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Definição: O mercúrio é um metal de transição tóxico, da mesma família do cádmio e zinco. Ele pode ser encontrado basicamente sob três diferentes formas/compostos (metálico/elementar, inorgânico e orgânico), com manifestações clínicas e potenciais de toxicidade distintos.
Sinônimos:
Mercúrio/Creatinina - Spot; Mercúrio/Creatinúria - Spot; Mercúrio/Creatinina - Spot urinário; Relação Mercúrio/Creatinina urinária; Relação Mercúrio/Creatinina - Spot; Relação mercúrio/creatinina - Amostra Isolada de Urina; Razão Mercúrio/Creatinina urinária; Relação Hg/Cr - Amostra Isolada de Urina; Relação Azougue/Creatinina - Amostra Isolada de Urina; Relação Prata-viva/Creatinina - Amostra Isolada de Urina; Relação Quicksilver/Creatinina - Amostra Isolada de Urina.
O mercúrio metálico, também conhecido como elementar ou Hg
o
, é líquido em temperatura ambiente. Possui toxicidade se inalado ou absorvido pela pele, gerando manifestações pulmonares e no sistema nervoso central (SNC). Apresenta pouco potencial tóxico, se ingerido em pequenas quantidades, pelo trato gastrointestinal (TGI), sendo eliminado por via renal.
Já o mercúrio inorgânico é encontrado em dois tipos de compostos: sais mercurosos (Hg
+
) e mercúricos (Hg
2+
). O Hg
+
é pouco solúvel, com baixos níveis de absorção e potencial tóxico. Em contrapartida, o Hg
2+
é altamente solúvel e tóxico, com rápida absorção pelo TGI, gerando muitas manifestações gastrointestinais. Ambos apresentam excreção renal, com meia-vida biológica em torno de 24 dias.
O mercúrio orgânico é um contaminante ambiental, encontrado em tintas, cosméticos, alimentos, fungicidas, sementes e peixes contaminados. Os compostos que contém o grupo alquil (ex.: metilmercúrio) são os mais tóxicos, apresentando rápida absorção e passagem pelas membranas biológicas, por serem lipossolúveis. As manifestações no SNC são as principais, pela sua alta neurotoxicidade.
Em contraste com os outros grupos, os compostos orgânicos são eliminados pela via biliar, com uma meia-vida mais longa, de 70 a 90 dias. Por conta da sua via de excreção biliar, os níveis sanguíneos
apresentam uma melhor correlação com a exposição e concentração tecidual, quando comparados às taxas urinárias.
Tanto o mercúrio metálico (elementar) quanto os seus compostos inorgânicos são melhor avaliados a partir das suas concentrações urinárias (amostra aleatória ou de 24 horas).
Embora os níveis sanguíneos dessas formas apresentem uma rápida elevação após uma exposição aguda, suas concentrações declinam também velozmente, não sendo recomendados para a avaliação de intoxicação nesses grupos, por não refletirem fielmente a carga corporal total.
Amostras de cabelo também podem ter utilidade na avaliação de envenenamento ou na exposição crônica.
Como solicitar:
Mercúrio - Amostra isolada de urina.
Frasco plástico de urina com tampa, sem conservantes.
Ilustração:
Caio Lima.
Atenção!
O valor de referência do Indicador Biológico de Exposição Excessiva (IBE/EE) é o recomendado pela Norma Regulamentadora nº 07 (NR-07), do Ministério do Trabalho e Emprego, para monitoração da exposição ocupacional.
Atenção!
A NR-07 não estabelece valores de referência para o mercúrio inorgânico ou orgânico, nem tampouco para indivíduos não expostos ocupacionalmente.
Os compostos de mercúrio orgânico são melhores avaliados pela dosagem do mercúrio sanguíneo.
A coleta da urina de 24 horas também pode ser realizada, embora não mencionada pela Norma Regulamentadora nº 07 (NR-07).
Recomenda-se que a coleta seja realizada fora do ambiente onde ocorra a suspeita da exposição, haja vista a possibilidade de contaminação.
O mercúrio metálico (elementar) pode ser encontrado em populações não expostas ocupacionalmente.
Devido à possibilidade de interferência analítica, a administração de contrastes radiológicos contendo iodo ou gadolínio devem ser evitados nas 96 horas que antecedem a coleta do exame.
O consumo de peixes/frutos do mar pode elevar as concentrações de mercúrio na urina.
Aumento: Intoxicação; exposição ocupacional; exposição acidental; exposição ambiental.
Diminuição: Não se aplica.
Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).
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