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Definição: Teste d e função pulmonar para avaliação dos volumes pulmonares e da resistência das vias aéreas.
Sinônimos: Pletismografia de corpo inteiro; Pletismografia.
Ao solicitar a pletismografia de corpo todo, o médico deve colocar a indicação (ex.: Investigação de doença pulmonar crônica com suspeita de redução de capacidade vital forçada - CVF), além de dados antropométricos, como peso e altura.
Paciente deve entrar na caixa da pletismografia e se sentar de frente para o bucal. A porta é, então, fechada para equalização da pressão, da umidade e da temperatura. É realizado o cadastro do paciente com as medidas antropométricas do mesmo (peso e altura). Em seguida, o paciente coloca o clipe nasal e acopla a boca no bucal. A manobra consiste em respirar normalmente (volume corrente), até que o obturador é fechado e a manobra de arfar é iniciada com respirações em ritmo de 30 a 60 por minuto.
Continua-se a manobra com obturador aberto. Após completar a manobra de arfar, o paciente deve expirar completamente para, a seguir, inspirar até a capacidade pulmonar total e, posteriormente, expirar completamente de forma suave até o volume residual
(
Figura 1
)
. Existem variações dessa manobra, como, por exemplo, iniciar a manobra de arfar com obturador aberto e depois fechar. Essas variações dependem do aparelho que se utiliza para o exame.
Figura 1.
Modelo esquemático de como é realizada uma manobra padrão de pletismografia.
Adaptado de:
Pereira CAC, 2021
É fundamental verificar se o aparelho encontra-se calibrado. Não é necessário jejum.
O paciente é instruído a entrar na caixa do pletismógrafo e ficar sentado de frente para o aparelho. A porta é fechada, e a comunicação entre o paciente e o examinador é realizada pelo microfone interno da caixa. É importante demonstrar para o paciente onde está o botão de abrir a caixa, em caso de necessidade. Aguarda-se, em média, de 1 a 3 minutos para equilíbrio da temperatura e umidade (
Figura 2
).
Figura 2.
Modelo esquemático de paciente dentro do pletismógrafo.
Em seguida, o paciente é orientado a colocar a boca na válvula, fechar as narinas com um clipe nasal e colocar as mãos nas bochechas, exercendo uma leve compressão, para evitar que haja ar dentro delas durante o exame. A manobra começa com o paciente realizando uma ventilação normal, durante alguns segundos. Em seguida, a válvula é fechada, e o paciente inicia um arfar ritmado contra o bucal. Nesse momento, são medidas as variações de pressão da válvula na boca e da caixa, sendo possível, então, estimar as variações de volume e a CRF pletismográfica.
Após abrir a válvula, o paciente continua com o arfar para medição da resistência das vias aéreas. Finaliza-se com o paciente realizando uma manobra de inspiração e expiração completas. É importante que o exame seja repetido para garantir a reprodutibilidade e a confiabilidade dos resultados obtidos. A ATS orienta pelo menos três manobras para garantir a qualidade dos valores obtidos.
A pletismografia é um teste de função pulmonar, o qual avalia os volumes e capacidades pulmonares.
Existem quatro volumes pulmonares:
Volume corrente (VC), volume de reserva expiratório (VRE), volume de reserva inspiratório (VRI) e volume residual (VR).
As capacidades são a soma de dois volumes ou mais.
Existem quatro capacidades pulmonares:
Capacidade residual funcional (CRF), capacidade inspiratória (CI), capacidade pulmonar total (CPT) e capacidade vital (CV).
A partir da lei de Boyle (
Figura 3
), onde o produto da pressão e volume são iguais em condições das mesmas condições de pressão e temperatura, o pletismógrafo consegue estimar os volumes pulmonares. Para isso, é importante o paciente estar em uma caixa hermeticamente fechada, além de haver a calibração com a temperatura ambiente.
Figura 3.
Espirograma com volume e capacidades pulmonares.
Uma da principais limitações para realização da pletismografia é a capacidade técnica do paciente em realizar corretamente a manobra. Além disso, pacientes com obesidade extrema podem ter a limitação de não conseguir entrar na caixa do pletismógrafo, assim como pacientes com dificuldade de locomoção. Pacientes muito graves, com uso de oxigênio suplementar também podem ter dificuldade de realização do exame. Ademais, pacientes com elevada resistência das vias aéreas têm dificuldade de equalizar a pressão da boca com a do alvéolo e, por isso, substimam-se os valores obtidos.
Autoria principal: Bruna Cuoco Provenzano (Clínica Médica, Terapia Intensiva, Pneumologia).
Revisão: Gustavo Guimarães Moreira Balbi (Clínica Médica e Reumatologia).
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