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Osmolalidade - Sangue

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Definição: A osmolalidade de um soluto se refere ao número de partículas osmoticamente ativas (moléculas ou íons) em 1 kg de água (solvente), sendo independente do tamanho ou da carga dessas partículas.

Sinônimos: Osmolalidade sérica; Osmolalidade plasmática; Osmolaridade sérica;* Osmolaridade plasmática * .

* Embora seja um termo conceitualmente diferente, a osmolaridade, na prática, é utilizada para a mesma finalidade.

    A osmolalidade pode ser quantificada diretamente por um aparelho (osmômetro) ou estimada por meio da soma de todos os solutos do plasma através de algumas fórmulas matemáticas propostas, sendo a mais comum a seguinte: [cms-watermark]
  • Osmolalidade do soro (mOsm/kg H 2 O) = {2 x Na+ sérico (milimol/L)} + {glicose (mg/dL)/18} + {ureia (mg/dL)/6}. [cms-watermark]
    • Observação! Quando a glicose e a ureia estiverem dentro dos valores de referência da normalidade, não há a necessidade de utilizá-los na fórmula.

Desse modo, sob condições fisiológicas, a osmolalidade pode ser presumida multiplicando-se a concentração sérica do sódio por dois (o sódio é o cátion de maior concentração extracelular, refletindo, pelo conceito da eletroneutralidade entre cátions e ânions, as cargas negativas). [cms-watermark]

O princípio do osmômetro se baseia na medida da pressão de vapor ou na queda do ponto de congelamento (o mais utilizado), possuindo algumas características distintas entre tais metodologias. [cms-watermark]

O conceito de "hiato osmolal" (gap osmolar) se refere à diferença dos valores obtidos entre a osmolalidade diretamente quantificada e a osmolalidade calculada no plasma. [cms-watermark]

    Quando há uma grande diferença entre os resultados (> 15 mOsm/kg H 2 O entre a osmolalidade medida e a calculada), presume-se a presença de um outro soluto osmoticamente ativo, como: [cms-watermark]
  • Etanol (a causa mais comum na prática clínica); [cms-watermark]
  • Metanol; [cms-watermark]
  • Isopropanol; [cms-watermark]
  • Etilenoglicol. [cms-watermark]

Observação! É preferível utilizar o termo osmolalidade, ao invés de osmolaridade (por se basear nas propriedades coligativas das partículas em solução).

    Indicações:
  • Equilíbrio hidreletrolítico e ácido-base;
  • Nível de hidratação/desidratação;
  • Coma/estado hiperosmolar;
  • Diagnóstico diferencial de hipernatremia, hiponatremia e poliúria;
  • Convulsões;
  • Hepatopatias;
  • Doenças renais;
  • Secreção do hormônio antidiurético (ADH) e sua resposta renal;
  • Avaliação do hiato osmolar (diferença entre a osmolalidade medida e calculada);
  • Intoxicação exógena (ex.: etanol, metanol, isopropanol, etilenoglicol).

Como solicitar: Osmolalidade sérica.

  • Orientações ao paciente: Não é necessário nenhum preparo específico. Informar medicamentos em uso;
  • Tubo para soro (tampa vermelha/amarela) ou tubo para sangue total com heparina sódica (tampa verde). A amostra deve ter o soro separado (no caso de ser colhida em tubo para soro) e ser resfriada (2-8 o C) em até 20 minutos (figuras 1, 2 e 3) ;
  • Material: Sangue;
  • Volume recomendável: 1,0 mL.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tubo para soro - tampa vermelha
Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tubo para soro - tampa amarela
Texto alternativo para a imagem Figura 3. Tubo para heparina sódica - tampa verde
  • Osmolalidade sérica: 275-295 mOsm/kg H 2 O;
  • Osmolalidade urinária :
    • Neonatos: 75-300 mOsm/kg H 2 O;
    • Crianças e adultos: 250-900 mOsm/kg H 2 O;
  • Relação osmolalidade urina/soro: 1,0-3,0;
  • Relação osmolalidade urina/soro após restrição hídrica: 3,0-4,7;
  • Relação sódio sérico/osmolalidade sérica: 0,43-0,50.

Observação! Os valores de referência da osmolalidade podem variar de acordo com o laboratório clínico e a metodologia/fórmula utilizados.

Observação! Idosos podem apresentar, fisiologicamente, níveis ligeiramente mais elevados de osmolalidade sérica.

Hemólise acentuada.

A quantificação direta da osmolalidade sérica, por osmômetro com metodologia por queda do ponto de congelamento, é indiferente à permeabilidade dos solutos às membranas celulares.

Caso a amostra não seja devidamente aliquotada e manipulada (soro separado corretamente) e resfriada (2-8 o C) em até 20 minutos, resultados falsamente elevados podem ocorrer, devido à produção de ácido lático pelas hemácias. Esse erro de manipulação pode ocasionar um possível interferente analítico nas duas metodologias (medida da pressão de vapor ou na queda do ponto de congelamento).

A determinação direta da osmolalidade por aparelhos é limitada a poucos centros de referência.

As quantificações diretas da osmolalidade sérica não quantificam a fração do soro que é água.

Quando um osmômetro com a metodologia baseada na medida da pressão de vapor é utilizado, solutos voláteis (ex.: álcoois e glicóis) podem permanecer na fase gasosa e não serem detectados.

    Aumento:
  • Hipernatremia;
  • Hipovolemia;
  • Desidratação;
  • Azotemia;
  • Hiperglicemia;
  • Coma hiperosmolar;
  • Recém-nascidos com baixo peso ao nascer;
  • Drogas:
    • Manitol;
    • Cimetidina;
    • Tiazídicos;
    • Esteroides.
  • Ingestão de etanol, metanol e/ou etilenoglicol.
    Diminuição:
  • Intoxicação pela água;
  • Hipervolemia;
  • Hiponatremia;
  • Síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético (SIADH).

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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