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Definição: Teste que tem por objetivo avaliar o grau de fragilidade/resistência das membranas eritrocitárias à hemólise quando submetidas a diferentes diluições de solução salina, comparando-as com uma amostra controle.
Sinônimos:
Fragilidade osmótica das hemácias, fragilidade globular eritrocitária, teste de fragilidade osmótica eritrocitária, pesquisa de fragilidade osmótica eritrocitária, fragilidade eritrocitária, fragilidade das células vermelhas, fragilidade dos glóbulos vermelhos.
Fisiologicamente, os eritrócitos (assim como qualquer outro tipo de célula), quando expostos a soluções hipertônicas (muito concentradas), perdem água em excesso (desidratam) e sofrem um processo de crenação (encolhem).
Em contrapartida, quando submetidos a soluções hipotônicas, absorvem água e dilatam-se progressivamente, à medida que as concentrações da solução salina vão decaindo. A depender do nível da hipotonia, eles podem se romper (hemolisar).
Os eritrócitos são adicionados a soluções salinas graduadas, de concentrações decrescentes. Classicamente, avalia-se, por meio de espectrometria óptica, a porcentagem de hemólise encontrada em cada diluição, podendo ser plotada em um gráfico/curva para melhor visualização e interpretação dos resultados.
Tradicionalmente, o teste da fragilidade osmótica eritrocitária é utilizado para o auxílio diagnóstico da esferocitose eritrocitária, uma doença hemolítica familiar cujo quadro clínico é caracterizado por anemia, icterícia intermitente e esplenomegalia de intensidades variáveis. Nessa condição, a fragilidade osmótica está aumentada, apresentando um início da hemólise mais próximo às concentrações fisiológicas de NaCl (desvio da curva para a direita).
Existem adaptações ao teste clássico (ex.: fragilidade osmótica por citometria de fluxo) e outros exames laboratoriais (ex.: teste de ligação de eosina 5-maleimida [EMA]) mais acurados para o diagnóstico da esferocitose hereditária.
Como solicitar: Fragilidade osmótica eritrocitária.
Figura 1.
Tubo para sangue total – tampa roxa (EDTA)
Início da hemólise: Solução salina (NaCl) a 0,45%.
Hemólise completa: Solução salina (NaCl) a 0,35%.
Amostras hemolisadas e/ou coaguladas inviabilizam a realização do teste.
Apesar de, tradicionalmente, ser utilizado para avaliação diagnóstica da esferocitose hereditária, esse teste não é específico para essa finalidade.
A fim de mitigar a possibilidade de resultados falso negativos, pode-se incubar a amostra a 37
o
C por 18-24 horas antes da realização do teste, melhorando, assim, a sua sensibilidade.
É um teste muito laborioso e que demanda tempo.
Existem adaptações ao teste clássico (ex.: fragilidade osmótica por citometria de fluxo) e outros exames laboratoriais (ex.: teste de ligação de eosina 5-maleimida [EMA]) mais acurados para o diagnóstico da esferocitose hereditária.
Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).
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