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Corpos Cetônicos

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Definição: Os corpos cetônicos (acetoacetato, acetona e ß-hidroxibutirato) são produtos do catabolismo hepático dos ácidos graxos, provendo energia alternativa às células nervosas em condições de baixa reserva de carboidratos (fonte de energia principal e preferencial).

Sinônimos: Cetonemia; Corpos cetônicos - Sangue; Pesquisa de corpos cetônicos séricos.

O catabolismo hepático dos ácidos graxos de cadeia longa, em situações em que há privação de carboidratos para a produção preferencial de energia, induz a produção de acetoacetato.

A redução do acetoacetato, pela enzima D-ß-hidroxibutirato desidrogenase, leva a um aumento das concentrações de ß-hidroxibutirato. As proporções séricas desses dois corpos cetônicos são, sob condições fisiológicas, de 1:1 (cerca de 0,5 mmol/L cada).

Todavia, nos quadros graves de cetoacidose, ocorre um maior acúmulo de ß-hidroxibutirato no sangue, o que faz com que a proporção ß-hidroxibutirato / acetoacetato possa variar de 3:1 a 7:1.

Já a acetona é proveniente da descarboxilação do acetoacetato, a qual é eliminada na urina e pulmões, sendo a responsável pelo hálito cetônico (odor de maçã verde) característico do quadro de cetoacidose. No outro lado, o acúmulo do acetoacetato e do ß-hidroxibutirato no sangue diminui o pH, levando à acidose.

Os corpos cetônicos também podem ser detectados no exame físico-químico da urina, por meio de tiras reagentes ( dipstick ) utilizadas no exame de urina de rotina. As tiras reagentes de urina são mais sensíveis na presença do acetoacetato, embora, na cetonúria, o ß-hidroxibutirato seja o corpo cetônico de maior proporção.

    Indicações:
  • Avaliação de cetonemias (ex.: diabética, alcoólica);
  • Investigação de quadros de hipoglicemia e de erros inatos do metabolismo;
  • Na suspeita de intoxicação por Isopropanol.

Como solicitar: Corpos cetônicos - Sangue.

  • Orientações ao paciente: Não é necessário preparo específico;
  • Tubo para soro (tampa vermelha/amarela) (Figuras 1 e 2): Aguardar a devida retração do coágulo, centrifugar a amostra por 15 minutos e armazenar o material sob refrigeração (2-8 °C);
  • Material: Sangue;
  • Volume recomendável: 1,0 mL.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tubo para soro - tampa vermelha. Ilustração: Caio Lima.


Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tubo para soro - tampa amarela. Ilustração: Caio Lima.

Negativo (< 1 mg/dL).

  • Observação! Os valores de referência para os corpos cetônicos podem variar de acordo com o laboratório clínico e a metodologia utilizada.

Amostras acentuadamente hemolisadas podem prejudicar os resultados.

Alta ingesta de vitamina C pode levar a resultados falso-negativos.

O uso de medicamentos que contenham grupos sulfidrila (ex.: IECAs, Acetilcisteína, Mesna, Penicilamida), Levodopa e/ou desidratação pode gerar resultados falso-positivos em algumas metodologias.

Apenas o ácido acetoacético e, em menores proporções, a acetona são detectados pelo teste com nitroprussiato. Em contrapartida, o ácido ß-hidroxibutirato não é detectado por esse tipo de metodologia.

Durante o tratamento da cetoacidose diabética, as concentrações de ß-hidroxibutirato reduzem, mas os níveis de acetoacetato e acetona elevam-se, dificultando assim a monitoração do tratamento pelo teste com nitroprussiato (paradoxalmente, ele pode ficar com maior positividade).

Embora o ß-hidroxibutirato seja rotineiramente chamado de corpo cetônico, tecnicamente, ele é um ácido carboxílico.

Atualmente, existem testes que detectam, diretamente, as concentrações de ß-hidroxibutirato. Esses testes vêm, aos poucos, substituindo os ensaios que utilizam o nitroprussiato para a avaliação dos corpos cetônicos.

    Aumento:
  • Cetoacidose diabética;
  • Cetoacidose alcoólica;
  • Intoxicação por Isopropanol;
  • Gravidez;
  • Cistinúria;
  • Hipoglicemia;
  • Jejum prolongado;
  • Dieta pobre em carboidratos;
  • Estresse;
  • Vômitos;
  • Diarreia;
  • Doença de von Gierke;
  • Estados febris;
  • Exercícios físicos extenuantes;
  • Exposição ao frio.

Diminuição: Não se aplica.

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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