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Gasometria Venosa

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    Definição: É uma determinação quantitativa do pH e dos gases sanguíneos venosos que compreende, entre outros parâmetros, pH, pressão parcial de dióxido de carbono (pCO 2 ou PaCO 2 ), pressão parcial do oxigênio (pO 2 ou PaO 2 ), bicarbonato (HCO 3 - ), saturação de hemoglobina (SO 2 ) e excesso de base ( base excess ).
  • Equação de Henderson-Hasselbalch: pH = 6,1 + log [(HCO 3 - )/(H 2 CO 3 )];
  • H 2 CO 3 = 0,03 x pCO 2 .

Sinônimo: Gases sanguíneos venosos; gasometria de sangue venoso; GSV; VBG.

A gasometria venosa pode ser utilizada de forma razoavelmente confiável para a determinação do pH, HCO 3 - e da pCO 2 , na maioria das situações clínicas, apresentando boa correlação com o sangue arterial . Nas análises relacionadas com o oxigênio (ex.: pO 2 ), entretanto, [cms-watermark] o sangue venoso geralmente não é útil.

O sangue arterial é preferível com relação ao venoso para a análise dos gases sanguíneos, já que ele não é afetado pelo metabolismo dos tecidos, proporcionando, assim, um resultado mais acurado.

    Indicações:
  • Utilizado, alternativamente, na avaliação de hipóxia celular e equilíbrio acidobásico (menos efetivo que a gasometria arterial );
  • Na avaliação do pH (quando da impossibilidade de punção arterial) em crianças e em adultos cujas determinações relacionadas com o oxigênio não sejam necessárias;
  • Quando há alguma contraindicação à punção arterial (ex.: pacientes com distúrbios da coagulação, especialmente em artérias profundas e/ou com dificuldade de compressão).
    Contraindicações:
  • Não deve ser utilizada para a avaliação do pH e da pCO 2 nem em pacientes com ICC ou choque, visto haver diferenças significativas desses parâmetros quando comparados com o sangue arterial;
  • Para a determinação da pO 2 e da saturação de oxigênio, é indicado o uso do sangue arterial.

Como solicitar: Gasometria venosa.

  • Orientações ao paciente: se possível, repouso por 15 minutos;
  • Orientações de coleta:
    • Não coletar próximo de áreas infectadas nem de shunts arteriovenosos/fístulas;
    • Deve ser utilizada uma seringa própria para gasometria (com heparina de lítio jateada na parede, balanceada com cálcio) ou uma seringa pré-heparinizada, de preferência com heparina seca para evitar o excesso do anticoagulante;
    • Após a obtenção do sangue, desprezar a agulha, esgotar o ar residual e vedar a ponta da seringa com um dispositivo oclusor. Realizar, sutilmente, rotações/inversões da seringa, a fim de homogeneizar a amostra com o anticoagulante;
    • Levar imediatamente ao laboratório em posição horizontal. Caso não seja possível a análise em 10-15 minutos, a seringa poderá ser acondicionada em recipiente com água gelada e gelo moído ou gelo reciclável por até 1 hora (para minimizar o metabolismo celular);
      • Atenção! Não se devem colocar as amostras diretamente em contato com o gelo, sob o risco de congelamento e hemólise do sangue;
    • Informar ao laboratório:
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      • Fração de oxigênio inspirado (F i O 2 ); [cms-watermark]
      • Frequência respiratória;
      • Modo da ventilação;
      • Local da punção (sangue venoso periférico ou central); [cms-watermark]
      • Temperatura do paciente; [cms-watermark]
  • Material: sangue total venoso heparinizado;
  • Volume recomendável: o indicado na seringa própria ou 3 mL.
  • pH: 7,32 a 7,43; [cms-watermark]
  • pCO 2 : 38 a 50 mmHg; [cms-watermark]
  • HCO 3 - : 21 a 28 milimol/L; [cms-watermark]
  • pO 2 : em torno de 40 mmHg; [cms-watermark]
  • Saturação de oxigênio: em torno de 75%; [cms-watermark]
  • Base excess : -3 a +3 milimol/L. [cms-watermark]

Observação! Os valores de referência dos gases sanguíneos podem variar de acordo com o laboratório clínico e aparelho e/ou metodologia utilizados.

  • A presença de bolhas e/ou microcoágulos na seringa pode prejudicar as análises;
  • O uso de heparina líquida não é indicado, já que aumenta o risco de excesso de heparina na seringa, podendo diluir a amostra e interferir nos resultados;
  • O material deve ser analisado em, no máximo, 1 hora após a coleta, se mantido resfriado (0-4 o C) e na posição horizontal;
  • Quando em respiração espontânea, o paciente deve apresentar uma condição respiratória estável por cerca de 30 minutos para a coleta do sangue. Após alterações nos padrões respiratórios, alguns pacientes podem levar mais de 30 minutos para alcançar uma estabilidade ventilatória;
  • Amostras que não foram bem homogeneizadas podem apresentar microcoágulos e sedimentação, alterando os resultados;
  • Não se devem colocar as amostras diretamente em contato com o gelo, sob o risco de congelamento e hemólise do sangue;
  • Em pacientes críticos, o padrão ouro para a avaliação da função respiratória e de distúrbios acidobásicos é a gasometria arterial;
  • Há grande heterogeneidade e discrepâncias entre os achados dos estudos que compararam os resultados entre gasometrias venosas e arteriais, prejudicando, assim, uma adequada interpretação da correlação entre parâmetros.
    São quatro os estados anormais fundamentais (também existem distúrbios mistos, respiratórios agudos e crônicos): [cms-watermark]
  • Acidose metabólica (pH <7,40; HCO 3 - baixo; pCO 2 baixa): [cms-watermark]
    • Cetoacidose diabética; [cms-watermark]
    • Choque; [cms-watermark]
    • Acidose lática; [cms-watermark]
    • Insuficiência renal; [cms-watermark]
  • Alcalose metabólica (pH >7,40; HCO 3 - elevado; pCO 2 elevada): vômitos; hipocalemia;
  • Acidose respiratória (pH <7,40; HCO 3 - elevado; pCO 2 elevada):
    • DPOC; [cms-watermark]
    • Paralisia dos músculos respiratórios; [cms-watermark]
    • Pneumonia; [cms-watermark]
    • Doenças do SNC que afetam áreas envolvidas no controle respiratório; [cms-watermark]
  • Alcalose respiratória (pH >7,40; HCO 3 - baixo; pCO 2 baixa): ansiedade; dor aguda; hiperventilação.

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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