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Oscilometria de Impulso

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Definição: Teste de função pulmonar que avalia a impedância do sistema respiratório (Zrs), a partir da emissão de ondas ultrassonográficas.

Sinônimos: Oscilometria de impulso; FOT ( forced oscillation technique ); IOS ( impulse oscillometry system ).

Avaliação da função pulmonar por meio da oscilometria de impulso, colocando a indicação e a suspeita do quadro.

  • Investigação de dispneia;
  • Acompanhamento de pacientes com asma, principalmente pacientes que não conseguem realizar espirometria, como crianças e idosos;
  • Acompanhamento de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC);
  • Avaliação de pacientes pós COVID-19.

A oscilometria de impulso deve ser o primeiro exame de função pulmonar a ser realizado, caso sejam feitos mais de um exame. É necessário repouso de 10 minutos. O aparelho deve ser calibrado antes de ser utilizado.

A manobra da oscilometria de impulso é bem simples e não requer esforço. O paciente precisa se sentar de frente para o aparelho, colocar a boca no bucal e fechar o nariz com clipe nasal. As mãos vão para as bochechas, para reduzir a interferência do ar na boca. Solicita-se ao paciente que respire normalmente (volume corrente) por 30 segundos. A manobra é repetida três vezes pelo menos.

É um exame bem sensível, de forma que, às vezes, é necessário realizar mais manobras, até ter três aceitáveis.

Pode ser realizada a prova broncodilatadora e repetir o exame após 10 a 15 minutos.

O aparelho de IOS emite ondas em diferentes frequências. A cada onda emitida (5, 10, 20 Hz) são avaliadas as oscilações de fluxo e pressão geradas. A razão entre a pressão e o fluxo oscilatório gerados é utilizada para calcular a impedância do sistema respiratório (caixa torácica, vias aéreas e parênquima).

A impedância (Z) corresponde a oposição que o sistema respiratório oferece à respiração. Essa apresenta dois componentes principais: a resistência e a reatância.

A resistência corresponde ao grau de dificuldade que o fluxo de ar apresenta para ser conduzido pelas vias aéreas. A reatância corresponde à capacidade de armazenamento de energia, avaliando o componente elástico do parênquima. Isso significa que, tanto em pacientes com enfisema (excesso de complacência) quanto em pacientes com fibrose (redução de complacência), a reatância estará alterada, pois em ambas as situações o parênquima pulmonar perdeu sua capacidade de armazenar energia.

A cada oscilação produzida, calcula-se a resistência e a reatância, sendo construídos os gráficos respectivos. Frequências mais baixas são capazes de penetrar em vias aéreas menores do que frequências mais altas. A grande vantagem da IOS é utilizar uma manobra sem esforço e ainda ser capaz de estudar as propriedades mecânicas no pulmão.

Para calcular a impedância, considera-se o sistema respiratório como linear. Contudo, o sistema é heterogêneo, e isso pode gerar diferenças na medição. A manobra da IOS é bem simples. Entretanto, pacientes graves com necessidade de oxigênio não conseguem realizar a manobra.

Não há contraindicação absoluta. No geral, são mais limitações que contraindicações (ex.: pacientes que não conseguem permanecer sem oxigênio suplementar).

É um exame de fácil execução e que dificilmente há complicações. Pode ocorrer transmissão de doenças infectocontagiosas devido à inalação de partículas que possam estar no aparelho. Contudo, o uso de filtro e a troca do material a cada exame reduzem essa possibilidade.

    Resistência (R): G rau de dificuldade de passagem do ar pelas vias aéreas.
  • R(4): Resistência mensurada com ondas de 4 Hz;
  • R(5): Resistência mensurada com ondas de 5 Hz;
  • R(19): Resistência mensurada com ondas de 19 Hz;
  • R(20): Resistência mensurada com ondas de 20 Hz;
  • R(5-20): Diferença entre as resistências com 5 e 20 Hz.

A cada onda emitida é medida uma resistência. Ondas de alta frequência, como de 20 Hz, não conseguem penetrar as vias aéreas até seu ponto mais distal. Por outro lado, as ondas de menor frequência conseguem atingir até as menores porções das vias aéreas.

De um modo geral, R(5) corresponde à resistência de todo o sistema, enquanto R(20) é de vias aéreas proximais. Logo, a diferença entre esses corresponde ao componente mais distal das vias aérea, ou seja, corresponde às pequenas vias aéreas. Quanto maior essa diferença, mais heterogênea é a ventilação.

    Reatância (X): Capacidade de armazenamento de energia, avaliando o componente elástico do parênquima:
  • X(5): Reatância medida com onda de 5 Hz;
  • AX: Área sob a curva de reatância até 5Hz.
  • Frequência de ressonância (Fres): Ponto onde a reatância atinge eixo x.

A reatância se correlaciona com as propriedades elásticas do pulmão. A medida X(5) mede a reatância do sistema respiratório.

Os valores de oscilometria variam entre os estudos e as populações estudadas. Devido às propriedades mecânicas das ondas, quanto maior a frequência, menor a penetração. Dessa forma, as ondas de 20 Hz correspondem às vias aéreas proximais, enquanto as ondas de 5 Hz representam o sistema respiratório como um todo. Um dos principais parâmetros derivados é a diferença entre R5 e R20, que corresponde ao componente referente às vias aéreas distais.

Quanto maior for a diferença, maior é o comprometimento das pequenas vias aéreas, gerando uma ventilação heterogênea. É, portanto, um parâmetro não só de doença de pequenas vias aéreas como também representa a homogeneidade da ventilação pulmonar.

Já X5 corresponde ao componente elástico. Desse modo, a presença de menores valores significa que os pulmões estão "mais duros". Da mesma forma, X5 é menor no caso de heterogeneidade na distribuição do diâmetro das vias aéreas, o que pode ocorrer em doenças pulmonares obstrutivas. Quanto maior AX, maior obstrução das vias aéreas.

A resposta broncodilatadora, de acordo com o consenso da ERS/ATS, é definida como resposta positiva em adultos com uma variação de -32% em R5 e 44% em X5 no pré e pós.

Autoria principal: Bruna Cuoco Provenzano (Clínica Médica, Pneumologia, Terapia Intensiva).

Revisão: Gustavo Guimarães Moreira Balbi (Clínica Médica e Reumatologia).

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