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Cateterismo Cardíaco

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Definição: Injeção de contraste radiopaco através de cateter apropriado nas artérias coronárias obtendo-se ao mesmo tempo imagens radiográficas digitais, o que permite a visualização de estreitamentos das artérias coronárias causados pela doença aterosclerótica. É o exame padrão-ouro para se avaliar a anatomia coronariana e evoluiu muito desde sua primeira realização em 1959.

Sinônimos: Coronariografia; angiocoronariografia; cineangiocoronariografia; cateterismo; CATE.

  • Coronariografia;
  • Angiocoronariografia;
  • Cineangiocoronariografia;
  • Cateterismo;
  • CATE.
  • Angina estável e instável para confirmar diagnóstico;
  • Infarto agudo do miocárdio;
  • Isquemia pós-revascularização;
  • Dor torácica ou equivalente anginoso em investigação;
  • Insuficiência cardíaca sem etiologia definida, principalmente com alteração segmentar no ecocardiograma.
    Atenção deve ser dada aos fatores de risco para doença arterial coronariana (DAC) antes da indicação do exame:
  • Idade > 70 anos;
  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Dislipidemia;
  • Tabagismo;
  • Diabetes;
  • Hipertensão;
  • Doença arterial em outros sítios;
  • Insuficiência renal crônica;
  • Sexo masculino;
  • História familiar positiva.
  • Exame só pode ser realizado em ambiente hospitalar;
  • É examinador-dependente e necessita de profissional especializado (hemodinamicista) para sua realização;
  • Envolve radiação;
  • Disponível em hospitais de médio e grande portes;
  • Rápida realização;
  • Utiliza contraste iodado;
  • Requer jejum e pode requerer suspensão de medicamentos;
  • Alto custo. O uso da tomografia de coerência óptica, a técnica de reserva de fluxo fracionada (FFR) e o ultrassom intravascular são técnicas adjuvantes ao cateterismo cardíaco e vem ganhando espaço, mas ainda não são recomendadas de rotina. [cms-watermark]

O uso de contraste iodado pode prejudicar a função renal de pacientes com lesão renal prévia.

O acesso na artéria radial, em comparação com o acesso femoral, diminuiu significativamente as complicações do exame e é preferencialmente utilizado, porém, nem sempre essa via é possível em alguns pacientes.

Complicações vasculares como hematomas, pseudoaneurismas e extrusão da artéria podem ocorrer.

Complicações raras, porém preocupantes, compreendem infarto agudo do miocárdio, AVE, dissecção de coronárias, perfuração de coronárias ou ventrículo e morte.

  • Febre inexplicada ou infecção não tratada;
  • Anemia grave;
  • Distúrbio de eletrólitos grave;
  • Sangramento ativo grave;
  • HAS não controlada;
  • Atopia a iodo não tratada;
  • Intoxicação digitálica;
  • Insuficiência cardíaca descompensada;
  • Discrasia sanguínea;
  • Endocardite infecciosa ativa.

Anatomia coronariana e suas variações: Os primeiros ramos emitidos pela aorta são os ramos coronarianos que emergem logo após o seio de Valsalva bilateralmente à esquerda e à direita.

Tronco da coronária esquerda (TCE): O tronco da coronária esquerda surge da porção superior do seio aórtico esquerdo. Mede cerca de 10 a 15 milímetros e tem um diâmetro de cerca de 3 a 6 milímetros, raramente está ausente e normalmente se bifurca em artéria descendente anterior (ADA) e artéria circunflexa (Cx). Menos comumente, o tronco se trifurca dando origem a uma artéria intermediária denominada diagonalis . Lesões ≥ 50% são consideradas lesões graves.

Artéria descendente anterior (ADA): Surge do TCE e corre no septo interventricular até o ápice do VE. Percorre e nutre toda a parede anterior do VE e dá origem aos ramos septais (transversais a ADA formando um angulo de 90°) e diagonais (percorrem a parede anterolateral do VE). É dividida em 3 porções, proximal, média e distal. Lesões ≥ 70% são consideradas graves e quanto mais proximais pior o risco para o paciente.

Artéria circunflexa (Cx): Surge do TCE percorrendo o sulco atrioventricular esquerdo em direção ao sulco interventricular posterior. Quando essa artéria dá origem ao ramo descendente posterior (DP) diz-se que há dominância a esquerda, isso ocorre em 15% dos casos. Em geral, nutre as porções laterais e posteriores do VE e dá origem aos ramos marginais . Também é dividida em 3 segmentos e lesões ≥ 70% são consideradas graves. Quando ocorrem lesões graves nos terços proximais da ADA e Cx, considera-se lesões equivalentes a lesão de TCE.

Artéria coronária direita (ACD): Origina-se do seio aórtico anterior direito, passa pelo sulco atrioventricular direito em direção ao crux cordis (junção dos sulcos interventriculares anterior, posterior e interventricular inferior). A ACD dá origem a artéria do cone , artéria do nó sinoatrial , e em sua parte distal pode dar origem ao ramo ventricular posterior , e ao ramo descendente posterior quando há dominância à direita. Como nas outras artérias as lesões ≥ 70% neste vaso são classificadas como graves.

Avaliação de enxertos coronarianos: Avaliação das "pontes" de safena e mamária pode ser mais desafiadora ao hemodinamicista, principalmente quando não se dispõe do relato cirúrgico e se desconhece a anatomia da revascularização. Contudo, com cateteres especiais é possível estudar esses enxertos e avaliar sua patência.

Ventriculografia: Injeção de contraste no ventrículo para a análise da função global e segmentar do VE. Também pode diagnosticar lesões valvares através do comportamento do contraste na dinâmica cardíaca, esta etapa do exame pode ser dispensada em algumas situações (insuficiência renal, pouca tolerância a volume).

É importante mencionar que a anatomia aqui citada nem sempre é encontrada, existe variação de paciente para paciente, que pode fugir ao escopo específico da anatomia mencionada, porém a maioria dos casos segue esse padrão.

Autoria principal: Gabriel Quintino Lopes (Clínica Médica e Cardiologia).

Revisão: Eraldo Moraes (Cardiologia, Eletrofisiologia, com especialização em Marca-passo).

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