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Definição: Doença zoonótica cujo agente etiológico é o vírus Monkeypox (MPXV), organismo de material genético DNA, pertencente ao gênero Orthopoxvirus , da família Poxviridae.
Sinônimos:
Varíola do Macaco; Varíola dos Macacos; Varíola Símia; Monkeypox vírus; MPXV.
Também conhecida por varíola do macaco ou de varíola símia, recebeu essa denominação por ter sido descrita, no ano de 1958, inicialmente, em colônias de macacos (embora os primatas não humanos não sejam considerados reservatórios).
Existem basicamente dois grupos genéticos distintos (clados) conhecidos:
Um endêmico, localizado na região da Bacia do Congo, na África Central, e outro, na África Ocidental.
Sua transmissão entre seres humanos ocorre, principalmente, por meio do contato com fluidos corporais, lesões de pele, secreções respiratórias ou objetos contaminados de indivíduos infectados. A possibilidade de transmissão pela via sexual ainda não está bem estabelecida, estando, pois, sob investigação.
Classicamente, após um período de incubação de 6-16 dias, inicia-se um quadro prodrômico febril, com sintomas sistêmicos, seguido de erupções cutâneas que podem começar na cabeça/face e se espalhar por outras partes do corpo, incluindo órgãos genitais.
Essas lesões cutâneas progridem do seguinte modo e estágios:
máculas (1-2 dias), pápulas (1-2 dias), vesículas (1-2 dias), pústulas (5-7 dias) e, finalmente, crostas, que secam e caem após cerca de 2-4 semanas.
Entretanto, como as manifestações clínicas nesse surto atual parecem evoluir e se apresentar de forma mais atípica, seu diagnóstico se torna mais desafiador.
De maneira geral, os sintomas são leves/moderados e autolimitados, desaparecendo espontaneamente em 2-4 semanas. Todavia, alguns grupos, principalmente recém-nascidos, crianças, gestantes e pessoas com imunodepressão preexistente podem apresentar sintomas mais graves, com risco de morte.
Seu quadro clínico, principalmente com relação aos aspectos das erupções cutâneas, pode ser similar a outras doenças infecciosas (ex.: herpes, varicela, sífilis secundária). Dessa forma, o diagnóstico laboratorial molecular ("padrão-ouro") obtido por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real e/ou por sequenciamento é, muitas vezes, indispensável.
O tipo de amostra biológica de preferência para o diagnóstico molecular da varíola do macaco é o material das erupções cutâneas, que inclui a secreção vesicular (fase inicial, com maior carga viral) e/ou crosta de lesão (período um pouco mais tardio, apresentando, pois, menor carga viral).
Como o período de maior viremia é precedente ao aparecimento das erupções cutâneas, a coleta de sangue para a detecção viral não é recomendada de rotina.
Existem outros métodos diagnósticos adicionais para o MPXV, como o isolamento viral em cultura de células ou sorologia, embora não sejam habitualmente preconizados.
Como solicitar: RT-PCR para Monkeypox.
Não detectados.
Alguns testes moleculares detectam apenas o gênero
Orthopoxvirus
, não sendo capazes de identificar a espécie. Dessa maneira, resultados positivos em amostras que contenham o vírus vaccinia (VAVC) podem ocorrer, por exemplo.
No momento, os
kits
comerciais para o diagnóstico molecular do MPXV validados ainda não estão aprovados e disponíveis no Brasil.
Os laboratórios das redes pública e privada que fazem o teste molecular atualmente adotam metodologias “
in house
” (reagentes preparados no próprio laboratório). Dessa forma, o desempenho analítico entre cada instituição pode variar.
Os cuidados da etapa pré-analítica, ou seja, fatores como coleta, tipo de material biológico, armazenamento/transporte podem influenciar diretamente na sensibilidade/resultado do exame.
Embora não habitualmente, coinfecções do vírus Monkeypox com outros agentes podem ocorrer e, dessa forma, no contexto de lesões cutâneas características, estas devem ser consideradas para testes diagnósticos diferenciais.
Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).
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