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Exame Parasitológico de Fezes

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Definição: O exame parasitológico de fezes (EPF) é um exame que deve consistir em pelo menos uma análise macro e microscópica de fezes recentes frescas, um procedimento de concentração e um método de coloração permanente.

Sinônimos: EPF; Pesquisa de ovos e protozoários - Fezes; POP fezes; Parasitológico de fezes; Parasitológico simples de fezes.

É um exame que, através da microscopia óptica, é capaz de identificar a presença (ou não) de protozoários (trofozoítas, cistos ou oocistos) e de helmintos (ovos, larvas ou mesmo vermes intactos ou frações destes) eliminados nas fezes, por meio de diferentes técnicas de preparo do material.

Apesar de ter alta especificidade, é um exame que apresenta baixa sensibilidade. O exame com três amostras de fezes frescas, analisadas a cada coleta, preferencialmente em dias alternados (ou com intervalo de pelo menos 24 horas entre as coletas), é considerado o ideal para uma avaliação adequada, otimizando assim a sua sensibilidade.

O uso de soluções conservadoras (ex.: Formol) pode ser feito para o armazenamento, em conjunto, de porções de fezes obtidas com intervalo de, no mínimo, 24 horas entre as coletas.

A sensibilidade do exame parasitológico de fezes varia de acordo com a qualidade da coleta do material, parasita envolvido, método(s) de concentração empregado(s), coloração utilizada e experiência do microscopista (método examinador dependente).

Em casos negativos, porém com alta suspeita clínica, podem ser solicitados testes para detecção de antígeno, anticorpo e/ou de diagnóstico molecular de alguns parasitas. Alguns exemplos desses ensaios disponíveis comercialmente são: protozooses (ex.: amebíase, babesiose, criptosporidiose, giardíase) e helmintoses (ex.: toxocariose, estrongiloidose, esquistossomose).

    Indicações:
  • Na triagem, avaliação e monitoramento do tratamento de patologias causadas por protozoários e helmintos;
  • Útil na pesquisa de estrongiloidíase antes do começo de corticoterapia imunossupressora.

Como solicitar: Exame parasitológico de fezes (EPF) ou Pesquisa de ovos e protozoários (POP) - Fezes.

  • Orientações ao paciente:
    • Não devem ser coletadas por até 1 semana depois de o paciente ter ingerido qualquer material que possa deixar algum resíduo cristalino (antidiarreicos não absorvíveis, antiácidos, bismuto, óleo mineral, etc.). O emprego de antibióticos ou meios de contraste pode reduzir os números de parasitas, principalmente de protozoários; [cms-watermark]
    • Lavar as mãos antes e depois da coleta;
    • Defecar em vasilhame limpo e seco, e transferir para o frasco próprio fornecido pelo laboratório (coletar frações de fezes em diferentes partes do bolo fecal);
    • Não contaminar a amostra com urina, água ou solo;
    • Manter a amostra armazenada e refrigerada até a sua entrega ao laboratório, a qual deve ser realizada em, no máximo, 2 horas após a coleta.
  • Frasco coletor de fezes (figura 1): Após a coleta, manter o material sob refrigeração (2-8 °C);
  • Material: Fezes recentes, frescas;
  • Volume recomendável: Aproximadamente metade do frasco.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Frasco coletor de fezes. Ilustração: Caio Lima

Ausência de protozoários (trofozoítas, cistos e/ou oocistos) e de helmintos (ovos, larvas e/ou vermes intactos).

  • Observação! Se o exame for positivo, o laboratório clínico deverá informar o(s) parasita(s) identificado(s) e sua apresentação (ex.: cisto, ovo, larva, etc.).

Contaminação da amostra com urina, água ou solo pode prejudicar a análise.

Ingestão de qualquer material que deixe resíduo cristalino (antidiarreicos não absorvíveis, antiácidos, bismuto, óleo mineral, etc.).

O uso de antibióticos, mesmo que momentaneamente, pode reduzir a carga parasitária, podendo levar a resultados falso-negativos.

Os parasitas podem apresentar eliminação fecal irregular/flutuante e, dessa forma, um único resultado negativo não exclui a possibilidade de infecção.

Não existe um método coprológico único que seja capaz de diagnosticar/identificar todas as helmintoses e protozooses. Preferencialmente, o clínico deve descrever qual a técnica desejada ou a hipótese diagnóstica.

A sensibilidade do exame parasitológico de fezes varia de acordo com a qualidade da coleta do material, parasita envolvido, método(s) de concentração empregado(s), coloração utilizada e experiência do microscopista (método examinador dependente).

Ele não detecta, de maneira rotineira, coccídios (ex.: Cryptosporidium, Cyclospora ) ou microsporídios. Nesses casos, é necessário o uso de colorações/técnicas especiais (ex.: Auramina, Kinyoun), de fluorescência, antígeno ou moleculares para a identificação desses microrganismos.

Existem diferentes técnicas que utilizam princípios diversos (ex.: sedimentação, flutuação, termo-hidrotropismo) que podem ser utilizadas para a pesquisa de protozoários e helmintos, cada qual com suas aplicações, vantagens e desvantagens.

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Medicina Laboratorial e Patologia Clínica).

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