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Anticorpos Anticardiolipina (IgG, IgM e_ou IgA)

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Definição: Autoanticorpos das classes de imunoglobulinas (Ig) G, M e/ou A, pertencentes ao grupo dos anticorpos antifosfolipídios (em conjunto com o anticoagulante lúpico e o anti-ß 2 -glicoproteína I), sendo os mais comumente encontrados do grupo.

    Sinônimos: Anticorpo anticardiolipina IgG, IgM e IgA; Anticorpos antifosfolípides (cardiolipina) IgG, IgM e IgA; Anticardiolipina Ab, IgG, IgM e IgA; aCL - IgG, IgM e IgA; Anticorpo anticardiolipina IgG, IgM e IgA sérico; Anticorpo anticardiolipina IgG, IgM e IgA - Sangue.

Observação! É necessário especificar a(s) classe(s) do(s) anticorpo(s) desejados na solicitação do exame.

As membranas das células são formadas por fosfolipídios que atuam em uma série de funções celulares vitais. Esses compostos de lipídios, misturados a algumas proteínas plasmáticas endógenas, formam epítopos que podem ser reconhecidos, fisiologicamente, por autoanticorpos.

Esse grupo dos anticorpos antifosfolipídios engloba os anticorpos anticardiolipina, o anticoagulante lúpico e o anti-ß 2 -glicoproteína I.

Quando ocorre algum desequilíbrio, há um aumento dos títulos desses autoanticorpos que pode revelar estados patológicos. O maior exemplo da ligação proteica aos fosfolipídios é aquela mediada pela ß 2 -glicoproteína I (apolipoproteína H).

Existem três classes de anticorpos anticardiolipina: IgG, IgM e IgA. Cada qual com características distintas, devendo, portanto, ser solicitada de maneira individual, a critério clínico.

Os títulos de anticardiolipina IgG são mais indicados para o acompanhamento da atividade da doença do que os de IgM, além de serem mais específicos para a síndrome do anticorpo antifosfolipídio.

Já os anticorpos IgA geralmente não são testados, já que são bem menos prevalentes e não fazem parte dos critérios laboratoriais para o diagnóstico dessa síndrome (sua significância clínica ainda está sob investigação), embora eles possam ser encontrados de maneira isolada (raramente) nessa condição.

Para a pesquisa de anticorpos antifosfolipídios, o anticoagulante lúpico deve ser avaliado em conjunto com os anticorpos anticardiolipina, já que eles podem ser detectados isoladamente. O anticoagulante lúpico e os anticorpos anticardiolipina podem ser encontrados em até 70% dos pacientes com síndrome do anticorpo antifosfolipídio.

O lúpus do sistema nervoso central e a retinopatia lúpica estão relacionados aos anticorpos anticardiolipinas. Estes também podem ser encontrados em outras doenças reumatológicas, em grande variedade de patologias infecciosas e durante o uso de alguns medicamentos (ex.: Clorpromazina).

Como critério laboratorial para o diagnóstico da síndrome do anticorpo antifosfolipídio, os títulos encontrados dos anticorpos anticardiolipina (IgG e/ou IgM) devem ser médios/altos (> 40 GPL ou MPL, respectivamente), necessitando ser reavaliados em um intervalo mínimo de 12 semanas, a fim de confirmar sua permanência ou transitoriedade.

    Indicações:
  • Auxiliar, como critério laboratorial, no diagnóstico e na estratificação de risco da síndrome do anticorpo antifosfolipídio primária ou associada ao lúpus eritematoso sistêmico (LES);
  • Diagnóstico diferencial de trombose recorrente, síndrome lúpus- like , sífilis ( Venereal Disease Research Laboratory [ VRDL] / rapid plasma reagin [ RPR] falso-positivos), abortamento de repetição, alargamento do tempo de tromboplastina parcial ativada;
  • Acompanhar atividade da doença (principalmente o anticorpo IgG).

Como solicitar: Anticardiolipina IgG, IgM e/ou IgA. [cms-watermark]

Observação! Deve-se especificar a(s) classe(s) do(s) anticorpo(s) desejados na solicitação. [cms-watermark]

  • Orientações ao paciente: jejum de 8 horas;
  • Tubo para soro (tampa vermelha/amarela). Aguardar a devida retração do coágulo, centrifugar a amostra por 15 minutos e armazenar o material sob refrigeração (2-8 o C);
  • Material: sangue;
  • Volume recomendável: 1 mL.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tubo para soro - tampa vermelha. Ilustração: Caio Lima
Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tubo para soro - tampa amarela. Ilustração: Caio Lima

Não reagente.

Observação! Seus valores de referência e pontos de corte dos títulos de anticorpos variam de acordo com o laboratório clínico, o kit diagnóstico e o método utilizado. [cms-watermark]

Hemólise e/ou lipemia podem prejudicar a sua determinação.

Os resultados dos testes dos anticorpos anticardiolipina podem variar significativamente entre os laboratórios clínicos/kits comerciais diagnósticos e, portanto, não devem ser comparáveis entre si.

Esses anticorpos podem ser encontrados em outras doenças reumatológicas, em grande variedade de patologias infecciosas e durante o uso de alguns medicamentos (ex.: Clorpromazina).

Os anticorpos anticardiolipina do tipo IgA geralmente não são testados, uma vez que são muito menos prevalentes e não fazem parte dos critérios laboratoriais para o diagnóstico da síndrome do anticorpo antifosfolipídio (sua significância clínica ainda está sob investigação), embora eles possam ser encontrados de maneira isolada (raramente) nessa condição.

Podem apresentar reações cruzadas com o RPR para sífilis e do anticoagulante lúpico, resultando em falso-positivos.

Seus títulos devem ser correlacionados com a história clínica, o exame físico e os dados de outros exames complementares.

    Reagente:
  • Síndrome do anticorpo antifosfolipídio primária ou associada ao Lúpus eritematoso sistêmico; [cms-watermark]
  • Doenças infecciosas (ex.: tuberculose, vírus da imunodeficiência humana, sífilis) [cms-watermark]
  • Doenças reumatológicas; [cms-watermark]
  • Indivíduos saudáveis (em baixos títulos); [cms-watermark]
  • Fármacos (Clorpromazina); [cms-watermark]

Não reagente: indivíduos saudáveis. [cms-watermark]

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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