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Tilt Test (Teste de Inclinação)

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Definição: O teste de inclinação ( tilt test ) permanece como ferramenta diagnóstica fundamental na avaliação de síncope neuromediada de difícil manejo e outros distúrbios autonômicos.

Sinônimos: Teste de inclinação, Tilt table test , Teste da mesa inclinada.

  • Avaliação de síncope recorrente de causa indeterminada (Sensibilidade 75% a 82%), desde crianças até idosos;
  • Diagnóstico diferencial de epilepsia refratária;
  • Monitorização de terapia em síndromes disautonômicas;
  • Investigação de intolerância ortostática pós-COVID.

A análise de risco-benefício é sempre importante e torna-se crucial em idosos frágeis (≥ 80 anos), em que a prevalência de hipotensão ortostática assintomática atinge 34%, podendo mascarar resultados.

A resposta cardiovascular à inclinação ortostática envolve complexos mecanismos de regulação neuro-humoral. A manobra provoca redistribuição volêmica com diminuição de 15% a 20% no retorno venoso, ativando barorreceptores carotídeos e resposta simpatoexcitatória. Em indivíduos susceptíveis, observa-se paradoxal inibição simpática com vasodilatação periférica excessiva.

    O preparo para o tilt test inclui: [cms-watermark]
  • Uso de roupas leves e jejum de 6 a 8 horas antes do procedimento; [cms-watermark]
  • Não ingerir bebidas alcoólicas nas 24 horas anteriores; [cms-watermark]
  • Evitar atividades extenuantes 24 horas antes do exame; [cms-watermark]
  • A suspensão ou não dos medicamentos. Isso ficará a critério do médico solicitante e/ou do médico que irá realizar o exame; [cms-watermark]
  • Ir ao banheiro antes do exame; [cms-watermark]
  • Trazer um acompanhante; [cms-watermark]
  • Não dirigir após o exame. [cms-watermark]

Atuais diretrizes recomendam angulação de 60 a 70° por período basal de 20 a 45 minutos. A inclusão de desafios farmacológicos com nitroglicerina (400 μg sublingual) ou isoproterenol (1-3 μg/min) aumenta sensibilidade diagnóstica em 22% a 35%, particularmente em pacientes com história sugestiva e teste basal negativo.

Falsos positivos atingem 10% a 15% na população assintomática, exigindo correlação clínica rigorosa.

A segurança do teste é geralmente alta, mas deve ser realizado por pessoal treinado e com monitoramento adequado.

    Absolutas:
  • Estenose aórtica crítica (gradiente > 50 mmHg);
  • Doença coronariana instável com angina classe III/IV;
  • Trombose venosa profunda ativa (risco de embolização durante manobras ortostáticas);
  • Pacientes com história recente de acidente vascular encefálico isquêmico (≤ 6 meses).
    Relativas:
  • Hipertensão arterial descontrolada (PA > 180/110 mmHg);
  • Gravidez após 24 semanas;
  • Portadores de marca-passo cardíaco;
  • Condições ortopédicas limitantes;
  • Demência avançada ou distúrbios psiquiátricos graves;
  • Crianças pequenas.

Apesar da segurança geral (complicações < 0,2%), eventos adversos graves incluem síncope prolongada (1,8%) e arritmias ventriculares (0,05%).

    A classificação atualizada reconhece três padrões principais de resposta: [cms-watermark]
  • Vasovagal clássico (tipo 1): Hipotensão precedida por bradicardia; [cms-watermark]
  • Cardioinibitório (tipo 2): Bradicardia predominante; [cms-watermark]
  • Vasodepressor (tipo 3): Hipotensão sem bradicardia significativa. [cms-watermark]

Novos parâmetros hemodinâmicos, como índice de contratilidade ventricular e análise de variabilidade de frequência cardíaca, estão sendo incorporados para refinamento diagnóstico.

    Inovações recentes são pouco disponíveis ainda, mas incorporam:
  • Monitorização contínua de débito cardíaco por impedanciometria; [cms-watermark]
  • Análise computacional de padrões de variabilidade pressórica; [cms-watermark]
  • Integração com teste de mesa basculante com esforço isométrico; [cms-watermark]
  • Sistemas de realidade virtual para controle de fatores neurogênicos. [cms-watermark]

Autoria principal: Eraldo Moraes (Cardiologia, Eletrofisiologia, com especialização em Marca-passo).

Revisão: Isabela Abud Manta (Clínica Médica e Cardiologia). [cms-watermark]

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