'
Definição: Este teste mede a quantidade de gordura presente nas fezes, cujo conteúdo lipídico normal consiste primariamente em ácidos graxos, sais de ácidos graxos (sabões) e gorduras neutras.
Sinônimos: Gordura fecal de 72 horas, Valor quantitativo de gordura fecal; Dosagem de gordura fecal; Lipídios fecais - Quantitativo; Esteatorreia - Quantitativo.
A quantificação da gordura nas fezes pode ser avaliada de diferentes formas (coleta das fezes por 24 horas, 48 horas ou, classicamente, 72 horas). A amostra isolada de fezes (método qualitativo)
pode ser utilizada para triagem.
A análise pelo método titulométrico das fezes coletadas por 72 horas (método quantitativo) é a que apresenta a determinação mais acurada, sendo considerada o padrão-ouro.
Caso um teste qualitativo (Sudam III)
seja positivo, usualmente não há a necessidade de seguir a investigação com uma avaliação quantitativa. Por sua vez, um resultado negativo, na persistência da suspeita clínica, deve ser confirmado com um teste quantitativo.
Como solicitar:
Gordura fecal de 72 horas (quantitativo).
Frasco próprio fornecido ou orientado pelo laboratório (vasilhame limpo e seco).
Ilustração:
Julia Fragale
Observação!
Em bebês e crianças, a dieta padrão com 100 g de gordura/dia não é aplicável. Para essa população, o uso do "coeficiente porcentual de retenção da gordura" é recomendado, sendo a diferença entre gordura fecal ingerida expressa como um porcentual da gordura ingerida. O coeficiente de retenção da gordura é de 95% ou mais, tanto para crianças quanto para adultos. Testes qualitativos podem ser utilizados como triagem.
O uso de laxantes, antiácidos, talco, óleo de rícino, pomadas na região anal e supositórios podem interferir em sua determinação.
Esse teste não é capaz de discriminar a causa da esteatorreia. Para o diagnóstico diferencial entre esteatorreias de origem duodenal ou pancreática, o teste da elastase pancreática fecal pode ser utilizado.
A acurácia do exame depende da aderência à dieta e da correta coleta das fezes pelo paciente.
Excreções intermediárias de gordura nas fezes (7,1-14 g/24 horas) devem ser interpretadas com cautela, já que algumas doenças que cursam com diarreia (mesmo na ausência de má absorção, podem elevar a eliminação de gorduras nas fezes).
Resultados falso-positivos podem ocorrer em pacientes que fizeram uso de olestra (uma gordura artificial presente em alguns salgados/biscoitos).
Por outro lado, resultados falso-negativos podem ocorrer em caso de baixa ingesta de gordura da dieta recomendada e/ou coleta incompleta das fezes no período.
Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).
Azer SA, Sankararaman S. Steatorrhea. [Internet]. StatPearls. Treasure Island, FL: StatPearls Publishing. (Accessed on March 03, 2024).
Gopi S, Singh N, Yegurla J, et al. Utility of Fecal Elastase-1 to diagnose severe exocrine insufficiency in chronic pancreatitis: Real world experience. Pancreatology. 2023; 23(2):151-157.
Barkin JA, Barkin JS. Effect of Pancrelipase Therapy on Exocrine Pancreatic Insufficiency Symptoms and Coefficient of Fat Absorption Associated With Chronic Pancreatitis. Pancreas. 2021; 50(2):176-182.
Kanaan S. Laboratório com interpretações clínicas. 1a ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2019.
Erchinger F, Engjom T, Jurmy P, et al. Fecal Fat Analyses in Chronic Pancreatitis Importance of Fat Ingestion before Stool Collection. PLoS One. 2017; 12(1):e0169993.
McPherson RA, Pincus MR. Henry's clinical diagnosis and management by laboratory methods. 23rd ed. St. Louis: Elsevier, 2017.
Hart PA, Conwell DL. Diagnosis of exocrine pancreatic insufficiency. Curr Treat Options Gastroenterol. 2015; 13(3):347-353.
Neucker AV, Bijleveld CM, Wolthers BG, et al. Comparison of near infrared reflectance analysis of fecal fat, nitrogen and water with conventional methods, and fecal energy content. Clin Biochem. 2002; 35(1):29-33.
Jacobs DS, DeMott WR, Oxley DK. Jacobs & DeMott laboratory test handbook with key word index. 5th ed. Hudson: Lexi-Comp Inc., 2001.
Fine KD, Fordtran JS. The effect of diarrhea on fecal fat excretion. Gastroenterology. 1992; 102(6):1936-1939.