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Gordura Fecal - Quantitativo

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Definição: Este teste mede a quantidade de gordura presente nas fezes, cujo conteúdo lipídico normal consiste primariamente em ácidos graxos, sais de ácidos graxos (sabões) e gorduras neutras.

Sinônimos: Gordura fecal de 72 horas, Valor quantitativo de gordura fecal; Dosagem de gordura fecal; Lipídios fecais - Quantitativo; Esteatorreia - Quantitativo.

A quantificação da gordura nas fezes pode ser avaliada de diferentes formas (coleta das fezes por 24 horas, 48 horas ou, classicamente, 72 horas). A amostra isolada de fezes (método qualitativo) pode ser utilizada para triagem.

A análise pelo método titulométrico das fezes coletadas por 72 horas (método quantitativo) é a que apresenta a determinação mais acurada, sendo considerada o padrão-ouro.

Caso um teste qualitativo (Sudam III) seja positivo, usualmente não há a necessidade de seguir a investigação com uma avaliação quantitativa. Por sua vez, um resultado negativo, na persistência da suspeita clínica, deve ser confirmado com um teste quantitativo.

    Indicações:
  • Investigação, diagnóstico e acompanhamento de esteatorreia e síndromes má absortivas; [cms-watermark]
  • Avaliação de sintomas gastrointestinais (ex.: dor abdominal, flatulências, diarreia persistente);
  • Monitorização da terapia de reposição com enzimas pancreáticas.
    Contraindicação:
  • Pacientes em uso de óleo mineral.

Como solicitar: Gordura fecal de 72 horas (quantitativo).

  • Orientações ao paciente:
    • Deverá seguir uma dieta padrão contendo 100 g de gordura/dia, por 3 dias antes e durante a coleta das amostras (total de 6 dias);
    • No 4º dia após o início da dieta, marcar a hora da primeira evacuação e desprezar essa amostra;
    • Urinar antes de cada defecação para evitar a contaminação do material com urina;
    • Coletar todas as fezes produzidas nas 72 horas seguintes, armazenando-as sob refrigeração (2-8 o C);
    • No mesmo horário em que foi registrada a primeira evacuação há 3 dias, defecar e armazenar esse último material. Registrar data e hora do início e término da coleta;
    • Levar o material ao laboratório clínico o mais rápido possível, com o registro de data e hora do início e término da coleta.
  • Frasco próprio fornecido ou orientado pelo laboratório (vasilhame limpo e seco). Não colocar no frasco: urina, água, palitos, papel higiênico, etc.;
  • Material: fezes;
  • Volume recomendável: volume fecal total de 72 horas.
Texto alternativo para a imagem Frasco próprio fornecido ou orientado pelo laboratório (vasilhame limpo e seco). Ilustração: Julia Fragale
  • < 6-7 g de gordura fecal/24 horas;
  • < 20% de matéria seca.

Observação! Em bebês e crianças, a dieta padrão com 100 g de gordura/dia não é aplicável. Para essa população, o uso do "coeficiente porcentual de retenção da gordura" é recomendado, sendo a diferença entre gordura fecal ingerida expressa como um porcentual da gordura ingerida. O coeficiente de retenção da gordura é de 95% ou mais, tanto para crianças quanto para adultos. Testes qualitativos podem ser utilizados como triagem. [cms-watermark]

O uso de laxantes, antiácidos, talco, óleo de rícino, pomadas na região anal e supositórios podem interferir em sua determinação.

Esse teste não é capaz de discriminar a causa da esteatorreia. Para o diagnóstico diferencial entre esteatorreias de origem duodenal ou pancreática, o teste da elastase pancreática fecal pode ser utilizado.

A acurácia do exame depende da aderência à dieta e da correta coleta das fezes pelo paciente.

Excreções intermediárias de gordura nas fezes (7,1-14 g/24 horas) devem ser interpretadas com cautela, já que algumas doenças que cursam com diarreia (mesmo na ausência de má absorção, podem elevar a eliminação de gorduras nas fezes).

Resultados falso-positivos podem ocorrer em pacientes que fizeram uso de olestra (uma gordura artificial presente em alguns salgados/biscoitos).

Por outro lado, resultados falso-negativos podem ocorrer em caso de baixa ingesta de gordura da dieta recomendada e/ou coleta incompleta das fezes no período.

    Aumento:
  • Espru tropical e não tropical;
  • Doença de Crohn;
  • Insuficiência pancreática exócrina;
  • Pancreatite crônica;
  • Fibrose cística;
  • Supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO);
  • Doença de Whipple;
  • Enteropatia tuberculosa;
  • Giardíase;
  • Neoplasias.
    Diminuição:
  • Não se aplica.

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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