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Antigliadina IgA

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Definição: São autoanticorpos do tipo IgA dirigidos contra a gliadina, uma proteína do glúten (porção solúvel ao álcool do glúten), comumente encontrados em pacientes com doença celíaca (DC) e dermatite herpetiforme (DH).

Sinônimos: Anticorpos Antigliadina IgA; Antigliadina IgA, Anticorpos; Anti-Gliadina IgA; Antigliadina Ab IgA; Gliadina IgA; Antigliadina IgA sérico; Antigliadina IgA - Sangue.

A gliadina (uma proteína do glúten) é rica em glutamina e prolina, os quais podem não ser totalmente digeridos no intestino em indivíduos predispostos.

Em pessoas com hipersensibilidade, a ingesta de alimentos que contenham gliadina, como centeio, cevada, trigo e aveia, pode disparar um gatilho para a produção de anticorpos antigliadina dos tipos IgA e IgG, anticorpos antiendomísio das classes IgA e IgG, bem como anticorpos antitransglutaminase tecidual IgA e IgG.

Após 6-12 meses de dieta livre de glúten, cerca de 80% dos pacientes com doença celíaca (DC) negativam as sorologias. Em 5 anos, essa proporção se eleva para mais de 90% dos indivíduos.

Para crianças, os anticorpos antigliadina IgA apresentam uma sensibilidade que pode variar de 90-100%, enquanto a especificidade gira em torno de 86-100%. Já em adultos, sua sensibilidade vai de 31-100%, com especificidade de 85-100%.

Os anticorpos antigliadina IgA são mais específicos que os da classe IgG. Já os anticorpos antiendomísio são mais sensíveis e específicos que os antigliadina para o diagnóstico da doença celíaca (DC).

Os ensaios que utilizam como substrato os peptídeos deaminados de gliadina são mais acurados para o diagnóstico de doença celíaca (DC) em relação aos que usam a gliadina nativa. Dessa forma, quando disponíveis, deve-se priorizar a solicitação dos anticorpos antigliadina deaminada (anti-DGP).

A deficiência congênita seletiva de IgA pode ser encontrada em até 10% dos pacientes com doença celíaca (DC). Dessa forma, nos casos de alta probabilidade clínica, em indivíduos com antigliadina IgA, antiendomísio IgA e antitransglutaminase tecidual IgA negativos, a dosagem sérica de IgA pode ser necessária para se afastar a deficiência seletiva.

Caso confirmada a deficiência seletiva de IgA, é importante a avaliação do anticorpo antigliadina IgG e/ou antiendomísio IgG e/ou antitransglutaminase tecidual IgG e/ou biópsia intestinal para melhor elucidação diagnóstica.

Técnicas moleculares estão disponíveis para a detecção de pacientes que expressam o HLA-DQ2 e HLA-DQ8, auxiliando no screening de pacientes com alto ou baixo risco de desenvolver a doença celíaca (DC), já que esse teste molecular apresenta alto valor preditivo negativo (VPN).

A determinação dos autoanticorpos séricos é altamente sensível e específica, sendo muito utilizada na prática médica. Entretanto, o padrão-ouro para o diagnóstico da doença celíaca (DC) ainda é biópsia/histopatológico da mucosa intestinal.

    Indicações:
  • Triagem diagnóstica de doença celíaca (DC) e dermatite herpetiforme (DH);
  • Monitoramento de resposta e aderência à dieta livre de glúten.
    Como solicitar:
  • Anticorpos antigliadina IgA.

Observação! Os ensaios que utilizam como substrato os peptídeos deaminados de gliadina são mais acurados para o diagnóstico de doença celíaca (DC) em relação aos que utilizam a gliadina nativa. Dessa forma, quando disponíveis, deve-se priorizar a solicitação dos anticorpos antigliadina deaminada (anti-DGP) IgA. [cms-watermark]

  • Orientações ao paciente: jejum de 8 horas;
  • Tubo para soro (tampa vermelha/amarela). Aguardar a retração do coágulo, centrifugar o tubo por 15 minutos, e armazenar o material sob refrigeração (2-8 o C);
  • Material: sangue;
  • Volume recomendável: 1,0 mL.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tubo para soro - tampa vermelha. Ilustração: Caio Lima
Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tubo para soro - tampa amarela. Ilustração: Caio Lima
    < 2 anos:
  • Negativo: < 50 unidades/mL;
  • Positivo fraco: 50-100 unidadesmL;
  • Positivo: > 100 unidades/mL;
    > 2 anos:
  • Negativo: < 25 unidades/mL;
  • Positivo fraco: 25-50 unidades/mL;
  • Positivo: > 50 unidades/mL.

Observação! Os valores de referência e pontos de corte para os anticorpos antigliadina IgA podem variar de acordo com laboratório clínico e metodologia utilizada.

Amostras acentuadamente hemolisadas ou lipêmicas podem prejudicar os resultados.

A determinação de anticorpos antigliadina IgA não deve ser utilizada, isoladamente, para o estabelecimento do diagnóstico de doença celíaca (DH) ou de sua exclusão.

Biópsia/histopatológico da mucosa intestinal é o padrão-ouro para o diagnóstico da doença celíaca (DC).

Resultados indeterminados (próximos ao limite entre positivo e negativo) podem ocorrer, dadas as baixas concentrações de anticorpos antigliadina ou a reações inespecíficas.

Os ensaios que utilizam como substrato os peptídeos deaminados de gliadina são mais acurados para o diagnóstico de doença celíaca (DC) em relação aos que usam a gliadina nativa.

Pacientes com deficiência seletiva de IgA podem apresentar resultados falso-negativos.

A performance dos testes sorológicos para a doença celíaca (DC) pode variar de acordo com idade, fatores dietéticos, severidade da doença, deficiência de IgA e metodologia utilizada no ensaio.

Pacientes afetados que iniciaram uma dieta livre de glúten, previamente à realização do exame, podem apresentar resultados negativos.

    Positivo:
  • Doença celíaca (DC);
  • Dermatite herpetiforme (DH);
  • Indivíduos saudáveis.
    Negativo:
  • Indivíduos saudáveis;
  • Deficiência de IgA;
  • Boa resposta/aderência à dieta (redução dos níveis).

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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