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Amilase - Urina de 2 Horas

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Definição: É uma enzima que apresenta a função catalítica de hidrolisar glicogênio, maltose, dextrinas e amido em açúcares menores e de fácil digestão. Tem origem, predominantemente, pancreática (isoenzima P) e salivar (isoenzima S).

Sinônimos: 1,4-α-D Glucano-hidrolase - Urina de 2 horas; Amilase urinária de 2 horas; Amilasúria de 2 horas.

A amilase tem baixo peso molecular, de 45.000-55.000 dáltons, o que faz com que essa seja facilmente filtrada nos glomérulos renais, sendo a única enzima cujo clearance é renal.

A concentração da amilase urinária sobe rapidamente, poucas horas após o aumento da amilase sérica. Essa, usualmente, permanece elevada por vários dias após o retorno ao normal de suas concentrações no sangue.

As mulheres geralmente apresentam, nos casos de pancreatite aguda, maior taxa de eliminação/concentração urinária de amilase quando comparada aos homens.

A razão depuração amilase/creatinina, expressa em porcentagem, é útil para diferenciar casos de hiperamilasemia (> 4%), de macroamilasemia* (< 1%).

  • Razão depuração (%) = Atividade amilase urinária / atividade amilase sérica X concentração da creatinina sérica / concentração da creatinina urinária X 100;
  • Intervalo normal: 1-4%.

*A macroamilasemia é uma condição adquirida e benigna, formada por um complexo circulante de amilase normal ligada, geralmente, a uma imunoglobulina. É caracterizada por níveis de amilase no soro persistentemente aumentados, associado a amilase urinária normal ou baixa, sem sintomas clínicos aparentes de afecções pancreáticas. Essa condição não é considerada, por si só, uma entidade patológica.

A dosagem da amilase urinária pode ser feita na urina de 24 horas, de 12 horas ou de 2 horas, sendo esta última opção preferível em relação às demais, por ser mais prática e por proporcionar uma liberação mais rápida do resultado.

    Indicações:
  • Avaliação de pacientes com dor abdominal;
  • Auxílio no diagnóstico de macroamilasemia;
  • Investigação de pseudocisto pancreático;
  • Auxílio no diagnóstico e acompanhamento de pancreatite aguda e crônica, alcoólica e não alcoólica;
  • Pós-transplante de pâncreas.

Como solicitar: Amilase - Urina de 2 horas.

  • Orientações ao paciente:
    • Manter rotina, dieta e hidratação diária habitual (salvo se solicitado pelo médico aumento ou diminuição da hidratação). Informar medicações em uso;
    • No início do período da colheita, esvaziar a bexiga, desprezando essa micção, e anotar o horário;
    • Após esse procedimento, coletar todo o volume urinário produzido em um frasco coletor (sem conservante) fornecido pelo laboratório clínico;
    • Manter a urina sob refrigeração (2-8 o C) desde o início da coleta;
    • No fim do período, exatamente 2 horas após o horário em que esse foi iniciado, coletar essa última micção no frasco. Em seguida, levar ao laboratório clínico;
  • Frasco coletor: Deve ser apropriado para a urina, sem conservante;
  • Material: Urina de 2 horas;
  • Volume recomendável: Não há volume recomendável preestabelecido para a urina de 2 horas, devendo apenas ser devidamente coletada e armazenada. Aliquotar 5 mL do volume total:
  • Observações:
    • A dosagem da amilase urinária pode ser realizada em outros períodos de coleta (ex.: urina de 24 horas, urina de 12 horas);
    • As orientações de coleta e armazenamento para a amilase na urina de 2 horas podem variar de acordo com cada laboratório clínico.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Frasco coletor urina de 24 horas. Ilustração: Caio Lima
  • 1-17 unidades/hora:
      Observações:
    • Os valores de referência para amilase urinária podem variar de acordo com o intervalo de coleta, o laboratório clínico e a metodologia utilizada;
    • Mulheres geralmente apresentam, nos casos de pancreatite aguda, uma taxa maior de eliminação/concentração urinária de amilase.
  • Resultados falso-negativos podem acontecer quando é coletada a urina de modo muito precoce ou tardia da pancreatite, ou em pacientes com necrose pancreática fulminante;
  • Resultados falso-positivos podem ocorrer se a amostra for contaminada com saliva (conteúdo 700 vezes superior ao do soro);
  • Ao contrário da amilase sérica, a urinária não se altera com a insuficiência renal;
  • Evitar contaminação da urina com fluxo menstrual.
    Aumento:
  • Pancreatite aguda e crônica, alcoólica ou não alcoólica;
  • Pseudocisto pancreático;
  • Abscesso pancreático;
  • Trauma abdominal;
  • Afecções das glândulas salivares;
  • Úlcera péptica;
  • Obstrução ou infarto intestinal;
  • Doenças do trato biliar;
  • Cirrose hepática;
  • Aneurisma de aorta;
  • Peritonite;
  • Apendicite;
  • Traumatismo cranioencefálico (TCE);
  • Queimaduras;
  • Cetoacidose diabética;
  • Carcinoma pancreático;
  • Gravidez;
  • Abscesso tubo-ovariano;
  • Fístula pancreático-vesical.
  • Drogas (Codeína, Meperidina, Morfina, Hidrocortisona, Isoniazida, Penicilamina, Hidantoína, Sulfametoxazol, Ácido valproico, Cisplatina, Hidroclorotiazida).
    Diminuição:
  • Pancreatite crônica;
  • Necrose fulminante (fase tardia);
  • Insuficiência cardíaca congestiva (ICC);
  • Gravidez (2º e 3º trimestres);
  • Câncer gastrointestinal;
  • Pleurisia;
  • Fraturas ósseas.

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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