paciente quanto aos risco de falha do método (< 2%) e arrependimento do procedimento.

A cirurgia para laqueadura tubária é uma cirurgia simples. O médico faz um corte de 3-5 cm abaixo da cicatriz umbilical e, com um manipulador uterino colocado via vaginal, eleva o útero para pegar a trompa com a pinça através do corte realizado. Após pegar a trompa com a pinça é realizada a amarração e/ou corte de ambos os lados e então realizada a sutura dos tecidos.

1. Anestesia e posicionamento da paciente: A anestesia pode ser geral ou locorregional; feito isso a paciente é então colocada em posição supina ou em litotomia dorsal baixa, e realizada assepsia, antissepsia e esvaziamento vesical.

2. Minilaparotomia: Realiza-se uma incisão de 3-5 cm ao nível do fundo uterino, sendo dissecada a parede abdominal por planos anatômicos para ter acesso à cavidade abdominal. Feito isso, colocam-se afastadores pequenos de Richardson ou Army-Navy para exposição adequada do campo cirúrgico. Caso a paciente encontre-se em posição de litotomia dorsal baixa, pode ser usado um manipulador uterino ou um espéculo vaginal para facilitar a exposição das tubas uterinas.

3. Identificação das tubas: Após identificar o fundo uterino, as tubas possuem sua inserção posteriormente ao ligamento redondo. Ao serem identificadas com uma pinça Babcock, apreende-se o segmento mais proximal da tuba e uma segunda pinça é colocada mais distal, sendo realizada a avaliação de todo o segmento, movimentando as pinças de lugares para uma avaliação de toda a extensão da tuba até alcançar a ampola e avaliar as fímbrias.

4. Método de Parkland: Identifica-se um espaço avascular na mesossalpinge no ponto médio da tuba uterina, onde aplica-se uma pinça hemostática abaixo da tuba - esse ponto deve permitir excisão de um segmento de 2 cm que não inclua a porção da tuba que contenha as fímbrias. Com o dedo indicador atuando com uma pressão contra a pinça hemostática, uma vez aberta a região, a pinça então é aberta suavemente para aumentar a abertura (figura 1) . Em cada extremidade da pinça Babcock é passado um fio cromado 2-0, tracionado e enlaçado. Feito isso, a porção medial é elevada e seccionada com tesoura de Metzembaum, deixando um pedículo de 0,5 cm para evitar que a tuba escape da ligadura. Feito isso, faz-se a revisão da hemostasia e os segmentos removidos enviados para estudo histopatológico (figura 2) .

Texto alternativo para a imagem Figura 1. Método de Parkland: abertura em mesossalpinge. Adaptada de: Hoffman BL, et al., 2014
Texto alternativo para a imagem Figura 2. Método de Parkland: excisão da tuba. Adaptada de: Hoffman BL, et al., 2014

5. Método de Pomeroy: A tuba é apreendida com uma pinça Babcock e 2 cm do segmento medial é elevado no formato de uma alça, e é então atada com fio categute, simples ou cromado 2-0, e a porção distal formada é cortada (figura 3) .

Texto alternativo para a imagem Figura 3. Método de Pomeroy. Adaptada de: Hoffman BL, et al., 2014

6. Fechamento da ferida: Ao finalizar bilateralmente a salpingectomia parcial de intervalo, a parede abdominal é fechada por planos e a pele rafiada.

  • Recomenda-se abstinência sexual por pelo menos três semanas após o procedimento;
  • Imediatamente após o procedimento, a paciente já está com o método eficaz. [cms-watermark]
  • O risco de falha do método consiste em 1,6 em cada 100 mulheres;
  • Gravidez tubária;
  • Sangramento;
  • Infecção;
  • Lesão de outras estruturas pélvicas próximas.

Autoria principal: Camilla Luna (Ginecologista e Obstetra pela UERJ e FEBRASGO, especialista em Reprodução Humana pela AMB).

Revisão: João Marcelo Coluna (Ginecologia e Obstetrícia, com mestrado em Fisiopatologia).

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