'
Definição: A detecção quantitativa do RNA do HIV, por meio de técnicas de biologia molecular [ex.: RT-PCR ( Real-Time Polymerase Chain Reaction )], é uma forma de detecção direta do material genético viral.
Sinônimos: HIV - PCR Quantitativo; HIV - PCR Quantitativo do RNA; PCR Quantitativo do HIV RNA; Carga Viral do HIV em Tempo Real; HIV - Quantificação do RNA Viral; HIV - Viremia; Carga Viral do HIV-1; Teste Molecular Quantitativo para o HIV; CV do HIV; HIV - RNA Quantitativo; HIV PCR Quantitativo em Tempo Real.
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um retrovírus esférico, de material genético RNA de cadeia simples, pertencente ao gênero
Lentivirinae
, família
Retroviridae
. Ele se liga e infecta, preferencialmente, aos linfócitos T CD4 (
helper
), diminuindo seus níveis lenta e progressivamente.
A infecção aguda pode se manifestar por uma síndrome mononucleose-
like
(cerca de metade dos indivíduos) ou evoluir de forma oligo/assintomática. Com o passar dos anos (cerca de 10 anos após a infecção primária, em média), infecções oportunistas e malignidades secundárias podem acontecer, levando a um estágio da infecção conhecida como SIDA (síndrome da imunodeficiência adquirida).
Possui dois tipos distintos, porém intimamente relacionados, com cerca de 40% de material genético homólogo: HIV-1 (distribuído mundialmente) e o HIV-2 (encontrado, principalmente, na África), ambos agentes etiológicos da SIDA. A infecção pelo HIV-2 induz a uma clínica/doença semelhante a causada pelo HIV-1, embora o tempo médio de incubação para o desenvolvimento da SIDA pareça ser maior.
O exame de carga viral para o HIV é capaz de detectar, com elevada sensibilidade e especificidade, o número de cópias virais/mL presentes na amostra, até mesmo quando em baixas concentrações. Nos pacientes agudamente infectados, e que ainda vão soroconverter, a detecção laboratorial da carga viral pode ser observada de 4 a 11 dias após a exposição.
Em conjunto com a contagem de linfócitos T CD4+
, ela é capaz de determinar a progressão da infecção e eficácia da terapia antirretrovial. Os níveis da carga viral estão relacionados, diretamente, com o aumento do risco de transmissão sexual, bem como da transmissão vertical.
Em virtude das graves implicações que um resultado positivo pode trazer, diversos fluxogramas para triagem e confirmação laboratorial são propostos pelo Ministério da Saúde (MS). Tais fluxogramas objetivam o fornecimento de resultados precisos e confiáveis, a fim de aumentar ao máximo a sensibilidade e especificidade dos testes.
Como solicitar:
HIV - Carga Viral.
Amostra com carga viral do HIV-1 não detectável.
Pacientes com carga viral do HIV-1 não detectável, porém com persistência da suspeita clínica de infecção aguda, devem ser submetidos a uma nova coleta após 7 dias, com a realização de um novo teste molecular.
Resultados falso-detectados, falso-não detectados, indeterminados, inconclusivos ou discrepantes podem ocorrer entre os diferentes tipos de testes ou metodologias.
A demora em separar o plasma da parte celular do sangue, pode gerar resultados falsamente baixos.
Não deve ser utilizado como um teste inicial para o rastreio da população, tendo em vista a possibilidade de resultados falso-detectados.
Em indivíduos com terapia antirretroviral adequada, pequenas flutuações transitórias da carga viral podem ocorrer.
Deve-se ter atenção aos valores do limite inferior de quantificação de cada kit diagnóstico, porque eles podem variar entre si.
Devido a variabilidade analítica entre os diferentes kits diagnósticos comercialmente disponíveis, é aconselhado que os pacientes que estejam em acompanhamento de sua carga viral, o façam sempre no mesmo laboratório clínico e kit diagnóstico .
Pacientes com carga viral indetectável, com sintomatologia ou contagem de linfócitos T CD4+ decrescente, devem ter a infecção pelo HIV-2 suspeitada.
Existe um intervalo de tempo entre a exposição do paciente e a detecção do vírus ("janela diagnóstica"), ao qual nenhum teste atualmente disponível pode definir conclusivamente o resultado da amostra.
Aumento: Progressão da infecção pelo HIV; falha da terapia.
Diminuição: Terapia efetiva; "controladores de elite"; após o início da resposta imune celular (síntese de anticorpos anti-HIV), atingindo posteriormente um platô ( set point ) da carga viral.
Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).
National Center for HIV/AIDS, Viral Hepatitis, and TB Prevention (U.S.). Division of HIV/AIDS Prevention; Association of Public Health Laboratories. 2018 Quick reference guide: Recommended laboratory HIV testing algorithm for serum or plasma specimens. CDC (Centers for Disease Control and Prevention). 2018. [Internet]. (Acesso em 28 out 2022).
Günthard HF, Saag MS, Benson CA, et al. Antiretroviral Drugs for Treatment and Prevention of HIV Infection in Adults: 2016 Recommendations of the International Antiviral Society-USA Panel. JAMA. 2016; 316(2):191-210.
Jacobs DS, DeMott WR, Oxley DK. Jacobs & DeMott Laboratory Test Handbook with Key Word Index. 5th ed. Hudson, OH: Lexi-Comp Inc, 2001.
Kanaan S. Laboratório com interpretações clínicas. 1a ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2019.
McPherson RA, Pincus MR. Henry's Clinical Diagnosis and Management by Laboratory Methods. 23rd ed. St. Louis: Elsevier, 2017.
Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
Ministério da Saúde (BR). Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Portaria Nº 29, de 17 de dezembro de 2013. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.