' Biópsia Endomiocárdica - Prescrição
Conteúdo copiado com sucesso!

Biópsia Endomiocárdica

Voltar

Definição: R etirada de uma diminuta parte do endomiocárdio para análise histopatológica. É um procedimento de fundamental importância em certos cenários clínicos.

Sinônimo: Biópsia cardíaca.

  • Biópsia cardíaca;
  • Biópsia endomiocárdica (BEM).

Antes de se realizar a BEM, duas questões devem ser levadas em consideração: A primeira é se vale a pena correr os riscos do procedimento, tendo em vista já um diagnóstico presuntivo; a outra é se existe possibilidade terapêutica para a doença a qual se busca, tanto para cura quanto para aumento de sobrevida ou melhora de qualidade de vida.

Os dados sugerem que as informações terapeuticamente relevantes fornecidas pela BEM utilizando critérios histológicos (critérios de Dallas) são baixas na população geral com insuficiência cardíaca geral. Técnicas adicionais, como imuno-histoquímica e análise do genoma viral, podem aumentar o valor diagnóstico da BEM na cardiomiopatia crônica inexplicada.

O mapeamento pela ressonância magnética com gadolíneo pode identificar as áreas de maior lesão ventricular e orientar se é válido realizar o exame e, sendo indicado, guiar as localizações de biópsia.

    Indicações clássicas de BEM:
  • Avaliação e monitorização de rejeição pós-transplante cardíaco;
  • Insuficiência cardíaca fulminante (miocardite linfocítica, miocardite eosinofílica, miocardite de células gigantes);
  • Insuficiência cardíaca recente não explicada com arritmias ventriculares ou bloqueios AV.
    A biópsia pode ainda ser considerada nas seguintes situações:
  • Insuficiência cardíaca crônica associada a dilatação de VE e arritmias ventriculares novas, [cms-watermark] bloqueio AV avançado ou falha na resposta terapêutica em até 2 semanas;
  • Cardiomiopatia dilatada inexplicada associada à eosinofilia;
  • Suspeita de cardiomiopatia por antraciclinas (quando houver dúvida);
  • Cardiomiopatia restritivas (quando exames não invasivos forem inconclusivos);
  • Cardiomiopatia arritmogênica do VD suspeita (em alguns casos);
  • Cardiomiopatia inexplicada em crianças;
  • Alguns tumores cardíacos quando a indicação de cirurgia é duvidosa (não fazer em mixomas ou tumores com risco de embolização).
  • Exame só pode ser realizado em ambiente hospitalar;
  • É examinador dependente e necessita de profissional gabaritado para sua interpretação;
  • Envolve radiação;
  • Pouco disponível;
  • Não requer contraste;
  • Requer jejum;
  • Requer suspensão de medicamentos, especialmente anticoagulantes;
  • Biopsia apenas o endomiocárdio do ventrículo direito (VD);
  • Alto custo.

Em geral, são necessários cinco fragmentos cardíacos de boa qualidade para uma melhor análise histopatológica e para aumentar a sensibilidade do método, portanto são biopsiados em média cerca de cinco a dez fragmentos de miocárdio por procedimento. [cms-watermark]

  • O fato de ser um procedimento invasivo, em que ocorre exérese de diminuta parte do músculo cardíaco, faz com que a biópsia endomiocárdica seja um procedimento sujeito a uma série de complicações;
  • O aperfeiçoamento das técnicas de biópsia e dos biótomos reduziu consideravelmente os riscos inerentes ao procedimento, mesmo assim a biópsia endomiocárdica não deve ser utilizada de maneira banal;
  • É importante informar que as complicações abrangem de 1 a 6% dos casos, sendo mais comuns as que são de menor gravidade.
    As principais complicações do exame incluem:
  • Perfuração do miocárdio com tamponamento cardíaco em 0,1-0,8% (maior risco se punção de VE);
  • Bloqueio AV transitório em 0,1%;
  • Pneumotórax em 0,1%;
  • Cirurgia cardíaca de urgência em 0,1-0,4% (maior risco se punção de VE);
  • Lesão da válvula tricúspide em 0,1% (se punção de VD);
  • Ressuscitação cardíaca em 0,1-0,4%;
  • Embolia pulmonar;
  • Perfuração arterial ou venosa; [cms-watermark]
  • Hematoma no sítio de punção; [cms-watermark]
  • [cms-watermark] Morte (sem relatos).
    Considerações sobra a técnica:
  • O acesso para biópsia é geralmente realizado pela veia jugular interna direita;
  • Biótomos maiores podem chegar ao coração através das veias femorais;
  • A parte a ser biopsiada, em geral, é o septo interventricular pelo lado direito do coração. Isso reduz as taxas de complicação como perfuração ventricular e exclui o risco de AVE/AVC. Entretanto, permite a possibilidade de não se diagnosticar doenças que acometam apenas o ventrículo esquerdo (VE), como a sarcoidose ou miocardites que acometem primariamente o VE. Para esses casos, pode-se proceder a biópsia do VE através de acesso arterial;
  • O procedimento é guiado por fluoroscopia, e o ecocardiograma transtorácico durante o exame também tem papel importante na redução da complicações durante o procedimento, especialmente para evitar lesões valvares, reduzir o risco de perfurações e melhor guiar os diversos sítios de biópsia.

Autoria principal: Gabriel Quintino Lopes (Clínica Médica e Cardiologia).

Revisão: Sara Del Vecchio Ziotti (Clínica Médica e Cardiologia). [cms-watermark]

Holzmann M, Nicko A, Kühl U, et al. Complication rate of right ventricular endomyocardial biopsy via the femoral approach: a retrospective and prospective study analyzing 3048 diagnostic procedures over an 11-year period. Circulation. 2008; 118(17):1722-8.

Cooper LT Jr. Role of left ventricular biopsy in the management of heart disease. Circulation. 2013; 128(14):1492-4.

Yilmaz A, Kindermann I, Kindermann M, et al. Comparative evaluation of left and right ventricular endomyocardial biopsy: differences in complication rate and diagnostic performance. Circulation. 2010; 122(9):900-9.

Chimenti C, Frustaci A. Contribution and risks of left ventricular endomyocardial biopsy in patients with cardiomyopathies: a retrospective study over a 28-year period. Circulation. 2013; 128(14):1531-41.

Brambatti M, Matassini MV, Adler ED, et al. Eosinophilic myocarditis: characteristics, treatment, and outcomes. J Am Coll Cardiol. 2017; 70(19):2363-2375.

Tschöpe C, Cooper LT, Toree-Amione G, et al. Management of myocarditis-related cardiomyopathy in adults.Circ Res. 2019; 124(11):1568-1583.

Katzmann JL, Schlattmann P, Rigopoulos AG, et al. Meta-analysis on the immunohistological detection of inflammatory cardiomyopathy in endomyocardial biopsies. Heart Fail Rev. 2020; 25(2):277-294.

McDonagh TA, Metra M, Adamo M, et al. 2021 ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure. Eur Heart J. 2021; 42(36):3599-3726.

Seferović PM, Tsutsui H, McNamara DM, et al. Heart Failure Association of the ESC, Heart Failure Society of America and Japanese Heart Failure Society Position statement on endomyocardial biopsy. Eur J Heart Fail. 2021; 23(6):854-871.

Basso C. Myocarditis. N Engl J Med. 2022; 387(16):1488-1500.