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Definição: É uma glicoproteína polimórfica de 54 kDa, a mais abundante inibidora sérica de proteases do organismo (notadamente aquelas relacionadas à tripsina e à elastase), sendo também considerada um reativo de fase aguda.
Sinônimos: A 1 AT; A 1 A; α 1 -Antiprotease; α 1 -AT; AAT; Alfa 1 - Antitripsina sérica.
A α
1
-antitripsina (ATT) é uma glicoproteína sintetizada pelos hepatócitos e macrófagos alveolares, membro da superfamília de inibidores de serino-proteases. Ela auxilia a proteger e controlar eventuais danos teciduais causados pelas enzimas proteolíticas, as quais são liberadas durante a resposta inflamatória.
A elastase é uma enzima, gerada no processo de fagocitose leucocitária, que cliva a elastina, dentre outros sítios, na árvore traqueobrônquica. Níveis reduzidos de AAT levam a uma não inibição da elastase nos pulmões, predispondo a quadros precoces de enfisema.
Ela é codificada pelo gene
SERPINA 1
localizado no cromossomo 14, sendo o principal componente da fração α1-globulinas, correspondendo a cerca de 80-90% dessa fração à eletroforese de proteínas séricas.
A maioria das pessoas é homozigota para o alelo M totalmente ativo da AAT (fenótipo MM). Aproximadamente 10% dos caucasianos (e, em menor proporção, pessoas de outras etnias), são heterozigotos para M e para algum outro alelo do sistema Pi.
Mais de 2% das pessoas são portadoras do alelo PiZ e exibem fenótipo MZ (embora apresentem uma ligeira redução na capacidade inibitória da tripsina no soro, estes indivíduos são assintomáticos).
Todavia, seus descendentes homozigóticos ZZ são suscetíveis a hepatopatias e/ou pneumopatias (1 em cada 4.000 indivíduos apresentam o fenótipo ZZ). Esse tipo homozigótico de deficiência está associado a um aumento do risco de doença hepática, devido ao acúmulo de AAT anormal no fígado.
Tendo em vista que a α
1
-antitripsina não sofre degradação pelas enzimas digestivas, sua dosagem nas fezes
pode ser útil para se avaliar o grau da perda de proteínas.
O diagnóstico genético para a deficiência (hetero ou homozigótica) da ATT, através de metodologias moleculares, pode ser necessário em alguns pacientes.
Como solicitar: α 1 -Antitripsina.
Figura 1.
Tubo para soro - tampa vermelha.
Ilustração:
Caio Lima.
Figura 2.
Tubo para soro - tampa amarela.
Ilustração:
Caio Lima.
| Idade | Concentração (mg/dL) |
| 0 a 29 dias | 79 a 222 |
| 1 a 5 meses | 71 a 190 |
| 6 meses a 1 ano | 60 a 160 |
| 2 a 19 anos | 70 a 178 |
| > 19 anos | 90 a 200 |
Se a proteína C reativa estiver elevada, a dosagem de AAT deve ser refeita em 10 a 14 dias, já que na vigência de estados inflamatórios/ infecciosos pode ocorrer uma elevação das concentrações de ATT.
Amostras acentuadamente lipêmicas podem prejudicar a sua determinação.
Ela pode estar elevada, gerando concentrações normais em pacientes com deficiência heterozigótica, no curso de estados inflamatórios/ infecciosos agudos.
A fração das α1-globulinas na eletroforese de proteínas , mesmo em casos de deficiência da ATT, nunca está totalmente ausente, já que outras proteínas (ex.: α1-glicorpoteína ácida ) também migram eletroforeticamente nessa região.
Aumento: Estados inflamatórios/ infecciosos; uso de anticoncepcional; doenças hepáticas; gravidez; terapia estrogênica; terapia esteroide; câncer; período pós-operatório (os homozigotos não apresentam tais elevações).
Diminuição: Fenótipos MZ e ZZ; hepatopatias e doenças pulmonares obstrutivas crônicas de caráter hereditário.
Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).
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