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Definição: Punção do saco pericárdico repleto de líquido com ou sem drenagem posterior.
O saco pericárdico localiza-se no mediastino anterior; é envolto bilateralmente pelas pleuras e inferiormente pelo diafragma e fígado.
O saco pericárdico normalmente possui 15 a 30 mL de líquido seroso.
Ao ser distendido por líquido, o pericárdio leva a um aumento da pressão intrapericárdica que, quando equalizada com a pressão ventricular direita e esquerda, leva à redução do retorno venoso e do débito cardíaco, respectivamente.
O acúmulo agudo de líquido não é acompanhado pela distensibilidade pericárdica, gerando instabilidade hemodinâmica.
Abordagem subxifoidea.
1. Eletrocardiografia: Clips adaptados à agulha de anestesia neuroaxial para avaliação de correntes de lesão miocárdica (elevação 2 mm no segmento ST) ou extrassítoles à medida que se avança à agulha, indicando a necessidade de recuar a agulha.
2. Fluoroscopia: Utilizada na via subxifoidea, idealmente realizada em centros de hemodinâmica com confirmação do posicionamento do cateter com injeção de meio de contraste no saco pericárdico.
3. Ultrassonografia (USG): Permite acompanhar em tempo real o trajeto da agulha até o saco pericárdico. Menor taxa de complicação (1,3%-1,6%).
4. Tomografia de tórax: Permite melhor posicionamento do ponto e punção; todavia, sem acompanhamento em tempo real do avançar da agulha com cateter e com aumento de exposição à radiação. Pode ser utilizada em pacientes com janela ruim para a USG e para demonstrar derrames loculados, além de avaliação de alterações adicionais no tórax.
Idealmente o procedimento deve ser realizado com auxílio de ultrassonografia, pois permite a visualização direta da agulha penetrando o saco pericárdico.
A principio, a retirada de pequenos volumes (20 mL) já é suficiente para dar alívio ao paciente.
No trauma, quando identificado o tamponamento cardíaco, há indicação de toracotomia ou esternotomia de emergência, devendo-se infundir volume no paciente inicialmente para o preparo até a cirurgia. Pericardiocentese está indicada somente se a intervenção cirúrgica não for possível, todavia não é tratamento definitivo.
A drenagem de derrame pericárdico complexo com loculações, coágulos e conteúdo viscoso (pus) pode ser mais difícil e ineficaz.
Pericardiocentese diagnóstica para derrames pericárdicos pequenos (< 20 mm) não está justificada por: baixo rendimento diagnóstico, pericardite viral, normalmente é autolimitada, além de haver alto risco de complicações com o procedimento.
Manter aspiração do cateter regular de 6/6 horas para evitar sua obstrução.
É importante esvaziar o saco pericárdico ao máximo mantendo o cateter no local por mais de 72 horas, se houver acúmulo de líquido > 30 mL/dia.
O cateter pode ser retirado após drenagem < 25-30 mL em 24 horas.
Autoria principal: Gabriel Quintino Lopes (Clínica Médica e Cardiologia).
Revisão: Aluisio Reis (Cirurgia Torácica).
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