' Citrato - Urina de 24 Horas - Prescrição
Conteúdo copiado com sucesso!

Citrato - Urina de 24 Horas

Voltar

Definição: Também conhecido como ácido cítrico, é um dos mais importantes e potentes inibidores urinários da formação de cristais, apresentando grande relevância no contexto da doença renal litiásica.

Sinônimos: Citratúria - Urina de 24 horas; Ácido Cítrico - Urina de 24 horas; Excreção Urinária de Citrato - 24 horas.

A formação de cálculos renais é um processo complexo e multifatorial (ex.: idade, dieta, etnia, hereditariedade, alterações anatômicas), com uma alta taxa de recorrência.

De um modo geral, ocorre um desequilíbrio da excreção de alguns constituintes dos cálculos (ex.: cálcio, oxalato, cistina, ácido úrico) e/ou da eliminação de inibidores da cristalização (ex.: citrato).

O citrato inibe alguns tipos de cálculos renais devido, dentre outros fatores, à formação de complexos solúveis com o cálcio, ao aumento da sua reabsorção tubular (diminuindo a disponibilidade de cálcio para ligação com fosfato e oxalato) e à elevação do pH urinário, aumentando a solubilização do ácido úrico.

Além de reduzir a formação de cálculos novos, o citrato desacelera o crescimento dos eventualmente já existentes.

Sua pesquisa na urina faz parte do estudo para a investigação dos desequilíbrios metabólicos que podem predispor a alguma doença litiásica.

Em sua maioria, os cálculos são de constituição mista, com destaque para o oxalato de cálcio. A hipocitratúria é um dos principais fatores de risco para a formação de alguns tipos de cálculos.

Por meio da identificação e correção de alguns desequilíbrios, estima-se que até 70% dos casos de litíase renal são passíveis de intervenções conservadoras (dietéticas e/ou medicamentosas).

O citrato urinário também pode ser avaliado por meio de uma amostra isolada de urina, todavia sua dosagem na urina de 24 horas apresenta uma melhor acurácia diagnóstica.

    Indicações:
  • Investigação, auxílio diagnóstico e acompanhamento do tratamento de doença litiásica e/ou de acidose tubular renal;
  • Avaliação do metabolismo do fósforo e do cálcio.

Como solicitar: Citrato - Urina de 24 horas.

  • Orientações ao paciente:
    • Manter rotina, dieta e hidratação diária habituais (salvo se solicitado pelo médico dieta específica);
    • No início do período da coleta urinária, esvaziar a bexiga, desprezando essa micção, e anotar a hora;
    • Após esse procedimento inicial, coletar toda a urina produzida nas próximas micções do dia no frasco coletor com conservante (ácido clorídrico) fornecido pelo laboratório. Não há a necessidade de manter a urina sob refrigeração;
    • No fim do período, exatamente na hora em que ele foi iniciado no dia anterior, coletar a última micção no frasco;
    • Em seguida, levar o conteúdo ao laboratório, que deverá medir e informar o volume urinário total coletado no resultado do exame.
  • Frasco coletor: Deve ser apropriado para a urina de 24 horas, com conservante (Ácido clorídrico);
  • Material: Urina de 24 horas;
  • Volume recomendável: Não há uma quantidade recomendável preestabelecida para a urina de 24 horas, devendo apenas ser devidamente coletada e armazenada. Aliquotar 5 mL do volume total.
Texto alternativo para a imagem Frasco coletor apropriado para urina de 24 horas, com conservante (Ácido clorídrico). Ilustração: Caio Lima
  • De 320-1.240 mg/24 horas.

Observação! Os valores de referência para o citrato na urina de 24 horas podem variar de acordo com a idade do indivíduo, o laboratório clínico e a metodologia utilizada.

  • A coleta inadequada do total da urina eliminada nas 24 horas pode prejudicar os resultados;
  • A não acidificação da urina pode acarretar resultados falsamente baixos de citrato;
  • A coleta e a avaliação da urina de 24 horas não devem ser realizadas imediatamente após um quadro de cólica renal aguda, recomendando-se aguardar, pelo menos, 1 a 2 meses após o episódio;
  • O ponto de corte inferior para excreção do citrato é de 320 mg/dia; logo, concentrações abaixo desse limite são definidas como hipocitratúria. Esse valor, entretanto, é algo arbitrário e pode variar entre os laboratórios clínicos.

Aumento dos níveis: Administração exógena; dieta rica em frutas cítricas; substâncias/medicamentos (que elevem o pH sanguíneo, o potássio ou o magnésio).

Diminuição dos níveis: Idiopática; má absorção intestinal; diarreia; secundária à hipomagnesemia ou à hipocalemia; acidose metabólica; acidose tubular renal; derivação ureteral; dieta hiperproteica; alimentação pobre em frutas e vegetais; falha na acidificação da urina; substâncias/medicamentos (que diminuam o pH sanguíneo, o potássio ou magnésio; inibidores da anidrase carbônica, etc.).

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

Song L, Maalouf NM. Nephrolithiasis. In: Feingold KR, Anawalt B, Blackman MR, et al. Endotext. [Internet]. South Dartmouth, MA: MDText.com, Inc. (Accessed on February 10, 2024).

Adomako EA, Li X, Sakhaee K, et al. Urine pH and citrate as predictors of calcium phosphate stone formation. Kidney360. 2023; 4(8):1123-9.

Peerapen P, Thongboonkerd V. Kidney stone prevention. Adv Nutr. 2023; 14(3):555-69.

Kanaan S. Laboratório com Interpretações Clínicas. Rio de Janeiro: Atheneu, 2019.

Lieske JC, Wang X. Heritable traits that contribute to nephrolithiasis. Urolithiasis. 2019; 47(1):5-10.

McPherson RA, Pincus MR. Henry's Clinical Diagnosis and Management by Laboratory Methods. 23rd ed. St. Louis: Elsevier, 2017.

Mandel EI, Taylor EN, Curhan GC. Dietary and lifestyle factors and medical conditions associated with urinary citrate excretion. Clin J Am Soc Nephrol. 2013; 8(6):901-8.

Curhan GC, Taylor EN. 24-h uric acid excretion and the risk of kidney stones. Kidney Int. 2008; 73(4):489-96.

Domrongkitchaiporn S, Stitchantrakul W, Kochakarn W. Causes of hypocitraturia in recurrent calcium stone formers: focusing on urinary potassium excretion. Am J Kidney Dis. 2006; 48(4):546-54.

Jacobs DS, DeMott WR, Oxley DK. Jacobs & DeMott Laboratory Test Handbook With Key Word Index. 5th ed. Hudson: Lexi-Comp Inc., 2001.

Hamm LL. Renal handling of citrate. Kidney Int. 1990; 38(4):728-35.

Buckalew VM Jr. Nephrolithiasis in renal tubular acidosis. J Urol. 1989; 141(3 Pt 2):731-7.

Hosking DH, Wilson JW, Liedtke RR, et al. The urinary excretion of citrate in normal persons and patients with idiopathic calcium urolithiasis. Lab Clin Med. 1985; 106(6):682-9.