' Gasometria Arterial - Prescrição
Conteúdo copiado com sucesso!

Gasometria Arterial

Voltar

Definição: É uma determinação quantitativa do pH e dos gases sanguíneos arteriais, compreendida, no mínimo, por pH, pressão parcial de dióxido de carbono (pCO 2 ou PaCO 2 ), pressão parcial do oxigênio (pO 2 ou PaO 2 ), bicarbonato (HCO 3 - ), saturação de hemoglobina (SO 2 ) e excesso de base ( base excess ). O sangue arterial é preferível em relação ao venoso para a análise dos gases sanguíneos, já que ele não é afetado pelo metabolismo dos tecidos, proporcionando assim um resultado mais acurado.

  • Equação de Henderson-Hasselbalch: pH = 6,1 + log [(HCO 3 - )/(H 2 CO 3 )];
  • H 2 CO 3 = 0,03 x pCO 2 .

Sinônimos: Gases sanguíneos arteriais; GSA; ABG.

    Indicações:
  • Utilizada para a avaliação das trocas gasosas, função respiratória, equilíbrio ácido-base, cálculo do hiato aniônico ( anion gap );
  • Diagnóstico e acompanhamento dos distúrbios metabólicos e respiratórios;
  • Detecção e quantificação de dis-hemoglobinemias (ex.: carboxiemoglobina, sulfoemoglobina, metaemoglobina );
  • Utilizado como alternativa ao sangue venoso (ex.: situações de emergência), sendo amostra aceitável para alguns testes laboratoriais de rotina.

Contraindicação: Possui pouco valor na intoxicação pelo monóxido de carbono (CO).

Como solicitar: Gasometria arterial.

  • Orientações ao paciente: S e possível, repouso por 15 minutos;
  • Orientações de coleta:
    • Não coletar próximo de áreas infectadas, de shunts arteriovenosos/fístulas ou em pacientes com síndrome de Raynaud na fase aguda;
    • Antes da coleta pela artéria radial, realizar o teste de Allen, a fim de verificar a presença de circulação colateral. Realizar uma leve dorsiflexão do punho do paciente. Puncionar, vagarosa e delicadamente, a artéria radial em uma angulação da pele de 45-60° (no caso da femoral, puncionar a 90°). A pulsação do sangue na seringa confirma que ela será preenchida, isoladamente, pela força da pressão arterial;
    • Outros sítios usuais de punção são as artérias braquiais ou femorais;
      • Atenção! Quando realizada a coleta do sangue por cateter arterial, deve-se retirar por completo a solução de infusão contida nele. Recomenda-se que sejam retirados e desprezados de 3 a 6 vezes o volume do cateter antes da coleta.
    • Deve ser utilizada uma seringa própria para gasometria (com heparina de lítio jateada na parede, balanceada com cálcio) ou uma seringa pré-heparinizada, de preferência com heparina seca, evitando assim o excesso do anticoagulante;
    • Após a obtenção do sangue, desprezar a agulha, esgotar o ar residual e vedar a ponta da seringa com um dispositivo oclusor. Realizar, sutilmente, rotações/inversões da seringa, a fim de homogeneizar a amostra com o anticoagulante;
    • Após a coleta, o local da punção deverá ser pressionado por 3-5 minutos. Pacientes em uso de anticoagulantes podem necessitar de um tempo maior de compressão;
    • Levar imediatamente ao Laboratório, em posição horizontal. Caso não seja possível a análise em 10-15 minutos, a seringa poderá ser acondicionada em recipiente com água gelada e gelo moído ou gelo reciclável, por até 1 hora (para minimizar o metabolismo celular);
      • Atenção! Não se deve colocar as amostras diretamente em contato com o gelo, sob o risco de congelamento e hemólise do sangue.
    • Informar ao Laboratório a fração de oxigênio inspirado (F i O 2 ), frequência respiratória, modo da ventilação e temperatura do paciente.
  • Material: sangue total arterial heparinizado;
  • Volume recomendável: volume indicado na seringa própria ou 3,0 mL.
  • pH: 7,35-7,45;
  • pCO 2 : 35-45 mmHg;
  • HCO 3 - : 21-28 mmol/L;
  • pO 2 :
    • Recém-nascidos: 60-70 mmHg;
    • Adultos: 80-95 mmHg;
  • Saturação de oxigênio: 95-99%;
  • Base excess : -3,0 a +3,0 mmol/L.

Observação! Os valores de referência dos gases sanguíneos podem variar de acordo com o Laboratório Clínico e aparelho/metodologia utilizada. [cms-watermark]

Em alguns analisadores, o cálculo da saturação de hemoglobina (SO 2 ) pode sofrer interferência em pacientes com dis-hemoglobinemias (ex.: carboxiemoglobina, sulfoemoglobina, metaemoglobina ). Nesses casos, a saturação de oxigênio deverá ser expressa pela fração de oxiemoglobina (FO 2 Hb).

A presença de bolhas e/ou microcoágulos na seringa pode prejudicar as análises. [cms-watermark]

O uso de heparina líquida não é indicado, já que aumenta o risco de excesso de heparina na seringa, podendo diluir a amostra e interferir nos resultados.

O material deve ser analisado em, no máximo, 1 hora após a coleta, se mantida resfriada (0-4 o C) e na posição horizontal. [cms-watermark]

Quando em respiração espontânea, o paciente deve apresentar uma condição respiratória estável por cerca de 30 minutos para a coleta do sangue. Após alterações nos padrões respiratórios, alguns pacientes podem levar mais de 30 minutos para alcançar uma estabilidade ventilatória.

Quando realizada a coleta do sangue por cateter arterial, deve-se retirar por completo a solução de infusão presente. Recomenda-se que seja retirado e desprezado de 3 a 6 vezes o volume do cateter antes da coleta.

Amostras que não foram bem homogeneizadas podem apresentar microcoágulos e sedimentação, alterando os resultados.

Não se deve colocar as amostras diretamente em contato com o gelo, sob o risco de congelamento e hemólise do sangue.

    São quatro os estados anormais fundamentais (existem também distúrbios mistos, respiratórios agudos e crônicos):
  • Acidose metabólica (pH < 7,40; HCO 3 - baixo; pCO 2 baixa): cetoacidose diabética; choque; acidose lática; insuficiência renal;
  • Alcalose metabólica (pH > 7,40; HCO 3 - elevado; pCO 2 elevada): vômitos; hipocalemia;
  • Acidose respiratória (pH < 7,40; HCO 3 - elevado; pCO 2 elevada): DPOC; paralisia dos músculos respiratórios; pneumonia; doenças do SNC que afetam áreas envolvidas no controle respiratório;
  • Alcalose respiratória (pH > 7,40; HCO 3 - baixo; pCO 2 baixa): ansiedade; dor aguda; hiperventilação.

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

Saberian L, Sharif M, Aarabi M, et al. Arterial Versus Venous Blood Gas Analysis Comparisons, Appropriateness, and Alternatives in Different Acid/Base Clinical Settings: A Systematic Review. Cureus. 2023; 15(7):e41707. [cms-watermark]

Tucker AM, Johnson TN. Acid-base disorders: A primer for clinicians. Nutr Clin Pract. 2022; 37(5):980-9. [cms-watermark]

Ogliari ALC, Piazzetta GR, Filho CGM. Punção arterial. Vittalle - Revista de Ciências da Saúde. 2021; 33(1):124-31. [cms-watermark]

Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): Boas Práticas em Laboratório Clínico. 1a ed. Barueri: Manole, 2020. [cms-watermark]

Kanaan S. Laboratório com interpretações clínicas. 1a ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2019. [cms-watermark]

McPherson RA, Pincus MR. Henry's clinical diagnosis and management by laboratory methods. 23rd ed. St. Louis, MO: Elsevier, 2017.

Jacobs DS, DeMott WR, Oxley DK. Jacobs & DeMott laboratory test handbook with key word index. 5th ed. Hudson: Lexi-Comp Inc., 2001.

Williams AJ. ABC of oxygen: assessing and interpreting arterial blood gases and acid-base balance. BMJ. 1998; 317(7167):1213-6.

Harsten A, Berg B, Inerot S, et al. Importance of correct handling of samples for the results of blood gas analysis. Acta Anaesthesiol Scand. 1988; 32(5):365-8. [cms-watermark]