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Cortisol

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Definição: O cortisol é um hormônio produzido pela zona fasciculada do córtex da glândula adrenal, sendo o principal e mais importante glicocorticoide encontrado no organismo.

    Sinônimos: Composto F; Cortisol total; Cortisol sérico; Cortisol - Sangue.
  • Coleta entre 7-9 horas: Cortisol basal; Cortisol matutino; Cortisol matinal; Cortisol da manhã; Cortisol das 8 horas; Cortisolemia – 8 horas;
  • Coleta entre 15-17 horas: Cortisol vespertino; Cortisol da tarde; Cortisol das 16 horas; Cortisolemia – 16 horas.

O cortisol está envolvido em diferentes e importantes processos metabólicos do organismo, por exemplo, na gliconeogênese, síntese e redistribuição de gordura, no metabolismo de proteínas, nos efeitos celulares e teciduais, etc.

Sua secreção ocorre em resposta a, basicamente, três estímulos: hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), estresse e ritmo circadiano.

Em condições fisiológicas, cerca de 10% do cortisol são encontrados em seu estado livre, com os outros 90% ligados à proteínas (60% à globulina ligante do cortisol [CBG] e 30% à albumina ). Acredita-se que apenas sua forma livre (não ligada) é biologicamente ativa.

Sua concentração plasmática exibe um ritmo circadiano, com pico entre 4-8 horas da manhã e nadir à noite, entre 23-00 horas. Ele apresenta meia-vida de, aproximadamente, 80-100 minutos.

O cortisol é capaz de autorregular sua secreção, por meio de um efeito de retroalimentação negativa no eixo hipotálamo-hipófise, coibindo a liberação (pela hipófise) do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH ).

A secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH ), por sua vez, é estimulada pelo hormônio liberador da corticotrofina (CRH), que é produzido pelo hipotálamo e liberado ciclicamente.

Provas funcionais/testes de estímulo ou supressão, exames de imagem, bem como a avaliaçao do cortisol sérico em outros horários, na saliva e na urina, podem ser solicitadas para complementação diagnóstica e melhor interpretação dos resultados.

    Indicações:
  • Auxílio diagnóstico de doenças da adrenal e da hipófise;
  • Diagnóstico diferencial da síndrome de Cushing;
  • Auxiliar na diferenciação de insuficiência adrenal primária e secundária;
  • Avaliação das respostas aos testes de estímulo ou de supressão da adrenal (no contexto das provas funcionais).

Como solicitar: Cortisol (descrever o horário).

  • Orientações ao paciente: Não é necessário preparo específico. Informar medicamentos em uso, inclusive sob a forma de cremes e pomadas, dia e hora da última dose. A coleta matutina deve ser feita, idealmente, entre 7-9 horas da manhã. Já a vespertina deve ser feita, preferencialmente, entre 15-17 horas da tarde, ou a critério médico;
  • Tubo para soro (tampa vermelha/amarela). Anotar o horário da coleta. Aguardar a devida retração do coágulo, centrifugar a amostra por 15 minutos e manter o material sob refrigeração (2-8 °C);
  • Material: Sangue;
  • Volume recomendável: 0,5 mL.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tubo para soro - tampa vermelha - Ilustração: Caio Lima.
Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tubo para soro - tampa amarela - Ilustração: Caio Lima.
  • Cortisol matutino (entre 7-9 horas): 5-25 microgramas/dL;
  • Cortisol vespertino (entre 15 e 17 horas): 3-16 microgramas/dL.

Observação! Os valores de referência para o cortisol podem variar de acordo com horário da coleta, laboratório clínico e metodologia utilizada. [cms-watermark]

A concentração da globulina ligante do cortisol (CBG) apresenta moderada variabilidade interindividual, e é afetada por várias condições clínicas, hormônios e medicamentos, o que pode interferir na concentração total e livre (fração biologicamente ativa) do hormônio.

Variações nos níveis séricos de albumina também podem influenciar na concentração total e livre (fração biodisponível) do cortisol, dificultando a interpretação dos resultados desse exame.

Amostras acentuadamente hemolisadas podem prejudicar sua determinação.

O uso de anticoncepcionais orais, Espironolactona e Tetraciclina podem levar a concentrações falsamente aumentadas de cortisol, em algumas metodologias.

Estresse agudo, depressão, alcoolismo, drogas (ex.: cortisona exógena, anticonvulsivantes) podem elevar falsamente os níveis basais.

Concentrações falsamente elevadas podem ser encontradas em razão de reações cruzadas com outros esteroides, em algumas metodologias.

De maneira geral, os ensaios para o cortisol apresentam baixa especificidade (por interferência analítica por compostos estruturalmente similares, como a cortisona) e alta variabilidade inter-ensaios.

Dada a grande variação circadiana, os valores absolutos do cortisol, especialmente em amostras únicas, devem ser interpretados com cautela.

A cromatografia líquida com espectrometria de massas em tandem (LC-MS/MS) com diluição isotópica é considerada um dos métodos de referência para a determinação das concentrações de cortisol. Entretanto, é um método pouco disponível e caro.

    Aumento:
  • Hipersecreção adrenocortical;
  • Hiperplasia adrenal cortical;
  • Adenoma adrenal cortical;
  • Carcinoma adrenal;
  • Adenoma hipofisário produtor de ACTH;
  • Tumor ectópico produtor de ACTH;
  • Doença adrenocortical nodular pigmentada primária (PPNAD);
  • Síndrome de Cushing;
  • Estresse;
  • Depressão;
  • Alcoolismo;
  • Anorexia nervosa;
  • Infecção;
  • Trauma;
  • Cirurgia;
  • Hemorragia;
  • Hipoglicemia;
  • Gravidez;
  • Drogas (esteroides, anticoncepcionais orais).
    Diminuição:
  • Falência ou destruição hipofisária;
  • Insuficiência hipotalâmica;
  • Síndromes adrenogenitais;
  • Insuficiência adrenal primária e secundária;
  • Doença de Addison;
  • Hiperplasia adrenal congênita;
  • Interrupção abrupta do uso de glicocorticoides exógenos.

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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