'
Definição: Injeção de contraste radiopaco através de cateter apropriado nas artérias coronárias obtendo-se ao mesmo tempo imagens radiográficas digitais, o que permite a visualização de estreitamentos das artérias coronárias causados pela doença aterosclerótica. É o exame padrão-ouro para se avaliar a anatomia coronariana e evoluiu muito desde sua primeira realização em 1959.
Sinônimos: Coronariografia; angiocoronariografia; cineangiocoronariografia; cateterismo; CATE.
O uso de contraste iodado pode prejudicar a função renal de pacientes com lesão renal prévia.
O acesso na artéria radial, em comparação com o acesso femoral, diminuiu significativamente as complicações do exame e é preferencialmente utilizado, porém, nem sempre essa via é possível em alguns pacientes.
Complicações vasculares como hematomas, pseudoaneurismas e extrusão da artéria podem ocorrer.
Complicações raras, porém preocupantes, compreendem infarto agudo do miocárdio, AVE, dissecção de coronárias, perfuração de coronárias ou ventrículo e morte.
Anatomia coronariana e suas variações: Os primeiros ramos emitidos pela aorta são os ramos coronarianos que emergem logo após o seio de Valsalva bilateralmente à esquerda e à direita.
Tronco da coronária esquerda (TCE): O tronco da coronária esquerda surge da porção superior do seio aórtico esquerdo. Mede cerca de 10 a 15 milímetros e tem um diâmetro de cerca de 3 a 6 milímetros, raramente está ausente e normalmente se bifurca em artéria descendente anterior (ADA) e artéria circunflexa (Cx). Menos comumente, o tronco se trifurca dando origem a uma artéria intermediária denominada diagonalis . Lesões ≥ 50% são consideradas lesões graves.
Artéria descendente anterior (ADA): Surge do TCE e corre no septo interventricular até o ápice do VE. Percorre e nutre toda a parede anterior do VE e dá origem aos ramos septais (transversais a ADA formando um angulo de 90°) e diagonais (percorrem a parede anterolateral do VE). É dividida em 3 porções, proximal, média e distal. Lesões ≥ 70% são consideradas graves e quanto mais proximais pior o risco para o paciente.
Artéria circunflexa (Cx): Surge do TCE percorrendo o sulco atrioventricular esquerdo em direção ao sulco interventricular posterior. Quando essa artéria dá origem ao ramo descendente posterior (DP) diz-se que há dominância a esquerda, isso ocorre em 15% dos casos. Em geral, nutre as porções laterais e posteriores do VE e dá origem aos ramos marginais . Também é dividida em 3 segmentos e lesões ≥ 70% são consideradas graves. Quando ocorrem lesões graves nos terços proximais da ADA e Cx, considera-se lesões equivalentes a lesão de TCE.
Artéria coronária direita (ACD): Origina-se do seio aórtico anterior direito, passa pelo sulco atrioventricular direito em direção ao crux cordis (junção dos sulcos interventriculares anterior, posterior e interventricular inferior). A ACD dá origem a artéria do cone , artéria do nó sinoatrial , e em sua parte distal pode dar origem ao ramo ventricular posterior , e ao ramo descendente posterior quando há dominância à direita. Como nas outras artérias as lesões ≥ 70% neste vaso são classificadas como graves.
Avaliação de enxertos coronarianos: Avaliação das "pontes" de safena e mamária pode ser mais desafiadora ao hemodinamicista, principalmente quando não se dispõe do relato cirúrgico e se desconhece a anatomia da revascularização. Contudo, com cateteres especiais é possível estudar esses enxertos e avaliar sua patência.
Ventriculografia: Injeção de contraste no ventrículo para a análise da função global e segmentar do VE. Também pode diagnosticar lesões valvares através do comportamento do contraste na dinâmica cardíaca, esta etapa do exame pode ser dispensada em algumas situações (insuficiência renal, pouca tolerância a volume).
É importante mencionar que a anatomia aqui citada nem sempre é encontrada, existe variação de paciente para paciente, que pode fugir ao escopo específico da anatomia mencionada, porém a maioria dos casos segue esse padrão.
Autoria principal: Gabriel Quintino Lopes (Clínica Médica e Cardiologia).
Revisão: Eraldo Moraes (Cardiologia, Eletrofisiologia, com especialização em Marca-passo).
Zeymer U, Bueno H, Granger CB, et al. Acute Cardiovascular Care Association position statement for the diagnosis and treatment of patients with acute myocardial infarction complicated by cardiogenic shock: A document of the Acute Cardiovascular Care Association of the European Society of Cardiology. Eur Heart J Acute Cardiovasc Care. 2020; 9(2):183-197.
Doe K, et al. Incidence and Predictors of Contrast-Induced Nephropathy in the Catheterization Laboratory. Catheterization and Cardiovascular Interventions. 2022; 97(4):560-567.
Garcia M, et al. Complications Associated with Cardiac Catheterization: A National Study. JAMA Cardiology. 2021; 6(9):1010-1017.
Wang X, et al. Percutaneous Coronary Intervention via the Radial Artery. European Heart Journal. 2021; 42(19):1943-1952.
Martin R, et al. Long-Term Outcomes of Fractional Flow Reserve-Guided Coronary Intervention. Journal of the American Heart Association. 2020; 9(6).
Davis P, et al. Cardiac Catheterization in Congenital Heart Disease: A 20-Year Perspective. Congenital Heart Disease. 2020; 15(4):503-510.
Taylor B, et al. Radial vs. Femoral Access in Primary Percutaneous Coronary Intervention. Journal of Interventional Cardiology. 2019; 32(5):550-556.
Olsen E, et al. Use of Optical Coherence Tomography in Cardiac Catheterization. Cardiology Clinics. 2018; 36(3):405-415.
White A, et al. Impact of Advanced Imaging Techniques in Cardiac Catheterization. American Heart Journal. 2022; 243(5):89-98.
Collet JP, Thiele H, Barbato E, et al. ESC Guidelines for the management of acute coronary syndromes in patients presenting without persistent ST-segment elevation. Eur Heart J. 2021; 42(14):1289-1367.