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Troponinas - Quantitativo

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Definição: São uma família de proteínas globulares encontradas nas fibras musculares esqueléticas e cardíacas, responsáveis pela contração muscular, sendo composta por três tipos (T, I e C), cada qual com funções fisiológicas distintas.

Sinônimos: Troponinas de alta sensibilidade; Troponina ultrassensível; TropoUS; Troponina US; Troponina Ulta-sensível; Troponinas cardíacas; Troponina I; Troponina T; cTnI; TnI; cTnT; TnT; Troponina; hs-cTn.

Duas troponinas apresentam uma isoforma encontrada apenas (a Troponina T também pode ser observada em algumas miopatias) nas fibras musculares cardíacas, e, desse modo, são as utilizadas como marcador de injúria miocárdica: Troponina I cardíaca (cTnI) e Troponina T cardíaca (cTnT).

Por sua vez, a Troponina C (TnC) não é utilizada na prática clínica, já que sua isoforma cardíaca apresenta a mesma composição de aminoácidos em relação à encontrada no músculo esquelético estriado lento.

As troponinas são consideradas um biomarcador cardioespecífico, considerado o teste padrão-ouro no diagnóstico da síndrome coronariana aguda (SCA), apresentando alta sensibilidade e especificidade (após 7 horas de necrose miocárdica, sua sensibilidade é de 100%).

Os ensaios mais modernos de troponina (chamados de ultrassensíveis) são capazes de detectar concentrações circulantes ainda menores com relação aos convencionais. De maneira geral, os resultados nos kits utrassensíveis são expressos em "pg/mL" (ng/L), enquanto nos ensaios convencionais são apresentados em "ng/mL" (µg/L).

Suas concentrações séricas começam a aumentar de 2-6 horas após o evento cardíaco, com pico em 18-24 horas. Os níveis decaem gradativamente, retornando aos seus valores de referência entre 4-7 dias (Troponina I), e entre 7-10 dias (Troponina T).

Quando a Troponina de ultrassensibilidade está disponível, a solicitação de outros marcadores (ex.: CK-MB, CK e mioglobina ) é desnecessária.

    Indicações:
  • Diagnóstico e estratificação da síndrome coronariana aguda (SCA);
  • Avaliação prognóstica no pós-operatório, sepse e coronariopatas crônicos;
  • Investigação da toxicidade cardíaca por drogas;
  • Avaliação do sucesso da terapia trombolítica/reperfusão;
  • Diagnóstico de SCA no pós-operatório (Troponina I).

Como solicitar: Troponina US - Quantitativo; Troponina I US - Quantitativo; Troponina T US - Quantitativo.

Observação! O tipo de troponina ultrassensível detectada (I ou T) depende do tipo de kit diagnóstico utilizado pelo Laboratório Clínico (comercialmente o mais disponível é o que dosa a Troponina I).

  • Orientações ao paciente: não é necessário nenhum preparo específico;
  • Tubo para soro (tampa vermelha/amarela). A depender do kit diagnóstico utilizado, outros tipos de tubos podem ser utilizados (figuras 1 e 2);
  • Material: sangue;
  • Volume recomendável: 1,0 mL.
Texto alternativo para a imagem Figura 1. Tubo para soro - tampa vermelha
Texto alternativo para a imagem Figura 2. Tubo para soro - tampa amarela
  • < 10-20 pg/mL (faixa do percentil 99 em indivíduos saudáveis, na maioria dos ensaios);
  • Limite inferior de detecção: varia entre 1-5 pg/mL (a depender do kit diagnóstico);
  • É recomendada a utilização da unidade em pg/mL (ng/L) para os ensaios ultrassensíveis, bem como a dosagem seriada;
    • Observação! O s valores de referência, tanto para a Troponina I quanto para a Troponina T ultrassensíveis, variam de acordo com o laboratório clínico, kit diagnóstico e método utilizados.
  • Hemólise pode interferir nas dosagens, elevando ou reduzindo falsamente os resultados a depender do kit utilizado;
  • Anticorpos heterófilos, anticorpos monoclonais, fator reumatoide, imunocomplexos, altos níveis de bilirrubinas ou de fosfatase alcalina podem gerar resultados falso-positivos;
  • O uso de Biotina (Vitamina B7) pode interferir em alguns ensaios;
  • A Troponina I ultrassensível está disponível comercialmente em cerca de 20 kits diagnósticos diferentes, enquanto a Troponina T ultrassensível apresenta apenas um, cada qual com seu valor de referência, interferentes e limite inferior de detecção próprios;
  • Diversas patologias podem alterar suas concentrações (que não é exclusiva de lesão miocárdica isquêmica, podendo elevar-se em condições não isquêmicas ou não ateroscleróticas que causem alguma injúria miocárdica). Dessa forma, sua interpretação deve ser feita em conjunto com o contexto clínico e resultados de outros exames complementares;
  • Dado seu longo período de duração da elevação, o reconhecimento de casos de reinfarto pode ser prejudicado;
  • A introdução das metodologias ultrassensíveis permitiu a detecção de concentrações muito baixas de troponinas circulantes. Entretanto, essa característica fez com que aumentassem a quantidade de resultados falso-positivos (causas não coronarianas);
  • Existem ensaios qualitativos, convencionais quantitativos e os de ultrassensibilidade para a Troponina, sendo este último o de preferência de utilização. É importantíssimo conhecer qual é o tipo de ensaio disponível no serviço.
    Aumento:
  • Síndrome coronariana aguda (SCA);
  • Trauma;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Doença valvar;
  • HAS;
  • Hipotiroidismo;
  • Vasoespasmo coronariano;
  • Cateterismo;
  • TEP;
  • Sepse;
  • Queimaduras extensas;
  • Doenças infiltrativas;
  • AVE;
  • Rabdomiólise com injúria cardíaca;
  • Atividade física intensa;
  • Complicações de cirurgias não cardíacas;
  • IRC;
  • Asma severa;
  • Pacientes críticos;
  • Toxicidade cardíaca por drogas;
  • Sucesso da terapia trombolítica.

Diminuição: Não se aplica.

Autoria principal: Pedro Serrão Morales (Patologia Clínica e Medicina Laboratorial).

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