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Alfafetoproteína

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Definição: A alfafetoproteína (AFP) é uma glicoproteína, com 70 kDa de peso molecular e meia-vida de 5 dias, que apresenta síntese hepática e pelo saco vitelínico embrionário durante o desenvolvimento fetal. Ela é considerada um antígeno oncofetal, sendo a principal glicoproteína presente no plasma fetal normal.

Sinônimos: α 1 -fetoproteína; Alfa 1 -fetoproteína; AFP; Alfa-fetoproteína; Alfafetoproteína sérica; Alfafetoproteína - Sangue.

Sua concentração no soro fetal é máxima por volta da 12 a a 14 a semanas gestacionais, e declina durante o restante do período gestacional. Os níveis de alfafetoproteína (AFP) continuam a declinar após o nascimento, estabilizando por volta de 1 ano de idade, valor que persiste ao longo da vida.

Os níveis no líquido amniótico são cerca de 100 vezes menores, e praticamente 1.000 vezes mais baixos no soro materno do que no soro fetal. A AFP difunde-se através das membranas amnióticas e é transferida via placenta para o soro materno.

A determinação da AFP é muito utilizada como um marcador tumoral no contexto de pacientes com carcinoma hepatocelular, já que se encontra aumentada em aproximadamente 80% desses tumores, quando sintomáticos.

Uma elevação de seus níveis, com certa proporcionalidade ao tamanho do tumor, pode ser observada em pacientes com hepatocarcinoma (usualmente acima de 500 ng/mL). Concentrações aumentadas após a ressecção cirúrgica indicam tumor residual ou a presença de metástases, estando associadas a um pior prognóstico e sobrevida.

Já o screening da presença de defeitos do tubo neural é idealmente realizado no segundo trimestre (16 a a 18 a semanas), baseando-se na comparação das concentrações séricas de AFP de mulheres grávidas no segundo trimestre da gestação com os valores médios de AFP de mulheres com fetos normais em idades gestacionais idênticas, em múltiplos da mediana (MoM).

Quando o soro é submetido a uma eletroforese de proteínas , devido a sua razão de massa/afinidade elétrica, a alfafetoproteína (AFP) é encontrada na região das alfa 1 -globulinas.

    Indicações:
  • Rastreamento, diagnóstico, monitoramento do tratamento e determinação do prognóstico de pacientes com carcinoma hepatocelular;
  • Avaliação de tumores germinativos gonadais e extragonadais;
  • Triagem gestacional para defeitos do tubo neural e das trissomias do 18 e do 21;
  • Diagnóstico diferencial entre hepatite neonatal e atresia biliar em recém-nascidos.

Como solicitar: Alfafetoproteína.

  • Orientações ao paciente:
    • Jejum não necessário;
    • Anotar idade materna, DUM, idade gestacional, peso, raça, presença ou não de DM insulinodependente materno (se a solicitação do teste for para a triagem pré-natal);
    • Se o método utilizado for o radioimunoensaio, a administração recente de radioisótopos deve ser evitada.
  • Tubo para soro (tampa vermelha/amarela): Aguardar a devida retração do coágulo, centrifugar a amostra por 15 minutos e armazenar o material sob refrigeração (2-8 o C);
  • Material: Sangue;
  • Volume recomendável: 1,0 mL.

Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tubo para soro - tampa vermelha. Ilustração: Caio Lima.


Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tubo para soro - tampa amarela. Ilustração: Caio Lima.
  • Adultos não grávidos : < 15 ng/mL; [cms-watermark]
    • Observações!
      • Valores de AFP materna aumentam em torno de 15% por semana durante o segundo trimestre gestacional, em gestações únicas;
      • Pico ocorre no terceiro trimestre de gestação, em torno de 500 ng/mL;
      • Dependendo do laboratório clínico, os pontos de corte variam de 2,0 a 2,5 múltiplos da mediana (MoM), e devem ser corrigidos pela idade gestacional, peso e raça materna;
      • Os valores de referência para a alfafetoproteína podem variar de acordo com o laboratório clínico e a metodologia utilizada.

Elevações transitórias da alfafetoproteína podem ser observadas em pacientes com diversas patologias benignas hepáticas e não hepáticas.

Amostras acentuadamente hemolisadas podem prejudicar a sua determinação.

Não deve ser utilizada de rotina como triagem de câncer na população geral.

O "efeito gancho" ou "efeito Hook" pode ocorrer nas dosagens de AFP. Ele aparece quando há altas concentrações dessa glicoproteína no soro, saturando os anticorpos de captura e de sinal utilizados em alguns ensaios, o que pode levar a um resultado falsamente menor (moderadamente acima dos valores de referência).

Seus resultados devem ser interpretados em conjunto com a história clínica, exame físico e outros exames complementares.

    Aumento:
  • Carcinoma hepatocelular;
  • Cirrose hepática;
  • Doença de Wilson;
  • Hepatite crônica;
  • Tirosinase hereditária;
  • Doenças inflamatórias intestinais;
  • Tumores germinativos gonadais e extragonadais;
  • Anencefalia;
  • Atresia esofágica e duodenal;
  • Encefalocele;
  • Espinha bífida;
  • Gastrosquise;
  • Eritroblastose fetal;
  • Hidrocefalia;
  • Gestações múltiplas;
  • Mielomeningocele;
  • Onfalocele;
  • Trissomia do 13;
  • Nefrose congênita;
  • Anormalidades da pele fetal;
  • Anormalidades da placenta;
  • Complicações obstétricas (ameaça de aborto; baixo peso ao nascimento;
  • Prematuridade;
  • Oligodramnia;
  • Crescimento intrauterino retardado;
  • Sofrimento fetal;
  • Pré-eclâmpsia. [cms-watermark]
    Diminuição:
  • Gestação molar;
  • Trissomia do 18;
  • Trissomia do 21.

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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