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Definição: São anticorpos da classe IgM produzidos pelo organismo diante de infecção aguda do vírus causador da rubéola.
Sinônimos: Sorologia IgM - Rubéola; Sarampo alemão IgM; Rubéola Imunoglobulina M; Rubéola, anticorpos IgM; Rubéola IgM Ab; Anticorpos IgM antirrubéola; RV-IgM; Rubéola IgM sérica; Rubéola IgM - Sangue.
A rubéola é uma infecção que acomete apenas seres humanos, causada por um vírus RNA do gênero Rubivirus , pertencente à família Togaviridae, que circula pela via hematogênica. Tem período de incubação de 14-21 dias antes do aparecimento do rash , porém, apresentações oligossintomáticas ou assintomáticas são comuns.
Seu quadro clínico pode ser constituído por febre baixa, erupção maculopapular transitória, linfadenopatia, artralgia, faringite e conjuntivite, que geralmente não deixam consequências importantes.
Especial atenção deve ser dada a gestantes, pela possibilidade de disseminação virêmica transplacentária para o feto, particularmente no 1º trimestre da gestação. Nesse sentido, a infecção pode levar a complicações para mãe (ex.: aborto, natimorto), e para os recém-nascidos, com risco de desenvolver a síndrome da rubéola congênita (SRC) (ex.: malformações cardíacas, cerebrais, oculares, surdez).
Atualmente, a SRC é rara, notadamente em virtude da eficácia e cobertura vacinal, além da triagem pré-natal da gestante quando indicada.
A sorologia (anticorpos IgM e IgG
) ainda é o meio mais utilizado e amplamente disponível para o diagnóstico, embora haja outros testes e métodos que auxiliam na interpretação do caso.
Os anticorpos IgM podem se tornar detectáveis, em proporção mais significativa, de 1-3 dias após o aparecimento do
rash
cutâneo, com pico sérico entre 7-10 dias, podendo permanecer reagentes por 2-12 meses.
O momento ideal para a coleta da amostra de sangue para a pesquisa dos anticorpos IgM é de cerca de 5 dias após o aparecimento do rash cutâneo, em que, na maior parte dos casos, a IgM já é detectável.
Quando estão presentes no sangue do recém-nascido, os anticorpos do tipo IgM sugerem fortemente infecção congênita, já que os eventuais anticorpos IgM maternos não são capazes de atravessar a barreira placentária.
Na hipótese de um resultado de IgM positivo (em conjunto com os anticorpos IgG
), notadamente em mulheres grávidas, o teste de avidez de IgG deve ser solicitado para auxiliar na diferenciação de doença aguda/recente ou passada.
Um resultado isolado de IgM reagente sugere infecção aguda. Nesse caso, uma nova amostra deve ser coletada em 15-20 dias, a fim de se avaliar a soroconversão dos anticorpos IgG.
O aparecimento dos anticorpos IgG confirma a infecção, enquanto sua ausência indica que não há infecção (reação inespecífica/falso-positiva).
Como solicitar:
Rubéola IgM.
Figura 1.
Tubo para soro - tampa vermelha -
Ilustração:
Caio Lima.
Figura 2.
Tubo para soro - tampa amarela -
Ilustração
: Caio Lima.
Não reagente.
Observação!
Os pontos de corte dos títulos de anticorpos antirrubéola IgM podem variar de acordo com o laboratório clínico e a metodologia utilizada.
Hemólise, lipemia e icterícia acentuadas, contaminação microbiana e amostras inativadas pelo calor podem ter os resultados prejudicados.
A IgM pode ser detectada no soro, transitoriamente, até alguns meses após a vacinação.
Amostras de plasma coletadas em tubos com heparina (tampa verde) podem interferir nas reações em alguns ensaios.
Reações falso-positivas para IgM podem ocorrer em pacientes com mononucleose infecciosa, coxsakievírus B e parvovírus.
Apenas cerca de 50% das amostras coletadas no mesmo dia que o rash cutâneo aparece são positivas para IgM. O tempo ideal da coleta é a partir do 5º dia após o início do rash .
A depender da técnica empregada, a presença de fator reumatoide
ou de outras IgMs no soro pode levar a resultados falso-positivos.
Diante de um resultado reativo, outra amostra deve ser coletada em um período de 2-3 semanas para realização da pesquisa de anticorpos IgM e IgG, a fim de verificar a soroconversão. Caso o resultado da IgM permaneça positivo e o da IgG seja negativo, indica uma IgM falso-positiva (reação inespecífica/falso-positiva).
Reagente: Infecção aguda; vacinação (aumento transitório); infecção congênita.
Não reagente:
Indivíduo sem contato prévio/suscetível; vacinação; infecção aguda (período de janela imunológica); infecção passada; fase muito inicial da infecção.
Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).
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