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Tomografia Computadorizada de Abdome

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Definição: E xame seccional de imagem que auxilia o diagnóstico de inúmeras patologias abdominais, sobretudo quando somada à administração de contraste oral ou endovenoso em cada uma de suas fases específicas.

Sinônimos: TC de abdome superior e pelve; TC abdome total; TC de abdome e pelve.

Solicitação: TC de abdome e pelve ou TC de abdome total.

A indicação do exame deve estar clara e precisa, para que o radiologista tenha um ponto de partida clínico seguro e possa decidir adequadamente sobre a necessidade de contraste, bem como sobre as fases de aquisição mais relevantes. [cms-watermark]

Deve-se interpretar a solicitação de uma TC de abdome total (e qualquer outro exame de imagem) como um pedido de parecer ao colega médico radiologista, que muitas vezes se dispõe a discutir as imagens duvidosas em um importante processo de educação médica continuada.

Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tomografia de abdome sem contraste, plano axial. F: fígado; E: estômago; B: baço. Créditos: Dra. Elazir Mota - Rio de Janeiro/RJ.
Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tomografia de pelve sem contraste, plano coronal. F: fígado; E: estômago; B: baço; R: rim; P: músculo psoas; Be: bexiga. Créditos: Dra. Elazir Mota - Rio de Janeiro/RJ.
    Principais indicações da TC de abdome:
  • Abdome agudo:
    • Apendicite;
    • Diverticulite;
    • Abscessos intracavitários;
    • Pancreatite;
    • Trombose venosa ou arterial esplâncnica;
    • Aneurismas viscerais;
    • Obstrução intestinal;
    • Trauma abdominal. [cms-watermark]
  • Dor abdominal crônica com sinais de alarme:
    • Anemia;
    • Emagrecimento não intencional;
    • Febre;
    • Massa abdominal palpável;
    • Vômitos persistentes;
    • Diarreia crônica de etiologia incerta;
    • Suspeita de doença inflamatória intestinal. [cms-watermark]
  • Avaliação de atividade de doença inflamatória intestinal (a modalidade mais indicada é a enterotomografia);
  • Sangramento gastrointestinal de foco oculto;
  • Massa abdominal não esclarecida;
  • Suspeita de nefrolitíase ou malignidade dos rins e vias urinárias;
  • Estadiamento de malignidades sólidas e hematológicas;
  • Guia para procedimentos invasivos, como biópsias.

O jejum de 4 horas proporciona a adequada distensão da vesícula biliar e a administração mais segura de contraste venoso nos casos pertinentes.

Em mulheres em idade fértil, o limiar para a solicitação de beta-HCG deve ser muito baixo, tendo em vista que o diagnóstico de uma gravidez por esse método é altamente indesejado, em virtude do risco fetal na exposição à radiação.

A dosagem da creatinina com cálculo da taxa de filtração glomerular (ex., pela fórmula do CKD-EPI) é desejada nos estudos contrastados endovenosos, entretanto a nefrotoxicidade induzida pelos meios de contraste modernos, hipo-osmolares, é mínima e, talvez, ausente, de forma que, quando os exames contrastados são bem indicados e capazes de mudar a conduta de forma relevante, devem ser realizados.

    Tempo de injeção do contraste:
  • Fase sem contraste: Pode ser suficiente para o diagnóstico de inúmeras patologias abdominais (litíase urinária, perfuração de vísceras ocas e obstrução intestinal), sendo a melhor oportunidade de detecção de calcificações e ateromatose. A densidade basal das estruturas é um parâmetro útil para a definição de captação de contraste;
  • Fase arterial: A imagem é adquirida 20-35 segundos após a injeção do contraste venoso. Útil na investigação de:
    • Lesões focais hepáticas hipervasculares;
    • Adenoma hepático;
    • Metástases hipervasculares;
    • Definição de abscessos;
    • Trombose arterial;
    • Aneurismas de vasos intracavitários;
    • Vigência de sangramento ativo gastrointestinal. [cms-watermark]
  • Fase portal: A aquisição da imagem é realizada 60-70 segundos após a administração do contraste, que passa a realçar o parênquima hepático e a veia porta. Muito relevante nos estudos das lesões hepáticas focais, esplênicas, pancreáticas e renais, bem como na trombose venosa esplâncnica. Momento em que se destacam as metástases hepáticas hipovasculares;
  • Fase de equilíbrio (ou tardia): A imagem é adquirida entre 90 segundos e 5 minutos após a administração do contraste. É uma fase importante para a avaliação de hemangiomas hepáticos e estudo do sistema coletor urológico.
Metástases Hepáticas
Hipervasculares Hipovasculares
Tumores neuroendócrinos
Carcinoma de células renais
Melanoma
Carcinoma de tireoide
Carcinoma de mama (minoria dos casos)
Adenocarcinoma:
colorretal, pulmonar, gástrico e pancreático.
Carcinoma de bexiga e tumores uroteliais.

Exame rápido (5-10 minutos) e relativamente disponível, não invasivo, indolor e com boa acurácia diagnóstica na maioria das patologias abdominais.

Protocolo sem contraste: Utilizado quando o pedido médico solicita investigação de cálculos renais ou ureterais suspeitos, diverticulites e apendicites não complicadas, ou quando o paciente tem alergia que contraindique a administração do contraste iodado.

Os eventos de hipersensibilidade imediata, embora incomuns (0,3-1,4%), são potencialmente graves. A maioria das reações é leve a moderada, de forma que as fatalidades são raras (0,0006%). Toda clínica de radiologia deve observar os pacientes por tempo mínimo de 15-30 minutos após a administração do MCI e estar preparada para o tratamento da anafilaxia. [cms-watermark]

Contraste venoso em única fase: E stadiamento de tumores sabidamente hipovasculares, pancreatite aguda, pielonefrite aguda (para avaliação de complicações, como abscessos) e coleções abdominais.

Protocolo hipovascular: Em geral, utilizamos para acompanhamento de tumores hipovasculares, controle de hematomas e avaliação de massas abdominais.

Protocolo hipervascular: Avaliação de lesões neoplásicas com padrão hipervascular (ex.: avaliação de tumores neuroendócrinos, tireoidianos, metástases de melanoma e células claras renais).

Protocolo de nódulos hepáticos: Avaliação de qualquer lesão hepática, incluindo os carcinomas hepatocelulares (CHC), adenomas hepáticos, hiperplasia nodular focal e hamangiomas. É mais bem realizada por meio dos estudos trifásicos.

Urotomografia: R ealizada para avaliação de lesões renais e investigação de hematúria. A fase excretora proporciona a identificação de estenoses ou falhas de preenchimento pelo contraste, que podem representar lesões luminais, como carcinoma urotelial, coágulos, tuberculose urológica e doença por IgG4, por exemplo.

Protocolo de trauma abdominal: Em geral, realizado um estudo contrastado em duas fases: fase portal, para avaliar lacerações nos órgãos, principalmente baço e fígado; e fase excretora (tardia), para avaliar lesões do trato urinário. Diante da suspeita de lesões vasculares associadas, deve-se estender o protocolo, realizando a fase arterial (traumas de alta energia ou pélvicos).

Protocolo de angiotomografia abdominal: Usado para avaliação de aneurismas, tromboses arteriais e outras lesões vasculares.

Protocolo de lesões adrenais: Lesões adrenais suspeitas, com densidade inferior a 10 UH, sabidamente são adenomas – nesses casos, somente [cms-watermark] a fase sem contraste é realizada. Nas lesões com densidade superior a 10U H, devem-se realizar fases mais tardias para adequada caracterização do nódulo, sendo o principal parâmetro a dinâmica de washout do contraste.

Protocolo de enterotomografia: Avaliação de pacientes com suspeita de doença de Crohn ou outras patologias do intestino delgado, como sangramento gastrointestinal de sítio obscuro, neoplasias (sobretudo linfoma), tuberculose intestinal e semioclusão intestinal. Utilizada grande quantidade de contraste oral neutro (polietilenoglicol, hidroxietilamido ou manitol), geralmente 1 L de solução administrado dura a hora que antecede ao exame.

Protocolo de colonografia virtual: Consiste na avaliação focada do cólon, indicada especialmente como alternativa à colonoscopia no rastreamento de neoplasias colorretais quando a progressão do colonoscópio pelas alças intestinais não foi possível devido à presença de alças fixas ou lesões estenosantes. O exame demanda preparo intestinal com dieta, medicações laxativas e a insuflação colônica por meio de sonda retal, na ausência de sedação. As imagens são adquiridas em decúbitos ventral e dorsal.

  • Gestação, pela exposição à radiação ionizante, sobretudo no primeiro trimestre;
  • Alergia grave ao meio de contraste;
  • Inviabilidade de transporte seguro para a realização do exame.

Alergias leve, moderada ou grave ao contraste iodado. Sempre realizar uma boa entrevista médica, incluindo antecedentes alérgicos do paciente.

Surgimento de incidentalomas de significado clínico questionável e que podem provocar insegurança, ansiedade e medo no paciente, além de condutas médicas equivocadas.

Autoria principal: Elazir Mota (Radiologia, especialista em Radiologia Pediátrica).

Revisão: Leandro Lima da Silva (Gastroenterologia e Endoscopia Digestiva).

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