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T4 Livre

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Definição: O T4 livre é um hormônio tireoidiano, considerado a fração biologicamente ativa da tiroxina (T4 total).

Sinônimos: FT4; Tiroxina livre; T4 não ligado; T4 L; T4L; T4 - fração livre; T4 livre sérico; T4 livre - Sangue.

As principais funções dos hormônios tireoidianos estão ligadas ao desenvolvimento de órgãos e tecidos, à promoção do metabolismo celular e, a depender do tecido-alvo, a estimular ou inibir a transcrição gênica.

A secreção do T4 é estimulada pelo TSH, um hormônio que é regulado pelo hipotálamo através do TRH (hormônio liberador de tireotrofina), bem como por retroalimentação negativa a partir dos hormônios da tireoide. O T4 é considerado um pró-hormônio. Já que é convertido em T3, tão logo entra nas células do tecido-alvo.

Cerca de 70% do T4 estão ligados à globulina ligadora da tiroxina (TBG), 20% à transtirretina e 10% à albumina. A sua ligação com a TBG é estável, porém reversível, de modo que a proporção entre o hormônio ligado/hormônio livre permanece constante (desde que não haja alterações nas concentrações das proteínas ligantes).

Apenas uma pequena parte do T4 permanece na forma livre - T4L (aproximadamente 0,03%), que por sua vez é a forma ativa do hormônio (determinante do estado metabólico do paciente).

As concentrações da fração livre do T4, geralmente, não são afetadas por variações nas proteínas transportadoras de hormônio tireoidiano, além de possuírem uma reduzida variação intraindividual. Dessa forma, a determinação do T4 livre reflete, de forma mais acurada que o T4 total, o estado funcional/metabólico da tireoide.

Em função de suas vantagens clínico-laboratoriais nos estados de ligação alterados das proteínas, o T4 livre tem sido utilizado, preferencialmente em conjunto com o TSH, para se avaliar o funcionamento da tireoide e no seguimento do tratamento do hipo e hipertireoidismo.

    Indicações:
  • Investigação, diagnóstico, seguimento e monitoração do tratamento de patologias tireoidianas;
  • Triagem de hipotireoidismo congênito;
  • Avaliação de pacientes que são suspeitos de possuírem alterações nas proteínas ligantes, assim como em gestantes e nas terapias com esteroides.

Como solicitar: T4 livre.

  • Orientações ao paciente: Não é necessário nenhum preparo específico. Informar medicações em uso. Evitar administração de radioisótopos antes da coleta, se a metodologia utilizada for por radioimunoensaio (RIA). Sugere-se, a critério médico, a suspensão do uso da Biotina (Vitamina B7) nas 72 horas que antecedem a coleta;
  • Tubo para soro (tampa vermelha/amarela): Aguardar a devida retração do coágulo, centrifugar a amostra por 15 minutos e armazenar o material sob refrigeração (2-8 o C);
  • Material: Sangue;
  • Volume recomendável: 1,0 mL.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tubo para soro - tampa vermelha. Ilustração: Caio Lima.


Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tubo para soro - tampa amarela. Ilustração: Caio Lima.
  • Crianças/adolescentes: 0,8-2,0 nanogramas/dL;
  • Adultos: 0,7-1,8 nanogramas/dL;
  • Gestantes: 0,5-1,0 nanograma/dL.
    Observação!
  • Os valores de referência para o T4 livre podem variar de acordo com a idade, trimestre gestacional, laboratório clínico e a metodologia utilizada.

Anormalidades na TBG (globulina ligadora da tiroxina), na transtiretina (pré-albumina ligante de T4), na albumina e na presença de autoanticorpos para T4 e T3 podem gerar resultados espúrios.

A positividade do fator reumatoide e o uso de heparina de baixo peso molecular podem interferir nos resultados.

Aumentos ou declínios das suas concentrações, porém sem alterações concomitantes no estado metabólico, foram observados na gravidez, em doenças não tireoidianas e com o uso de algumas medicações.

A presença de anticorpos heterófilos ou de anticorpos humanos anticamundongos (HAMA) no soro podem interferir nas suas determinações.

Para a avaliação, utilizando apenas um teste, da função tireoidiana, deve-se dar preferência à solicitação do TSH. Ele é considerado o teste laboratorial isolado mais importante nesse contexto, sendo o parâmetro mais sensível para o diagnóstico dos distúrbios tireoidianos primários.

A Biotina (Vitamina B7) em altas doses pode interferir nas metodologias que utilizam a interação biotina-estreptavidina, implicando em resultados inacurados.

Aumento: Hipertireoidismo, doença de Graves, doença de Graves neonatal, hipertireoidismo TSH-dependente, administração em excesso de hormônio tireoidiano, tireoidite subaguda, hipertiroxemia disalbuminêmica familiar, estados de resistência ao hormônio da tireoide, doenças não tireoidianas, drogas (Amiodarona, Glicocorticoides, Propranolol, Propiltiouracil, contrastes radiológicos).

Diminuição: Hipotireoidismo primário, hipotireoidismo neonatal transitório, tireoidite de Hashimoto, deficiência de TSH, tireoidite subaguda, doenças não tireoidianas, drogas (Fenitoína, Carbamazepina, Fenobarbital, Rifampicina, Sulfato ferroso, Hidróxido de alumínio).

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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