' Testosterona Livre e Biodisponível - Prescrição
Conteúdo copiado com sucesso!

Testosterona Livre e Biodisponível

Voltar

Definição: A testosterona é o hormônio androgênico mais abundante secretado pelas células de Leydig dos testículos, cuja produção é estimulada pelo hormônio luteinizante (LH) , que por sua vez potencializa a conversão do colesterol em testosterona. Devido às características de transporte e suas ligações com proteínas séricas, apenas uma parte da testosterona é considerada biologicamente disponível aos tecidos.

Sinônimos: Testosterona livre e não ligada à SHBG ; Testosterona livre e biologicamente disponível; Testosterona livre e ligada à albumina.

Além de ser um andrógeno, a testosterona é também um pró-hormônio que pode ser convertido em um hormônio androgênico ainda mais potente, a diidrotestosterona (DHT) , e em um hormônio estrogênico, o estradiol (E 2 ).

Nas mulheres, a maior proporção da testosterona no sangue é proveniente do metabolismo da androstenediona , sendo uma pequena parte secretada diretamente pelo ovário e pelas glândulas adrenais.

Sua liberação apresenta um padrão circadiano, sendo maior ao despertar e menor ao anoitecer (nos idosos, o ritmo circadiano está comprometido, apresentando um pico sérico matinal menos pronunciado). Ao longo do processo de envelhecimento, especialmente após os 35 anos de idade, seus níveis circulantes vão decaindo gradativamente.

A testosterona possui um efeito disseminado no tecido sexual e não sexual, estando envolvida em diversos e importantes processos biológicos, como na promoção do aumento da massa corporal total, crescimento de cabelos, desenvolvimento de características sexuais masculinas etc.

Aproximadamente 60% da testosterona circulante liga-se fortemente à globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) . Essa é uma ß-globulina sintetizada no fígado, que também liga o estradiol e outros esteroides, contendo uma substituição 17-ß-hidroxi, porém com menor afinidade.

Cerca de 40% da testosterona encontra-se ligada frouxamente à albumina , e aproximadamente 1-4% apresentam-se na forma livre (não ligada). Acredita-se que a testosterona livre retroalimenta o LH na hipófise e no hipotálamo, e que os metabólitos da testosterona podem ter efeitos de retroalimentação semelhantes.

A fração acoplada à SHBG é considerada biologicamente inativa, devido à sua ligação de alta afinidade pela testosterona. Já a testosterona biologicamente disponível é composta pela fração livre, somada à fração ligada fracamente à albumina. Tanto a testosterona livre quanto a fração ligada à albumina são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica.

Através de fórmulas matemáticas que utilizam as dosagens da testosterona total , da albumina , e da SHBG , os valores da testosterona livre e biodisponível são calculados.

    Indicações:
  • Especialmente útil em pacientes que possuem alterações dos níveis de alguns hormônios (tireoide, GH ) e/ou em uso de drogas que possam alterar a concentração da SHBG;
  • Em estados de ligação anormal da testosterona com a globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) (ex.: obesidade, idade avançada), nos quais as determinações da testosterona total podem ser inacuradas;
  • Avaliação dos níveis funcionais de testosterona em mulheres com sinais e sintomas de hiperandrogenismo, porém com concentrações normais de testosterona total;
  • Avaliação das concentrações funcionais de testosterona em meninos com puberdade precoce ou idosos;
  • Avaliação de mulheres com sinais e sintomas de possível deficiência de testosterona;
  • Monitoramento de pacientes em uso de terapia antiandrogênica ou de reposição de testosterona.

Como solicitar: Testosterona livre e biodisponível.

  • Orientações ao paciente: Jejum de 8 horas. A coleta deve ser realizada, de preferência, entre 8 e 10 horas da manhã. Se o método utilizado for por radioimunoensaio, a administração recente de radioisótopos deve ser evitada. Informar medicações em uso;
  • Tubo para soro (tampa vermelha/amarela): Aguardar a devida retração do coágulo, centrifugar a amostra por 15 minutos e armazenar o material sob refrigeração (2-8 o C);
  • Material: sangue;
  • Volume recomendável: 1,0 mL.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tubo para soro — tampa vermelha. Ilustração: Caio Lima.


Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tubo para soro — tampa amarela. Ilustração: Caio Lima.
Homens
Idade (anos) Testosterona livre (ng/dL) Testosterona biodisponível (ng/dL)
< 17 Sem valor de referência definido Sem valor de referência definido
17 a 40 3,4 a 24,6 82 a 626
41 a 60 2,67 a 18,3 58 a 436
> 60 1,86 a 19,0 43 a 424
Mulheres
Fase Testosterona livre (ng/dL) Testosterona biodisponível (ng/dL)
Pré-púbere Sem valor de referência definido Sem valor de referência definido
Fase folicular 0,18 a 1,68 4,4 a 39,0
Mio do ciclo 0,3 a 2,34 7,1 a 55,0
Fase lútea 0,17 a 1,87 4,1 a 44,0
Pós-menopausa 0,19 a 2,06 4,4 a 48,0
  • Observação! Os valores de referência para a testosterona livre e biodisponível podem variar de acordo com o sexo, idade, fase do ciclo menstrual, laboratório clínico e metodologia utilizada.

Alterações nas concentrações da albumina e da SHBG podem influenciar nos resultados da testosterona livre e biodisponível.

A concentração da testosterona livre pode ser determinada diretamente por algumas metodologias (ex.: diálise de equilíbrio), entretanto, é uma técnica pouco disponível. Na prática, seus níveis são calculados por fórmulas matemáticas.

Para o cálculo da testosterona livre e biodisponível, em linhas gerais, são necessárias 3 determinações laboratoriais de analitos distintos (testosterona total , albumina , e SHBG ).

Existem diversas fórmulas matemáticas para o seu cálculo, com resultados muitas vezes significativamente discrepantes entre elas.

Durante o envelhecimento, a concentração da fração livre da testosterona decresce mais pronunciadamente do que a da testosterona total.

As concentrações de testosterona total podem flutuar substancialmente entre os dias. Dessa forma, a avaliação do status androgênico não deve ser baseada apenas em um único resultado.

O intervalo de referência para pacientes pré-púberes ainda não está bem estabelecido.

    Aumento:
  • Síndrome do ovário policístico;
  • Arrenoblastoma;
  • Tumores das células granulosas do estroma;
  • Gonadoblastoma;
  • Tumor de células lipoides;
  • Carcinoma adrenocortical;
  • Hiperplasia adrenal congênita;
  • Doença de Cushing;
  • Drogas (Danazol, Fluoximesterona, derivados da 19-nortestosterona, Cimetidina);
  • O excesso de hormônios da tireoide e do GH reduz a concentração da SHBG, aumentando a testosterona livre. [cms-watermark]
    Diminuição:
  • Síndrome de Klinefelter;
  • Hipogonadismo;
  • Estresse;
  • Obesidade;
  • Hipotireoidismo; [cms-watermark]
  • Drogas (estrógenos, anticonvulsivantes) aumentam a SHBG, reduzindo os níveis de testosterona livre. [cms-watermark]

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

Bhasin S, Cunningham GR, Hayes FJ, et al. Task Force, Endocrine Society. Testosterone therapy in men with androgen deficiency syndromes: an Endocrine Society clinical practice guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2010; 95(6):2536-2559.

Braunstein GD. Androgen insufficiency in women: Summary of critical issues. Fertil Steril. 2002; 77 Suppl 4:S94-S99.

Bremner WJ, Vitiello MV, Prinz PN. Loss of circadian rhythmicity in blood testosterone levels with aging in normal men. J Clin Endocrinol Metab. 1983; 56(6):1278-1281.

Finkelstein JS, Lee H, Burnett-Bowie SA, et al. Gonadal steroids and body composition, strength, and sexual function in men. N Engl J Med. 2013; 369(11):1011-1022.

Handelsman DJ, Yeap B, Flicker L, et al. Age-specific population centiles for androgen status in men. Eur J Endocrinol. 2015; 173(6):809-817.

Jacobs DS, DeMott WR, Oxley DK, eds. Jacobs & DeMott laboratory test handbook with key word index. 5th ed. Hudson: Lexi-Comp Inc., 2001.

Juul A, Skakkebaek NE. Androgens and the aging male. Hum Reprod Update. 2002; 8(5):423-433.

Kaufman JM. Diagnosis of hypogonadism in ageing men. Rev Endocr Metab Disord. 2022; 23(6):1139-1150.

Ly LP, Sartorius G, Hull L, et al. Accuracy of calculated free testosterone formulae in men. Clin Endocrinol (Oxf). 2010; 73(3):382-388.

McPherson RA, Pincus MR, eds. Henry's Clinical Diagnosis and Management by Laboratory Methods. 23rd ed. St. Louis: Elsevier, 2017.

Mingrone G, Greco AV, Giancaterini A, et al. Sex hormone-binding globulin levels and cardiovascular risk factors in morbidly obese subjects before and after weight reduction induced by diet or malabsorptive surgery. Atherosclerosis. 2002; 161(2):455-462.

Rosner W, Auchus RJ, Azziz R, et al. Position statement: utility, limitations, and pitfalls in measuring testosterone: an Endocrine Society position statement. J Clin Endocrinol Metab. 2007; 92:405-413.

Sartorius G, Spasevska S, Idan A, et al. Serum testosterone, dihydrotestosterone and estradiol concentrations in older men self-reporting very good health: the healthy man study. Clin Endocrinol (Oxf). 2012; 77(5):755-763.

Snyder PJ. What We Have Learned from The Testosterone Trials. Urol Clin North Am. 2022; 49(4):637-644.

Wu FC, Tajar A, Pye SR, et al. European Male Aging Study Group. Hypothalamic-pituitary-testicular axis disruptions in older men are differentially linked to age and modifiable risk factors: the European Male Aging Study. J Clin Endocrinol Metab. 2008; 93(7):2737-2745.