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Fator de von Willebrand (Atividade)

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Definição: A doença de von Willebrand (vWD), causada pela deficiência (quantitativa e/ou qualitativa) do fator de von Willebrand (vWF), é o distúrbio hemorrágico hereditário mais comum, com prevalência de até 1% na população mundial.

Sinônimos: vWF atividade; Atividade do fator de von Willebrand; Atividade plasmática do vWF.

A vWD pode ser classificada nos tipos 1, 2 (2A, 2B, 2M e 2N) e 3.

O vWF é um polímero proteico produzido nos megacariócitos e no endotélio, e tem grande importância na formação do botão plaquetário (por meio da ligação à glicoproteína Ib [GPIb] e da mediação da agregação plaquetária) e do coágulo de fibrina (funciona como uma proteína carreadora do fator VIII ).

Ele forma multímeros com até 100 subunidades por meio de polimerização. O ensaio do tipo atividade para o vWF é realizado como um teste inicial (triagem), que avalia, de uma forma geral, a função do vWF por aferição da sua ligação mediada pela ristocetina à glicoproteína Ib (GPIb) da superfície da plaqueta.

Mistura-se o plasma do paciente com ristocetina e plaquetas fixadas em formalina, determinando, em um agregômetro, a quantidade de aglutinação plaquetária.

O ensaio do tipo antígeno e do fator VIII também são utilizados como testes de triagem, em conjunto com o teste de atividade. Se os resultados forem sugestivos para a vWD tipo 2, a realização do ensaio de multímeros é necessária para confirmar o subtipo e o diagnóstico.

A síndrome de von Willebrand de causa adquirida (não genética) mimetiza a vWD de caráter hereditário. Ela está associada a várias doenças e mecanismos fisiopatológicos distintos (ex.: proteólise, anticorpos, diminuição de síntese, aumento do clearance), que levam a uma disfunção ou deficiência do vWF.

Disproteinemias (ex.: mieloma múltiplo), doenças linfo ou mieloproliferativas, doenças cardiovasculares, doenças autoimunes (ex.: lúpus eritematoso sistêmico), hipotireoidismo e drogas (ex.: Ácido valproico), são alguns exemplos de condições associadas à síndrome de von Willebrand adquirida.

  • Tipo 1: Mais comum. Deficiência quantitativa parcial do fator de von Willebrand (vWF). Distúrbios de sangramento leve/moderado;
  • Tipo 2: Deficiência qualitativa. Distúrbios de sangramento leve/moderado. Seus subtipos são:
    • 2A: Perda dos multímeros de alto e intermediário peso molecular;
    • 2B: Perda dos multímeros de alto peso molecular e trombocitopenia;
    • 2M: Raro. Comprometimento da capacidade de o vWF ligar-se à GPIb plaquetária;
    • 2N: Raro. Comprometimento da capacidade de o vWF ligar-se ao fator VIII , reduzindo sua meia-vida. Por vezes, pode ser erroneamente diagnosticado como hemofilia A.
  • Tipo 3: Raro. Deficiência quantitativa grave do vWF. Distúrbios de sangramento grave. vWF muito baixo ou indetectável.
    Indicações:
  • Teste de triagem para determinar se um paciente, com história pessoal ou familiar de sangramento, apresenta a doença de von Willebrand (vWD);
  • Auxiliar na diferenciação entre os subtipos da vWD;
  • Diagnóstico diferencial entre vWD e hemofilia A;
  • Auxiliar a investigação do estado de carreador da hemofilia A em mulheres (herança ligada ao cromossomo X);
  • Seleção e monitoramento da terapia medicamentosa de pacientes cujos sangramentos possam responder, ou não, à Desmopressina (DDAVP).

Como solicitar: Fator de von Willebrand (Atividade).

  • Orientações ao paciente: não é necessário nenhum preparo específico. Informar medicações em uso;
  • Tubo para plasma (tampa azul-clara - Citrato de sódio a 3,2%) (figura abaixo):
    • Coletar o tubo de Citrato de sódio a 3,2% como o primeiro na ordem de coleta (quando não houver hemocultura);
    • Respeitar a proporção sangue/anticoagulante (9:1) no tubo;
    • Proceder a uma inversão do tubo por 4 vezes, delicadamente;
    • Entrar em contato com o laboratório clínico para informações específicas sobre centrifugação e obtenção do plasma pobre em plaquetas (PPP), armazenamento (possui baixa estabilidade sob refrigeração [2 horas], porém alta estabilidade congelado) e envio da amostra.
  • Material: sangue;
  • Volume recomendável: 4 mL.
Texto alternativo para a imagem
  • Grupo sanguíneo O: 49-142%;
  • Grupo sanguíneo não O: 66-183%;
    • Observação 1! Os valores de referência variam de acordo com o grupo sanguíneo ABO do paciente, por mecanismos ainda não muito bem conhecidos;
    • Observação 2! Ao nascimento, os níveis do fator de von Willebrand (vWF) são maiores. Com o passar dos meses, diminuem gradativamente, alcançando níveis de adultos por volta dos 6 meses de idade;
    • Observação 3! Os valores de referência para a atividade do vWF podem variar de acordo com o laboratório clínico e a metodologia utilizada.

Idealmente, em conjunto com os testes de triagem para a doença de von Willebrand (vWD), recomenda-se realizar algum exame que seja considerado um marcador de fase aguda (ex.: fibrinogênio , proteína C reativa ), a fim de avaliar se o paciente está sob uma reação de fase aguda no momento (ex.: inflamação, infecção), o que pode mascarar os níveis do fator de von Willebrand (vWF).

Amostras acentuadamente hemolisadas, ictéricas e/ou lipêmicas podem prejudicar os resultados.

A presença do fator reumatoide ou de anticorpos humanos anticamundongo (HAMA) na amostra pode superestimar os resultados em alguns ensaios.

Geralmente, quando os níveis de vWF estão diminuídos, os índices do fator VIII também estão.

A determinação isolada da atividade do vWF tem baixo valor diagnóstico.

O vWF apresenta baixa estabilidade, sendo sensível a inadequações de coleta, temperatura, transporte e armazenamento.

Resultados limítrofes ou discordantes com os achados clínico-laboratoriais, devem ser repetidos para confirmação.

A contaminação do plasma com plaquetas pode causar resultados espúrios.

    Aumento:
  • Reações de fase aguda;
  • Estresse;
  • Exercício;
  • Vasculites;
  • Doença hepática;
  • Recém-nascidos;
  • Gravidez;
  • Púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) /síndrome hemolítico-urêmica (SHU);
  • Tratamento com concentrados de fator VIII contendo vWF;
  • Medicamentos (estrógenos, Desmopressina, Heparina não fracionada).
    Diminuição:
  • Doença de von Willebrand (vWD): Tipos 1, 2 (2A, 2B, 2M), 3, tipo plaquetário e adquirido.

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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