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Dosagem Sérica de Ácido Valproico (Total)

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Definição: O Ácido valproico é um medicamento anticonvulsivante, utilizado em uma grande variedade de síndromes epilépticas, em distúrbios bipolares e na profilaxia de alguns tipos de cefaleia.

Sinônimos: Nível Sérico de Ácido Valproico (Total); Dosagem Sérica de VPA (Total); Dosagem Sérica Total de V alproato de sódio; Dosagem Sérica Total de Ácido Dipropilacético; Dosagem Sérica Total de Valproato Semissódico.

O mecanismo de ação do Ácido valproico advém da sua capacidade de aumentar as concentrações do ácido gama-aminobutírico para os neurônios, além de refrear os canais de sódio voltagem-dependentes, inibindo, assim, a transmissão neuronal excitatória.

Sua meia-vida é de, aproximadamente, 8 a 15 horas, e sua absorção ocorre de forma rápida e praticamente completa. Apresenta grande ligação à albumina (90 a 96%) , com metabolização predominantemente hepática (90 a 100%), alcançando seu estado de equilíbrio em 2 a 3 dias.

Esse exame mensura toda a concentração de Ácido valproico no soro, ou seja, a soma de sua forma ligada e a não ligada/livre . Apesar de circular majoritariamente ligado a proteínas plasmáticas (notadamente à albumina) , a sua forma livre/não ligada é a fração diretamente responsável pela atividade neurológica, bem como pelos seus efeitos tóxicos.

Pacientes com condições/características clínicas específicas (ex.: idosos, hipoalbuminemia, insuficiência renal ou hepática, gravidez, uso de outras medicações com alta ligação a proteínas plasmáticas, etc.) podem ter os níveis séricos livres de Ácido valproico aumentados, e, consequentemente, maior risco de intoxicação.

Por esse motivo, esses pacientes devem ter ambos os níveis séricos (total e fração livre do Ácido valproico) monitorados.

    Indicações:
  • Monitoramento dos níveis terapêuticos e de toxicidade;
  • Avaliação da adesão ao tratamento;
  • Individualização da dose medicamentosa.
    Como solicitar: Dosagem Sérica Total de Ácido Valproico.
  • Orientações ao paciente:
    • Não é necessário nenhum preparo específico;
    • Anotar dia e horário da última dose, além de outros medicamentos em uso;
    • A coleta ideal deve ser feita imediatamente antes da administração da próxima dose ou a critério médico. [cms-watermark]
  • Tubo para soro (tampa vermelha/amarela), sem gel separador. Aguardar a retração do coágulo e centrifugar a amostra por 15 minutos. Caso não seja possível sua análise imediata, o soro deve ser aliquotado e mantido sob refrigeração (2 a 8 o C);
  • Material: sangue;
  • Volume recomendável: 1 mL.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tubo para soro - tampa vermelha. Ilustração: Caio Lima
Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tubo para soro - tampa amarela. Ilustração: Caio Lima

Nível terapêutico: 50 a 100 microgramas/mL (350 a 690 micromoles/L).

Nível tóxico: > 200 microgramas/mL ( > 1.390 micromoles/L).

    Observações:
  • Os valores de referência do Ácido valproico podem variar de acordo com o Laboratório Clínico e a metodologia utilizada;
  • Alguns pacientes necessitam de níveis séricos superiores às referências terapêuticas para controle adequado das crises convulsivas.
  • Hemólise, lipemia e contaminação microbiana podem interferir nos resultados;
  • Tubos de coleta contendo gel separador podem causar interferências analíticas (falsas reduções de suas concentrações) e, portanto, não devem ser utilizados para esse exame;
  • O uso de medicamentos que induzem o sistema citocromo P-450 (ex.: Fenitoína, Fenobarbital, Carbamazepina) podem diminuir a meia-vida sérica do Ácido valproico;
  • Esse exame não é capaz de distinguir a forma ligada da não ligada/livre . Seu resultado é a soma dessas duas frações;
  • Medicamentos que competem com sítios de proteínas ligadoras (ex.: Salicilatos, Fenilbutazona) podem aumentar os níveis séricos do Ácido valproico livre (fração biologicamente ativa) ;
  • Pacientes com hipoalbuminemia podem apresentar toxicidade mesmo quando em níveis terapêuticos habituais;
  • Alguns pacientes podem responder satisfatoriamente abaixo da faixa considerada terapêutica, e outros apresentar toxicidade mesmo nos limites de referência. Dessa maneira, a interpretação dos resultados deve ser correlacionada com a clínica;
  • Pacientes com condições/características clínicas específicas (ex.: idosos, hipoalbuminemia, insuficiência renal ou hepática, gravidez, uso de outras medicações com alta ligação a proteínas plasmáticas, etc.) podem ter os níveis séricos livres aumentados de ácido valproico, e, consequentemente, maior risco de intoxicação.
    Aumento: Terapia com medicamentos à base de Ácido valproico, associada a:
  • Administração de dose excessiva;
  • Medicamentos que competem com sítios de proteínas ligadoras (Salicilatos, Fenilbutazona).
    Diminuição: Terapia com medicamentos à base de ácido valproico, associada a:
  • Não adesão ao tratamento;
  • Medicamentos que induzem o sistema citocromo P-450 (Fenitoína, Fenobarbital, Carbamazepina).

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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